domingo, 13 de dezembro de 2009

2010 a seus pés!

Já faz um tempinho que rola um comercial bacana cuja pergunta inicial - “o que faz você feliz?” - recebe variadas respostas. A grande sacação (acho essa expressão uma sacação, tá ligado?) é o fato de mostrar que nossa felicidade está, geralmente, nas coisas mais simples da vida. Mas, por diversas razões, esquecemo-nos disso e cultivamos o mau humor, resmungando mais do que sorrindo. É verdade que há inúmeras razões para as lamentações (basta ler os jornais, ver o Domingão do Faustão ou ser torcedor do Botafogo), mas o Natal e 2010 se aproximam. Portanto, é tempo de esquecer o que de ruim passou. É tempo de relembrar as vitórias, as conquistas, o amadurecimento, o aprendizado.

Considerando a relatividade dos fatos, há quem celebre e há quem lamente diante da mesma realidade. A maioria comemorou a vitória do Rio como cidade olímpica. Eu lamentei, embora tenha ficado empolgado com a empolgação que empolgava quem, como eu, estava em Copacabana no dia do anúncio da vitória. Há quem vibre com as eleições, renovando as esperanças de políticos melhores e mais honestos. Eu anulo meu voto faz tempo e sou cético, extremamente cético, quando o assunto é política. Não consigo ver o trigo no meio do joio.

Mas tenho motivos de sobra para celebrar 2009. Apesar do saldo da minha conta corrente, o ano que está acabando foi generoso comigo, graças a Deus! E não estou falando isso porque o Flamengo sobrou enquanto os rivais pagaram mico. O quinto tricampeonato estadual conquistado em cima do Botafogo e o Hexacampeonato brasileiro vencido com raça inundaram meu coração de alegria, óbvio, mas digo que 2009 foi um ano bom porque passei por diversas experiências que me deixaram mais experientes (chocante, não é?).

Quer um 2010 generoso pra você também? Então, sem querer posar de exemplo pra ninguém, só queria sugerir o seguinte: disponha-se a aprender! Disponha-se a mexer com conceitos que impuseram a você, disponha-se a olhar com outros olhos quem pensa e age diferente de você, disponha-se a respeitar os contrários, disponha-se a se alegrar com a alegria do próximo, disponha-se a valorizar o que as pessoas têm de bom, disponha-se a refletir antes de falar, disponha-se a diminuir o ritmo, disponha-se a não embarcar nessa vida sem sentido que a gente vê nos personagens de novela, disponha-se a falar com Deus, disponha-se a ouvi-Lo, disponha-se a minimizar os defeitos do outro (são sempre menores que os nossos), disponha-se a julgar menos, disponha-se a dar menos sermão, disponha-se a olhar para si antes de ridicularizar alguém, disponha-se a estudar muito, disponha-se a ver menos TV, disponha-se a ler mais, disponha-se a celebrar mais, disponha-se a fugir da mesmice, disponha-se a rejeitar a acomodação, disponha-se a beijar apaixonadamente, disponha-se a abraçar com afeto, disponha-se a olhar nos olhos (vou tentar, vou tentar), disponha-se a perdoar de verdade (isso não significa compactuar), disponha-se a elogiar, disponha-se, enfim, a fazer novo em vez de fazer de novo.

A lista é grande? Pode ser, mas creio que, quanto maior a sua disposição, mais fácil será perceber que o que faz a gente verdadeiramente feliz está ao nosso alcance logo ali. E de graça!


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Comemorando o Hexa (parte 3)

Obrigado, Andrade!

Obrigado por conseguir fazer com jogadores medianos um grande time. Ainda que sem muito brilho, mas um grande time no que se refere ao empenho, à raça, à disposição de fazer valer o peso da camisa rubro-negra.

Obrigado pelas lágrimas derramadas após a vitória contra o Santos, lá na Vila, ainda no primeiro turno. Ali, quebrávamos um longo jejum e iniciávamos, silenciosamente, a caminhada rumo ao hexa. Foram lágrimas de alento, esperança, fé. Lágrimas de Homem!

Obrigado pelo talento a serviço do maior Flamengo de todos os tempos: o da era Zico. Você fez parte de um meio-campo inesquecível, de um time imbatível, de uma história inigualável.

Obrigado pelo sexto gol na goleada de 6 a 0 contra o Botafogo. Doce vingança!

Obrigado por ser o maior responsável pelo HEXA!
Obrigado, sobretudo, por servir de exemplo, pois, nos dias de hoje, tem sido raro separar competência e sucesso de arrogância e prepotência.

Seis vezes obrigado!

Comemorando o Hexa (parte 2)

MENGOOOOO, gritava eu na Rua das Laranjeiras, vindo do Maracanã após o Hexa. Eis que, de repente, perto da Rua Alice, vejo meu grande e sofredor amigo Wallace, vascaíno, e sua querida e sofrida esposa, Alessandra, que é tricolor.

- É Hexa!!! E aí, vieram comemorar? - foi a minha saudação.
- Flamenguista não sabe contar mesmo, né? – provocou ela.
- Ah, a história de 87 outra vez... Vem cá, vocês serão eternamente assim, invejosos, frustrados, recalcados? Isso faz mal! Vocês precisam superar esse trauma.
- Mas em 87, o campeão da CBF é o Sport! – resmungou o campeão da segundona.
- E o bom senso, o bom gosto e a verdade dizem o quê? Na boa, vocês são ridículos! Em 98, quando o Vasco venceu a Libertadores, encheram a paciência dizendo que conquistariam o Mundial no ano do centenário. Perderam a final já que vice é a especialidade de vocês e passaram a dizer que aquilo não era Mundial, era Copa Toyota. Pior do que ser incapaz de conquistar títulos é tentar desmerecer as conquistas dos outros.
- Mas o hexa foi comprado. Tá na cara que Corinthians e Grêmio abriram as pernas. – apelou o eterno vice, desta vez, reconhecendo o hexa.
- Ah, é verdade! E foram esses dois jogos, só esses dois que deram o título ao Mengão. As outras dezessete vitórias não tiveram importância alguma. Fico impressionado com a sagacidade de vocês.
- Mas quem fez bonito mesmo foi o meu Flu. Ninguém esperava. – desconversou a tricolor.
- Como assim “ninguém esperava”? A LDU já havia sido campeã no ano passado em cima de vocês.
- Não, palhaço! Eu tô falando da arrancada final que nos livrou do rebaixamento!
- Ah, sim! Puxa, então os três temos motivos para comemorar, não é? Mas temos que fazer um brinde proporcional à conquista de cada um. Wallace, campeão da segundona, vai de Tang de Laranja. Alessandra, livre da segundona, vai de Ki-suco. Eu, HEXACAMPEÃO BRASILEIRO vou de Dom Pérignon.

Comemorando o Hexa (parte 1)

Por hexa os rivais não esperavam. Deu Mengão no Brasileirão 2009. O Mengão do meu coração! O Mengão que possui a maior e mais apaixonada torcida do mundo, a torcida que faz a diferença! Torcedores do Botafogo, do Fluminense e do Vasco, reconheçam: é chato, muito chato não ser Flamengo!

Qualquer torcedor quer ver seu time campeão. Boas campanhas, centro de treinamento, finanças em dia, estádio bonito... tudo isso é bom e desejável, mas qualquer torcedor -qualquer um mesmo - troca o que for por um título. É de títulos que uma torcida vive. É de vitórias e glórias, principalmente as conquistadas sobre os maiores rivais.

O que predomina na história do mais querido do Brasil são as conquistas. Em todas as décadas fomos e somos superiores aos rivais. Nenhum de nossos tradicionais adversários conquista tanto. Nos últimos dez anos não existiu rivalidade no futebol do Rio; existiu disparidade.

O Flamengo venceu sete Estaduais (quatro contra o Vasco e três contra o Botafogo), uma Copa do Brasil (contra o Vasco) e, agora, o Brasileirão (o único carioca a conquistá-lo na era dos pontos corridos). Se somarmos todas as conquistas de Botafogo, Fluminense e Vasco na mesma época (incluindo a Segunda Divisão do Vasco), chegaremos a sete conquistas! Sozinho, o Flamengo supera os outros três rivais juntos! Isso deve incomodar.

Por isso os botafoguenses choram tanto. Se nos colocarmos no lugar deles, entenderemos o porquê de tanta lágrima. Além de não terem intimidade com levantamento de taças, estão comemorando o 15° lugar. É um clube com vocação para o fracasso!

Por isso os tricolores sofrem tanto. Se nos colocarmos no lugar deles, entenderemos o porquê de tanta angústia. Estão comemorando um 16° lugar (o que é até justo, dado o calvário de mais de 30 rodadas na zona de rebaixamento). Mas não deve ser fácil engolir dois vices para a LDU em pleno Maracanã. É um clube com vocação para o quase!

Por isso os vascaínos nos invejam tanto. Se nos colocarmos no lugar deles, entenderemos o porquê de tanta amargura. Além de eternamente vice para o Flamengo, acrescentaram ao currículo um título que carrega a marca da vergonha: campeão, sim! Mas da Segunda Divisão! É um clube com vocação para coisas de segunda!

Não se trata de arrogância de flamenguista. Sem hexa! Hexamine bem as histórias de cada clube. A paixão hexacerbada da torcida rubro-negra tem razão de ser. Não é hexagero. O Mengão hexala vitória! Por isso hexaltamos nossas conquistas!

Torcedores do Botafogo, do Fluminense e do Vasco, eu reconheço: somos chatos! Mas é muito mais chato não ser Flamengo!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Previsões Previsíveis para 2010

Antecipando-me aos charlatões e embusteiros que tentam adivinhar o futuro, prevejo, neste início de dezembro, os fatos mais marcantes do ano vindouro (bonita essa palavra, não?).

- Política

Serão poucos os escândalos envolvendo nossos deputados, senadores, governadores e quejandos (linda essa palavra, não?). Serão menos de cem denúncias sobre desvio de verbas, menos de duzentas acerca de superfaturamento em obras públicas, menos de trezentas a respeito de pagamento de propina e nem chegaremos a quinhentos casos de nepotismo, favorecimento ilícito ou falta de decoro.

Lula vai falar bobagens. Os candidatos à presidência vão falar mentiras. O eleitor brasileiro vai fazer bobagens e vai acreditar nas mentiras.

Você vai defender algum candidato a algum cargo. Mas esse candidato jamais vai fazer alguma coisa por você.

- Economia

Os bancos vão demitir.

Os bancos vão aumentar o valor das taxas existentes, além de criar outras.

O superávit primário, em consonância com os índices da GRFD, levará, apesar da queda dos valores atrelados ao IGPC-F, a uma elevação da taxa do IOMDC. Ou seja: você vai continuar endividado!

- Ciência e Tecnologia

Seu computador estará obsoleto. Seu celular também. Mas os dentistas continuarão a usar aqueles instrumentos pré-cambrianos.

- Esportes

O Botafogo não será campeão.
A torcida do Botafogo não vai comparecer aos jogos.
Galvão Bueno vai dar chilique nas transmissões dos jogos da Copa.
Falcão vai falar o óbvio nas transmissões dos jogos da Copa.
Se o Brasil vencer a Copa, Dunga será elogiado por não convocar Ronaldo Fenômeno.
Se o Brasil perder a Copa, Dunga será execrado por não convocar Ronaldo Fenômeno.
O Flamengo vai ser invejado pelos rivais cariocas.

- Cinema

Vêm aí: Rambo 7, Rocky 12, American Pie 14, Sexta-Feira 13 - parte 34, Jogos Mortais 9, além de mais uma superprodução americana sobre o fim do mundo “O último derradeiro terminal Apocalipse final”.

- Cultura Geral

O BBB 10 garantirá, no mínimo, três capas da Playboy.
Débora Seco será capa da Contigo!
Ivete Sangalo vai estrelar, no mínimo, dez comerciais de produtos diferentes.

- Transporte Público

O Metrô vai continuar caro, superlotado e demorado.

- Cidade

O Rio vai sofrer enchentes, desabamentos e tragédias similares.
O Rio vai sofrer “apagões”, e a Light não será punida.
As ruas da cidade continuarão sem asfalto.
Dobrará o número de indigentes e moradores de rua.
O trânsito vai piorar.
Sérgio Cabral continuará viajando.
Eduardo Paes continuará sorrindo.

- Educação e Saúde Públicas

Perdão, mas não posso falar sobre o que não existe.


sábado, 21 de novembro de 2009

Nem fim do mundo nem vampiro!


Não sei o critério utilizado pelos distribuidores de filmes para a escolha das datas de estreias nos cinemas. Faz pouco tempo, entraram em cartaz duas superproduções que devem bater recordes de bilheteria: 2012, mais uma história americana sobre o fim do mundo, e Lua Nova, a continuação do super-mega-ultra badalado Crepúsculo. Sem muito alarde, simultaneamente a esses dois blockbusters, também estreou 500 dias com ela (Days of Summer). Não vi os dois primeiros nem sei se vou ver, mas este último é uma delícia! Se eu fosse você, não perderia de jeito nenhum.

Trata-se de um filme brilhante, pois consegue ser pra lá de original mesmo falando de um tema pra lá de batido: ele e ela. É complicado escrever sobre um filme sem apresentar detalhes que “entreguem o final”. Admiro as raras sinopses que não adiantam quase tudo sobre a obra. Sem querer estragar eventuais surpresas, posso dizer que o filme fala de um jovem que se apaixona por uma mulher que – what a big surprise! – não acredita no amor!

Há muito a ser apreciado: a trilha sonora de demasiado bom gosto, os olhos da protagonista, os diálogos espertos, o roteiro não-linear, as várias cenas bem sacadas, a homenagem ao clássico “Annie Hall”, de Woddy Allen... Mas o que enche os olhos, o que marca mesmo é a maneira honesta de falar sobre algo quase sempre nocivamente idealizado ou lamentavelmente banalizado: esse tal do "amor".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

É (im)preciso saber viver

Recebi um e-mail com uma mensagem sobre “como aproveitar melhor a vida”. Era pra excluir direto, mas caí na asneira de abrir o arquivo. Depois do karaokê, o PowerPoint foi, sem dúvida, a pior invenção da história. Para intensificar o dano, as letras vinham à prestação, a música de fundo era do Kenny G e as imagens eram de cachoeiras, árvores e bichinhos meigos. Resumo da ópera: palavras torpes saíam da minha boca enquanto a tecla Pg Dn era pressionada freneticamente.

Por que as pessoas fazem isso? Incrível saber que há quem acredite nesses conselhos vagos e genéricos tipo assim: “faça novas amizades”, “pratique uma atividade física”, “cultive bons hábitos”, “escreva uma carta de amor” etc. Mais raso que filme da Xuxa, mais cafona que programa de auditório da Band e mais óbvio que vitória do Flamengo num jogo contra o Botafogo.

Na boa, qual o acréscimo que o destinatário recebe ao ler mensagens assim? Se aproveitar a vida fosse tão fácil, não teríamos o alarmante número de pessoas deprimidas que encontramos por aí. Se fosse simples, as farmácias não se multiplicariam. Se fosse banal como o maldito texto sugere, os terapeutas não trabalhariam tanto.

É certo que complicamos demais. É indiscutível que somos nossos maiores obstáculos. É inegável que vacilamos mais do que deveríamos. Mas sorriso de comercial de margarina e expressão de quem posa para Caras não me convencem. Os sucessos e os fracassos fazem parte da vida de todas as pessoas (ok, o torcedor do Botafogo só conhece o segundo caso). O que as distingue é a maneira como reagem a isso.

Uma pessoa que manda conselhos sobre “aproveitar melhor a vida” num PowerPoint com música do Kenny G cai em contradição. É mais ou menos como organizar uma comissão de ética no Senado.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vocês querem Mariah Carey?


Sou daqueles que gostam dos detalhes nas músicas. E aprecio com satisfação os chamados “backing vocals”. Ouvindo num fone bom – os que realçam os sons graves, os que possibilitam perceber todos os instrumentos -, fica melhor ainda. Foi assim que ouvi Mariah Carey pela primeira vez, cantando Anytime you need a friend, no álbum Music Box (ainda na época do vinil). Foi veneração à primeira audição.

Naquela época, Mariah era simples. Magrinha, jeitinho de menina, cantava e encantava fácil. De vez em quando, muito de vez em quando, fazia umas graças com a voz, alcançando tons altos com muita facilidade. Ouvindo Mariah hoje, fico com a sensação de que o sucesso fez um mal danado a ela. Das baladas e dos gospels, Mariah passou para algo entre o hip-hop e o rhythm and blues, mas o estilo é o que menos conta. O que incomoda, de fato, é o excesso.

Mariah virou “over”. Tudo nela transborda! O corpo “bombado”, a postura femme fatale e, principalmente, as demasiadas demonstrações das habilidades vocais nos extasiam rápido demais. Atualmente, ela está no topo da parada de sucessos com uma regravação de um clássico dos anos 80, do grupo Foreigner, I want to know what love is. A música é muito bonita, rola um coral estilo gospel no final, mas as firulas, os gritos e os gemidos de Mariah pontuando o refrão estragam a canção.

Era para ser o contrário. Via de regra, a maturidade traz a discrição, o comedimento, a classe. Os exageros são típicos dos novatos. A hiperbólica Mariah parece andar na contramão!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Pequena - que pena!

Faltam quatro rodadas para o término do campeonato brasileiro. Surpreendentemente, o Flamengo está em terceiro lugar, um ponto atrás do Palmeiras (o segundo) e dois atrás do São Paulo (o líder). Se considerarmos a matemática, são poucas as chances de o Flamengo conseguir o título. Se considerarmos o que vêm jogando os três times citados, são enormes as chances de dar Mengão Campeão.

Isso não significa que o Flamengo esteja jogando muito bem. Honestamente, acho que se trata de um futebolzinho meio insosso. Mas o que os dois times paulistas que estão à frente do Flamengo estão jogando é sofrível. Dá raiva! Palmeiras e São Paulo vêm tendo atuações abaixo da mediocridade e, se o futebol fosse um esporte justo, o título ficaria com o Flamen... Cruzeiro.

Mas o que me motivou a escrever este texto foi o resultado de uma pesquisa feita com torcedores do Botafogo. Explico: o Botafogo vai enfrentar São Paulo e Palmeiras e, para não correr grandes riscos de um novo rebaixamento – ele disputa contra Fluminense e Coritiba a última vaga para a Segunda Divisão -, o alvinegro tem que vencer as duas partidas. Todavia, vencendo os paulistas, o atual trivice carioca ajudará bastante o Flamengo. A pesquisa feita com os botafoguenses girava em torno da seguinte questão: você prefere escapar do rebaixamento, ajudando o Flamengo a ser campeão brasileiro ou ser rebaixado, evitando o título rubro-negro? Deu a segunda opção na cabeça! E com sobras!

Há outros fatores que foram ignorados pela pesquisa (de nada adianta Palmeiras e São Paulo serem derrotados se o Flamengo não vencer seus próximos jogos), no entanto fica claro que o nível de ridicularia da torcida do Botafogo – salvo raríssimas exceções - é insuperável.

Já cansei de ouvir que torcedor do Flamengo é ridículo porque “seca” os rivais, como se os rivais não secassem (e como!) o Flamengo. A eliminação do Flamengo na Libertadores por um time do México no ano passado foi motivo de carreata na Rua das Laranjeiras. Quando comemoramos a derrota do Fluminense na final da mesma competição, que, ao contrário de nós, eles nunca conquistaram, fomos execrados.

A gozação é saudável e bem-vinda. Faz parte do futebol tripudiar sobre o adversário derrotado. O torcedor do Flamengo não tem culpa de fazer isso com mais frequência do que os outros. Agora, preferir ver o time rebaixado a escapar da degola só porque isso beneficia o rival é prova cabal de que nada é tão pequeno quanto a pequenez da torcida do Botafogo.


domingo, 8 de novembro de 2009

sozinhos.com ou acompanhados.sem

Esta semana, ouvi de dois amigos, em dias diferentes, desabafos que considerei interessantes. Um, solteiro, mais jovem que eu, confessava que sua solteirice estava o deixando cansado. Ele reconhecia as vantagens de ser só, como por exemplo, não ter mulher lhe regulando a vida, ter o direito a largar a toalha molhada na cama, molhar a pia, poder variar o cardápio etc. Mas - disse ele - às vezes essa galinhagem cansa. “Este será o sétimo Natal e Réveillon seguidos que passarei sozinho”, lamentou. “Pegação o ano inteiro é bom, mas é duro não ter a quem beijar ou abraçar na chegada do novo ano.”, pranteou meu carente amigo.

Outro, casado há cinco anos, choramingava as agruras (“pranteou” e “agruras”? Eu escrevi isso mesmo?) da vida a dois. Ele me revelava a intenção de se separar da mulher com quem - disse ele - é impossível dialogar. “Mulher cansa!”, sentenciou. “Mulher é teimosa, chata, criadora de caso e, principalmente, ingrata”, asseverou meu oprimido amigo.

Não tenho vocação para ser psicólogo, embora já tenha recebido elogios por ser alguém que “sabe ouvir”. Talvez seja essa a razão que tenha feito meus dois amigos compartilharem seus problemas comigo. Eu os ouvi, claro, mas não pude ajudá-los de outra forma. Em se tratando de relacionamento a dois, sou tão entendido no assunto quanto a Vanusa é em relação à letra do Hino Nacional.

Mas, de alguma forma, penso que devemos parar com essa mania de considerar a vida que não temos como a melhor. A insatisfação é natural e funciona até como combustível para que ajamos e mudemos o que nos incomoda. Contudo, é fundamental aproveitar as vantagens da situação que vivemos, usufruir bastante o que está a nosso alcance, curtir o que é inerente à fase na qual nos encontramos. A vida de solteiro e a vida a dois são igualmente boas e ruins, embora eu prefira a segunda.

Trocar um churrasco com os amigos por um passeio no parquinho com as crianças pode ser uma boa se entendermos que aquele momento foi separado para aquela atividade. Deixar de ver um jogo na TV para acompanhar a namorada num jantar na casa de um parente dela pode ser interessante se... se... é... ah... peraí...peraí... hipocrisia tem limite!

"Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia
E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu"

domingo, 1 de novembro de 2009

Descolados & Deslocados

Conflito de gerações é algo cômico e... sério! Dependendo do ponto de vista, pode-se achar graça dos valores defendidos por uma pessoa mais experiente que nós, considerada um ser das cavernas muitas vezes. Mas, em outras situações, a falta de encaixe, a disparidade de padrões de conduta entre pessoas de gerações diferentes dá início a uma questão séria que envolve (in)comunicação. Falta, com frequência, boa vontade dos dois lados para que um entenda o contexto do outro.

Pensemos na geração que nasceu nos anos 30 ou 40 do século passado. O deslumbramento com o surgimento da TV, a rotina marcada por papéis bem definidos para homens – os provedores – e mulheres, as submissas. Tudo muito diferente dos dias de hoje, inclusive a ilustração aí de cima mostra como a questão da “autoridade” também vem mudando. Normalmente uma geração nega os valores da anterior, buscando impor outras formas de comportamento, que, por sua vez, serão contestadas pela geração seguinte. Isso é nítido nas manifestações culturais, por exemplo.

Mas o interessante ocorre quando alguém não se encaixa na sua própria geração. Experimenta-se a angústia de não se sentir “do grupo”, de parecer um extraterrestre, de ser tão diferente, que o termo “bizarro” parece cair como uma luva. E, para complicar, o deslocado tenta assimilar os valores da sua geração, faz força para aceitar o que “é normal”, mas o esforço é em vão. Não dá. Simplesmente, está fora de alcance. Você já se sentiu assim?

Quais os valores da sua geração que você não consegue compreender? Já se sentiu angustiado por querer ser “moderninho(a)”, mas quase morreu de ciúme? Já se flagrou totalmente sem jeito numa festa porque não compactuava com os hábitos da tribo predominante ali? Já arrumou barraco por defender princípios considerados pra lá de ultrapassados? Já passou pela sua cabeça que todos falam de você com um tom de deboche – ou pior: pena - porque o veem como um estranho? Seu velho!

E pode ser que ocorra o oposto. Você é o(a) avançadinho(a). Abaixo a caretice, você é alguém à frente da sua época, cultuando valores incompreendidos hoje, mas que serão normais daqui a pouco. Quem disse que é errado? Por que é errado? Você é praticamente uma Leila Diniz!

De uma forma ou de outra, paga-se caro por ser anacrônico!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os impostos são impostos pelos impostores

Aproveitando um texto no blog da Pri, trago à tona uma discussão: qual o preço que se paga para não se corromper? Faz alguns meses que fui motivo de chacota (alguém ainda usa essa palavra?) num dos cursos onde trabalho, pois revelei que não tenho carteirinha de estudante e, evidentemente, sempre pago ingressos no valor integral. Todos os professores e funcionários do curso (não são estudantes) riram e, entre outras pérolas, pude ouvir: “Então paga inteira, otário!”, “Larga de ser trouxa!”, “Você quer ser mais justo que o rei...”.

Após esses comentários, revelei também que não compro nem cd nem dvd pirata. Alguns professores que estavam ali lecionam Direito, mas não agem direito. Eles estimulam a pirataria. Havia mais de dez pessoas na sala e todas, exceto o “mané” aqui, usam carteirinha falsa para pagar meia entrada e adquirem produtos piratas. E dormem tranquilas.

O que leva o cidadão a burlar as leis? Alguns infringem a lei porque nem consideram o que fazem uma infração. Outros minimizam o erro, alegando que “não estão prejudicando ninguém”. A explicação mais usada é: “o governo nos obriga a agir assim”. É isso! A postura omissa do Estado, sonegando a nós o que é nosso por direito, legitima o ilegal. Esse é o raciocínio!

Pagamos impostos (muitos e caros) para que o governo conceda, entre outras coisas, saúde, educação, segurança. Mas, alguém aí recebe esses serviços do governo? A equação é simples: pagamos e não recebemos. O Estado nos rouba. Solução: pagar duas vezes (ao governo e aos particulares) ou “dar o jeitinho”, fazendo “gato” na instalação elétrica, na TV a cabo, pirateando produtos, falsificando documentos, fazendo caixa 2, estacionando em local proibido etc. Assim, cada um faz do jeito que acha mais justo. E, como todo mundo, de uma forma ou de outra, se corrompe, não pesa acusação.

Estou sendo simplista demais ou é isso mesmo? Raso demais ou essa é a verdade? Os esclarecidos e intelectuais bem que poderiam me ajudar a entender. Se o Estado não nos presta os serviços pelos quais pagamos, por que continua cobrando tantos impostos? E por que seria errado se não pagássemos mais? Pagar pelo que não recebemos é prova de bom comportamento ou demonstração de que somos subservientes?

Continuo “mané” ou procuro um retrato 3x4...?

P.S. - O título do post de hoje foi extraído da música “O leão contra o cristão”, do grupo Egotrip.

domingo, 25 de outubro de 2009

Perdão, mas eu não consigo perdoar!

Geralmente, quando um crime choca a sociedade, no calor do acontecimento, ainda sob o efeito devastador da tragédia, emitimos opiniões recheadas de ódio pelo(s) criminoso(s), inflamadas de desejo por vingança. Sensibilizamo-nos com a família da vítima e revoltamo-nos contra o(s) assassino(s). Sentimentos intensos, que são aplacados com o tempo. Até porque, infelizmente, outra tragédia não tarda a chegar para substituir a anterior.

Há uma semana, no centro do Rio, o coordenador do AfroReggae, Evandro, foi covardemente assassinado. O grupo se destaca pelo trabalho social desenvolvido nas comunidades carentes. Ao ler a notícia, fiquei bastante triste. Ao saber os detalhes que ocorreram após o crime, fiquei revoltado. Resolvi não comentar porque estava como descrito no parágrafo aí de cima. Mas estou preocupado, uma vez que um sentimento ruim não me abandona: tenho desejado ardentemente a morte – com requintes de crueldade – dos policiais que não só negaram socorro à vítima como também liberaram o assassino em troca de um par de tênis e uma jaqueta.

Que espécie é essa? O que faz um ser humano tirar a vida do outro por causa de uma jaqueta? Mas, sobretudo, o que explica um policial se comportar como o cabo Marcos Oliveira e o capitão Dennys Bizarro? Escapa à minha compreensão uma pessoa agir assim. Na boa, gostaria que antropólogos, sociólogos, psicólogos tentassem responder a essa indagação. Existe alguma ciência capaz de explicar essa brutalidade?

Mas, como disse lá em cima, estou menos preocupado com a explicação do que com o que sinto desde terça-feira. Sei que não sou melhor do que ninguém, que não devo alimentar ódio, que não tenho o direito de julgar e condenar. Isso tudo é sabido, mas também é teórico pra cacete! Fica lindo no discurso. A gente sai bem na foto. Mas confesso que tem sido mais forte que eu a vontade de ver esses dois canalhas sofrerem muito, mas muito mesmo, até a morte. Não consigo ler ou ouvir as notícias sobre o caso sem sentir repulsa, nojo, aversão por esses dois policiais.

Fico curioso para saber o que faz um advogado de defesa num julgamento de pessoas assim. O que amenizaria o crime absurdo que esses energúmenos cometeram? O que pode ser usado para atenuar a mais explícita manifestação de desumanidade? Qual a pena justa (existe?) para esses abjetos?

Honestamente, queria pensar diferente. Queria ser mais racional, maduro ou mais bem preparado para analisar esse episódio com outro olhar. Sinto inveja dos elevados de espírito. Mas, de terça-feira até hoje, tenho encontrado muita dificuldade para entender como esses dois policiais boçais podem ser enquadrados na categoria “ser humano”.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Vai ser bom, não foi?

Priscas Eras

Carta de Lourdinha para uma amiga:

Querida Virgínia, ontem eu e Rodolfo passeamos pela Quinta da Boa Vista. O encontro foi alvissareiro, pois, em alguns momentos, ele até pegou nas minhas mãos. Temo que tenha ruborizado, mas, se ele percebeu, disfarçou bem e não comentou. Caminhamos e conversamos muito. Ah, amiga, esse engenheiro está fazendo meu coração bater acelerado. Já faz dois meses que nos conhecemos e só penso no dia em que trocaremos o primeiro beijo. Acho que se eu puser o vestido que Tia Ifigênia me deu vai ser batata. Tu concordas comigo?

Com carinho
Maria de Lourdes

Resposta de Virgínia:

Querida Lourdinha, alegra-me o coração tomar ciência de teus progressos com Rodolfo. O vestido que ganhaste de tua tia, de fato, é supimpa. Creio que o engenheiro ficará entusiasmado e pedir-te-á em namoro a teus pais. Crê nisso, aquieta-te e aguarda a iniciativa dele. Não te precipites!

Com carinho.
Virgínia

Tempos Modernos

MSN entre Val e Rê:
- migaaaaa?
- oiê...
- e aí, rolou?
- claro, né?
- e?
- d +
- ah q inveja...
- tava xapada, né?
- axei q vc tava no brilho só.
- ahauhahaua... bebi todas...tava de vibe.
- como é o nome dele mesmo?
- ih, miguxa, isquici...
- caraca, mulé, vc é loca...
- ah, o carinha era manero...isso q importa
- meu peguete naum me respondi mais
- quem manda fazer jogo duro?
- pow, mas a gente so saiu treis vezes...
- intão, vc n deu, perdeu, sem noçaum
- fazê o q, né?
- e hj?
- ah, sei lá, bora pra pista...
- partiu...





domingo, 18 de outubro de 2009

O sucesso das listas

Você gosta de fazer listas? “Tipo assim” as dez melhores frases que já ouviu, os dez melhores filmes a que assistiu, as dez melhores novelas que acompanhou etc. O número dez é só uma sugestão. Pode ser uma lista de cinco ou quinze. Se você é chegado, sugiro o livro aí do lado. Impressiona o número de listas (das mais interessantes às mais idiotas, como, por exemplo, “celebridades brasileiras que têm tatuagens”) arroladas (linda palavra!) na publicação.

Mais específico é o livro “10+ do cinema”, no qual o autor, Denerval Ferraro Júnior, apresenta 51 listas relacionadas a filmes, com categorias interessantes como “os dez maiores vilões” (vitória incontestável de Hannibal Lecter). Tem também os dez melhores filmes sobre tribunais e “Doze homens e uma sentença” encabeça a lista. Artur Xexéo, nas três últimas colunas publicadas em O Globo, vem organizando uma lista dos filmes mais tristes, aqueles que nos fazem chorar.

Há bastante tempo na lista dos mais vendidos, o livro que lista os 100 livros mais importantes de todos os tempos também merece uma olhada. É um pouco frustrante perceber que não li nenhum dos dez primeiros. A Bíblia Sagrada - que na verdade é uma reunião de vários livros – aparece em 41° lugar. Desconheço o critério utilizado pelos autores para a classificação apresentada.

Não comprei nenhum desses livros, apenas passeei por suas páginas em algumas visitas às livrarias. Você pode fazer o mesmo. Ou, melhor ainda, você pode fazer as suas próprias listas. Critérios estabelecidos por você, de acordo com sua formação, com seus valores, com sua visão de mundo, permitirão listas interessantes. Veja o filme “Alta Fidelidade”, com John Cusack, e você nunca mais vai encarar uma lista do mesmo jeito. Eu resolvi fazer a minha (uma só, por enquanto). A seguir, apresento os dez melhores filmes que já vi. Essa lista pode mudar amanhã. Concordem ou discordem à vontade, só não me exijam coerência.

1- Amores Brutos – Fiquei grudado na cadeira do cinema (UFF) durante a exibição dos créditos finais. Passei a noite em claro de tão chocado que fiquei. É triste. É forte. É desalentador.

2 – Closer – Uma das melhores atuações da Natalie Portman, na melhor história sobre “sexo verbal” do cinema. Chegar perto demais de quem amamos pode ser o início do fim desse amor.

3- Match Point – Ponto Final – Eu não posso falar do Woody Allen com imparcialidade. Mas esse filme foi apreciado até pelos que não gostam do autor. Além de ter a Scarlett Johansson, o roteiro beira à perfeição. A frase inicial é emblemática: “Eu prefiro ter sorte a ser bom”.

4 – Desconstruindo Harry – Outro dele. Esse eu incluí na lista pela antológica cena em que Allen, descendo o elevador do inferno, vai passando pelos andares destinados aos condenados: o elevador para, e uma voz informa “segundo andar: advogados... terceiro andar: jornalistas...lotado!

5 – Antes da Chuva – Uma aula de narrativa, discutindo, entre outras coisas, a relação entre religião e amor. Genial!

6 – Cinema Paradiso – Talvez, revendo esse filme hoje, ele seja excluído das lista. Mas, pelo impacto que me causou na época, tá dentro.

7 – Fim de Caso – A música de abertura arrepia. E tem a Julianne Moore. Uma história de amor aparentemente simples. Mas as aparências enganam...

8 – Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança – Pela Kate Winslet e pelo roteiro.

9 – Irma La Douce – Como a lista está repleta de dramas, incluí essa comédia para suavizar. E seria injusto não aparecer nenhum filme do genial Billy Wilder. Uma pena que o cinema não nos ofereça mais filmes assim.

10 – Montros S.A. – Fiquei na dúvida se fechava a lista com um filme da Pixar ou um nacional. Depois, a dúvida foi acerca de qual dos espetaculares filmes da Pixar seria o eleito. Como passei vários bons momentos vendo e revendo esse filme com minha filha Luíza, a vaga é dele.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Amanhã, hoje será ontem

O Globo publica diariamente no Segundo Caderno uma seção chamada Há 50 anos. Trata-se de um Box em que são destacadas as notícias mais importantes publicadas pelo jornal meio século atrás. Às vezes me surpreendo com o que leio ali. E sempre temi – o temor só aumenta com o passar dos anos – o dia em que eu encontrar uma notícia da qual eu me lembre.

Como ainda falta mais de uma década para eu chegar aos 50, pensei em reduzir o tempo da seção à metade. Se fosse Há 25 anos, seria possível encontrar expostos ali fatos que presenciei. Sem muito esforço, busquei na memória – e na Internet – as notícias mais importantes de 1984.

Em 1984, não havia eleições diretas para presidente (começava o movimento Diretas Já). Ninguém tinha computador em casa. Não havia o Sambódromo nem a Linha Vermelha, nem a Amarela. Não havia TV por assinatura nem controle remoto. Você se lembra da Alemanha Ocidental e Oriental, da União Soviética, do comunismo? A lista de esquisitices é longa! Mas o que de fato chama minha atenção é a intensidade das mudanças. Vamos voltar no tempo. Estamos em 1984 e um sujeito diz que Lula será Presidente da República, eleito pelo povo, por duas vezes consecutivas. Delírio, não? Alguém imaginava o celular em 1984? O DVD? O mp3? O I-Phone? E quem supunha que o Fluminense (campeão brasileiro daquele ano) seria rebaixado três vezes consecutivas? Incrível, não?

Depois de examinar o que acontecia no Brasil e no mundo há duas décadas e meia, fiz o caminho inverso e imaginei o que poderá acontecer daqui a 25 anos. Por mais criativo que eu tente ser, sei que minha capacidade de fazer previsões passa longe do que de fato será fato. Mesmo assim, resolvi dar asas à imaginação. Eu sei que parecerei um lunático. Um tolo. Um mentecapto. Mas se você se dispõe a ler o que escrevo, você não é tão diferente de mim.

Em 2034, será possível substituir qualquer parte do corpo com uma pequena-micro-mini-cirurgia. Está insatisfeito com seu cotovelo? Troque! Qualquer mulher com mais de 33 quilos será anormal. O barulhinho do motor do dentista será algo obsoleto, só haverá tratamento a laser. Na política, um dos filhos do casal Garotinho-Rosinha será nosso Presidente. Na TV, Supla vai apresentar um programa sobre Filosofia. Será proibido ensinar Análise Sintática nas escolas. Sasha será Helena na nova novela de Manoel Carlos. O Fluminense voltará à primeira divisão. As ruas do Rio serão asfaltadas. A Nativa FM sairá do ar. O brasileiro vai se orgulhar do Congresso... do Zimbábue.

E os professores serão respeitados, recebendo salários dignos... ops! Acho que me excedi. Melhor parar por aqui.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Não choro por ti, Argentina!

Você quer a Argentina dentro ou fora da Copa? Amanhã, no Estádio Centenário, em Montevidéu, os argentinos decidem sua sorte contra os uruguaios. Vencendo ou simplesmente empatando a seleção dirigida por Maradona estará na África do Sul ano que vem. Se perder, tudo vai depender do resultado entre Chile X Equador, em Santiago. Se o Equador vencer, a Argentina (derrotada no Uruguai) estará eliminada; se houver empate ou vitória do Chile, os “hermanos” disputarão uma repescagem contra Honduras ou Costa Rica.

Eu fui fã do Maradona (jogador) e aprecio muito um futebol bem jogado. Para a Copa, é melhor um jogo da Argentina do que um jogo do Equador ou do Uruguai. E, reconheçamos, a Argentina tem jogadores que enchem os olhos como Messi e Verón, por exemplo. Uma Copa sem a Argentina representa menos tempo em frente à TV, significa exercitar menos nosso ofício de secar os eternos rivais. Portanto, eu quero que a Argentina vá à Copa? DE JEITO NENHUM!

Seria a realização de um sonho vê-los eliminados. Eles merecem. Principalmente Maradona. Pela empáfia, pela arrogância, pela soberba, Maradona merece cair do cavalo. E, se ocorrer, será uma queda para entrar na história. Desde aquela presepada que ele fez num programa de TV, chamando os brasileiros de trouxa porque beberam água “batizada” no duelo da Copa de 90 (a Argentina eliminou o Brasil), tenho um prazer cada vez maior quando a Argentina perde.

Com os pés no chão, acho pouco provável que o Equador vença o Chile, por isso, creio que são boas as chances de a Argentina se classificar. Mas sou torcedor. E torcedor não pode ser racional. Uma pena que não poderei assistir ao jogo, pois estarei trabalhando. Ou melhor, tentando trabalhar. Meu corpo estará na sala de aula, mas voltarei meu pensamento para Montevidéu e Santiago, torcendo fervorosamente por uruguaios e equatorianos. Amanhã é dia de secar! Secar muito! Tomara que dê tudo certo e eu consiga voltar para casa a tempo de ver a entrevista coletiva de um abatido Maradona tentando justificar a eliminação. Será impossível conter as gargalhadas...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fase Zen ("Zen" paciência...)



1 – Chove lá fora. Você caminha pelas ruas tentando alternar as olhadas para o chão para escapar das poças (existe alguma calçada em algum lugar do Rio de Janeiro que não tenha buraco?) com as olhadas para frente, pois os idiotas que vêm em sentido contrário não levantam o guarda-chuva, creio eu que a intenção seja a de furar seu olho. Aliás, por que as pessoas que estão com o guarda-chuva insistem em andar sob as marquises, prejudicando quem está sem?

2 – Escada rolante - Será que antes do ano 2040 as pessoas vão aprender que o lado esquerdo da escada rolante deve ficar LIVRE para quem está com pressa? Por que as pessoas atrasam tanto o lado dos outros?

3 – Caixa de supermercado – Além de lidar com atendentes grau máximo no quesito mau humor, é insuportável suportar o cliente que gruda atrás de você como se um centímetro de distância representasse que ele está fora da fila. Que mania é essa de despejar os produtos do carrinho na “esteira” antes que os seus produtos sejam registrados? Por que as pessoas são tão sem educação? (Já estou imaginando a reação da Pri.)

4 – Sistema de som do Maracanã – Na boa, alguém consegue entender, decifrar, desvendar o que é dito durante os jogos? Por que o Maracanã tem um som tão ruim?

5 – Propaganda de loja de eletrodomésticos – Pode ser Ponto Frio, Casas Bahia, Ricardo Eletro... tem sempre um locutor ou – o que é pior – um garoto-propaganda gritando as ofertas como se ser surdo fosse atributo indispensável para se tornar um cliente. Proponho entrarmos nessas lojas perguntando os preços e as condições de financiamento dos produtos no mesmo volume.

6 – Promoção de Drogarias – Quem estabeleceu que o locutor que anuncia as ofertas das farmácias tem que fazer aquela voz de pseudo-Wando? E por que todo mundo imita isso?

Foi só para descarregar, ta? Já estou mais leve. Até porque tem coisa muito pior que essas aí de cima: torcer pelo Fluminense, por exemplo...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O valor da música


O que você aprecia mais numa música? A letra? O arranjo? O ritmo? O gênero? Mas o que caracteriza uma boa letra? A originalidade? A profundidade? O que precisamos encontrar numa letra para ela ser considerada profunda? E o arranjo? É bom ou ruim segundo que critérios?

Na adolescência eu tocava bateria. Era sofrível, mas dava pro gasto, considerando que quem ouvia gostava muito de mim ou não entendia nada de música (talvez as duas coisas). Toquei no casamento do meu irmão, o que prova o quanto ele não levou a sério a cerimônia. Meus julgamentos acerca do que era música boa ou não, quase sempre, eram sustentados no que o baterista fazia. Nem aí pra letra. Se o batera era fera, a música valia a pena.

Mais tarde comecei a considerar outros aspectos. Letras com as quais eu me identificava começaram a ser apreciadas. Depois comecei a admirar as guitarras. Solos de guitarras me conquistavam. Em casa, diferentemente da maioria, eu paro para ouvir música. Ou seja, não ouço enquanto faço alguma coisa; eu paro, ouço e presto atenção a vários detalhes, geralmente recorrendo ao fone para apreciar melhor as melodias, os instrumentos, as vozes. Músicas já várias vezes ouvidas ainda me surpreendem quando percebo uma novidade.

Mas há respostas para as perguntas lá de cima? Por que uns adoram determinados artistas que são odiados por outros? O que a galera vê demais naquela banda que você detesta? O que faz você venerar ou simplesmente apreciar certos profissionais da música? Em época de respeito à pluralidade (pelo menos em tese), revelar desprezo por certos gêneros ou artistas pode não cair bem. Pois eu acho que isso é frescura. Manifestar o que preferimos ou preterimos é bem diferente de ser preconceituoso.

Definir se a música é boa ou não é pra lá de subjetivo. Dependendo do momento em que nos encontramos, o que era bom pode soar péssimo e vice-versa. Se a música faz você se emocionar, aproveite! Se leva à sua memória momentos especiais vividos com alguém, reviva! Se faz seu coração bater num ritmo diferente, curta! Se concede a você inéditas experiências sensoriais, liberte-se! Se mostra o lado bom da vida, celebre! Ouça música com outros olhos! Viva a música!

domingo, 4 de outubro de 2009

Ouvindo a ouvinte

Estava atrasado para o trabalho, recorri ao táxi. Percebi que o motorista escutava no rádio uma "estação gospel". A música executada era mais uma daquelas melodias de gosto duvidoso, com uma cantora tentando alcançar o tom mais alto possível - o popular "esganiçado". Entrando no túnel Rebouças, não foi mais possível ouvir aquela ladainha, o que me deixou aliviado. Quando saímos do túnel, o locutor anunciou a hora da participação do ouvinte. Perguntas seriam feitas e, acertando as respostas, o participante receberia brindes como camisa, boné, chaveiro. Após o papo inicial para identificar a "irmã" que estava ao telefone, começaram as perguntas e um tique-taque "frenético" ao fundo para mostrar o tempo.

Primeira pergunta: “Irmã Rejane, dê o nome de, pelo menos, três discípulos de Jesus.” Confesso que não ouvi direito a resposta – o motorista do táxi, bem original, começou a divagar sobre o tempo -, mas, pouco tempo depois, o locutor disse “quase que erra, hein, irmã Rejane.” Vamos à segunda pergunta: “qual o nome do monte onde Moisés recebeu as tábuas da Lei?” A “irmã Rejane” demorou, reclamou, lamentou, apelou e, aos 44 do segundo tempo, com a ajuda do locutor, acertou: Sinai. Rolou mais uma pergunta, mas também não percebi qual era porque o taxista resolveu expor um tratado sobre os buracos das ruas do Rio. Aí veio a derradeira questão. Se a “irmã Rejane” acertasse, levaria todos os brindes. Quanta emoção!

Locutor: “O pai do rei Salomão foi Davi. E quem foi a mãe?” A “irmã Rejane” entra em pânico: “Ah, essa é muito difícil, ajuda aí... por misericórdia, dá uma dica!”, e o locutor fazendo aquele clima, criando suspense e botando pilha, enquanto a ouvinte só se desesperava. “Vai acabar o tempo, irmã, qual é a resposta?” “Ah, eu não sei, fala a primeira letra!” O locutor, onomatopeico, diz: “Bé... Bé... Bé.” E a ouvinte, histérica, repetia e perguntava: “Bé o quê?” “Bé o quê?” “Vamos, irmã, vai acabar o tempo. A mãe de Salomão foi Bé, Bé, Bé...”. “Ah, mais uma chance, moço, mais uma dica”, suplicou a “irmã Rejane”. Num ato de extrema benevolência, o apresentador facilita: “Bete, Bete, Bete...”. E a “irmã Rejane” não titubeia: “Bete Frígida”!

Calma, irmã, calma! Assim você me machuca!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quem vence se o Rio vencer?

A realização dos Jogos Olímpicos no Rio traria mais benefícios ou prejuízos para o cidadão carioca? Há dois exemplos recentes que demonstram o lado bom e o lado ruim dessa história.

O lado bom: Barcelona, 1992. Foram tantas as melhorias por lá que alguns dividem a história da cidade em “antes das Olimpíadas” e “depois das Olimpíadas”. Foi uma revolução em infraestrutura. Respeitando o orçamento de US$ 6 bilhões, Barcelona foi preparada para os Jogos e foi reconstruída, com monumentos restaurados e considerável melhoria nos transportes públicos, incluindo a expansão das linhas de metrô. Até hoje, a cidade colhe os frutos por ter sediado a maior competição esportiva do planeta.

O lado ruim: Atenas , 2004. Foram gastos US$ 16 bilhões e a cidade não aproveitou praticamente nada do que foi feito ou reformado. São várias as construções que só foram exploradas durante a competição, algo bem parecido com o que ocorre aqui depois do Pan. Falando nisso, talvez o Pan 2007 sirva como referência.

O orçamento inicial era de R$ 720 milhões, mas – surpresa! – no final, segundo a versão oficial, gastamos R$ 3 bilhões!!! Obras superfaturadas, sem licitação (sob a alegação de que era preciso cumprir os prazos e, assim, não haveria tempo para que todos os “trâmites” fossem respeitados) e, no fim, o que melhorou na vida do cidadão carioca? O custo compensou os benefícios? Aliás, quais são mesmo os benefícios? Se alguém citar o Engenhão, eu imito o torcedor do Botafogo e choro!

O orçamento para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 é de R$ 30 bilhões. Ou seja, gastaremos, por baixo, uns R$ 70 bi para promover um evento que - conforme o que vimos após o Pan - não deixará legado. Pode ser interessante frustrar os paulistas que estão secando. Pode rolar até uma massagem no ego morar numa cidade que vai sediar o maior evento esportivo do mundo. Mas alguma coisa me diz que existem pelo menos dez coisas mais importantes que poderiam receber o mesmo investimento, trazendo muito mais benefícios para a população, como educação, saúde e segurança, por exemplo. Mas achar que vão investir nisso já é ingenuidade demais da minha parte...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Uma atriz completa


Ouvi falar dela pela primeira vez em 1998. Era a sua estreia no cinema e, de cara, uma estreia como protagonista. Foi no filme A Ostra e o Vento que Leandra Leal começou a mostrar um talento que encanta e cativa cada vez mais. De lá para cá são inúmeros sucessos, vários papéis marcantes em uma carreira pontuada por escolhas certas. Três trabalhos recentes - no cinema, na TV e no teatro - serviram para minha admiração se transformar numa quase veneração.

Em Nome Próprio, filme de Murilo Salles, Leandra Leal é onipresente na tela. Todas as cenas giram em torno dela. Interpretando uma jovem que pratica a “autoexposição intensa” em um blog, sem qualquer pudor, Leandra faz um papel que poucas atrizes teriam coragem e, principalmente, competência para fazer. É impossível relaxar vendo cenas que retratam alguém tão “over”, bebendo e fumando o filme inteiro, numa atuação (clichê, aqui vou eu) visceral!

Em Decamerão – A Comédia do Sexo, de Jorge Furtado, ela interpreta Isabel, esposa de Filipinho, papel de Daniel de Oliveira (rapaz de sorte). A série exibida pela Globo tem texto e direção fantásticos, elenco recheado de feras como Lázaro Ramos e Matheus Nachtergaele, e uma Leandra Leal linda, discreta e tímida, ensinando a muita mulher que é possível (e desejável) ser sensual sem ser vulgar. Espetacular!

Em Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, ela dá vida à Alaíde, a protagonista, que é vítima de um atropelamento e, enquanto é atendida no hospital, transita pelos planos da alucinação, da memória e da realidade. Confesso que tentei, mas foi impossível olhar para outra coisa no palco. Esbanjando talento, beleza e graça acima da média, Leandra Leal hipnotiza, fascina e emociona!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ao Douglas com carinho

Reencontros são, quase sempre, surpreendentes. Esta semana, revi um amigo de faculdade. Lá se vão alguns anos e fiquei feliz por restabelecer contato com alguém com quem dividi bons momentos no ambiente universitário. O papo de sempre: “E aí, tem visto alguém da turma?”, “Tá fazendo o quê?”, “Casou?”, “Separou?” etc.

Seria só mais um reencontro se não fosse o comentário dele no final da conversa. Eis um breve, sintético e sucinto resumo: “Rapaz, li seu blog. Honestamente, você tá rabugento demais, só reclama. E os textos estão meio rasos, nada muito consistente... você é capaz de fazer melhor ou pelo menos era na época da faculdade.”

Refletindo sobre as considerações de meu outrora amigo, percebi que ele estava certo. Vamos falar de coisas mais sérias, tratar de temas que podem contribuir para um mundo melhor. À meia dúzia de três que frequenta este espaço peço desculpas, mas o post de hoje é para meu calvo e barrigudo ex-colega. Pondo para fora o conhecimento por mim absorvido na época da faculdade de jornalismo, seguem assuntos relevantes para a nossa sociedade seguidos de profundas considerações.

Cauã Reymond faz laboratório para viver gay em filme

Tô bege!

Claudia Leitte fará participação especial em Malhação

Tira o pé do chão!

Glória Maria quer desfilar com Bruno Gagliasso

Ahuahauahauaha!

Filha de Angelina Jolie e Brad Pitt aparece banguela

Que fofa!

Após noite de núpcias, Dado Dolabella descansa na varanda do hotel

Contemplando a Lua(na), véio?

Fãs fazem fila para comprar ingressos de documentário sobre Michael Jackson

Nada a ver!

Jonas Brothers lançam desafio no Twitter: fãs gravam clipe da nova música

U-hu!

Vou me esforçar para ser mais sucinto nos próximos comentários, ok?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Money, money, money...

Respondendo ao meu protesto contra o cartão amarelo recebido por Adriano – leia o “post” anterior logo abaixo -, vários leitores (deslumbramento), dois leitores (realidade), mais precisamente Pri e Demitrius, elucidaram a questão: trata-se de uma regra baseada numa exigência dos patrocinadores. Afinal, tirar a camisa é não exibir a marca estampada ali, é ocultar o patrocínio. Fiquei menos chocado com minha ignorância do que com o poder exercido pelo marketing no futebol.

De fato, tudo é business! Então, já que não podemos vencer os ambiciosos homens de negócios, juntemo-nos a eles! Se o nome do patrocinador não pode deixar de ser exibido por alguns segundos na comemoração de um gol, vamos radicalizar. Vamos explorar tudo que puder ser explorado. O gol é um detalhe – Parreira tem razão. Nada importa a não ser a marca. Vamos agregar valores e estabelecer uma comunicação expansiva com o cliente. Isso se coaduna com as exigências do mercado.

Podemos começar com o próprio cartão amarelo. Assim que for mostrado ao atleta, close nele (no cartão) e, no telão do estádio ou na televisão da nossa casa, veremos a marca de um protetor solar, por exemplo. No cartão vermelho, propaganda de uma financeira: “Não fique no vermelho, a Enfortex empresta dinheiro com juros que vão deixar a concorrência vermelha de vergonha”. Nas traves, propaganda de adoçante para realçar a beleza das mulheres magras. Nas arquibancadas, nada de setor verde, setor amarelo. Isso já era! Um dos setores pode ser patrocinado por uma marca de óculos: “Aqui você enxerga melhor cada detalhe”... Os auxiliares carregarão bandeirinhas patrocinadas por estimulantes sexuais “Para levantar na hora certa”. Até no apito do juiz haveria patrocínio. Imaginem: antes de encerrar a partida, o árbitro faz um sinal e o diretor de imagem ordena um close no apito com o anúncio de uma Igreja Cristã: "O fim está próximo, estás pronto para o Apocalipse?" Se bem que é um texto extenso demais para um objeto tão curto, mas o pessoal do marketing haverá de dar uma solução para isso.

É constrangedora minha vocação para fazer propaganda. Beira o ridículo, eu sei. Mas punir um atleta porque ele deixou de exibir o nome do patrocinador estampado na camisa por breves segundos é dez vezes mais patético.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A regra é clara... e burra!

Eram decorridos 13 minutos do segundo tempo. Aproveitando um lançamento primoroso de Pet, Adriano supera o zagueiro adversário na corrida e com um lindo toque faz a bola encobrir o goleiro do Coritiba e morrer no fundo do gol. Golaço! Gol de artilheiro! A Nação Rubro-Negra vai à loucura no Maracanã. Adriano também. Ele dispara em direção à torcida e tira a camisa antes de demonstrar toda a sua euforia pelo que acabara de fazer. Um lance digno de muita comemoração. Mas, ao retornar para o campo de jogo, Adriano recebeu cartão amarelo. O juiz da partida simplesmente aplicou a regra. Eis o “x” da questão.

O sujeito que estabeleceu esse tipo de punição é desprovido de bom senso. É, com toda certeza, gente que nunca fez um gol na vida. Que nunca frequentou uma arquibancada. Trata-se de alguém frustrado, recalcado. Alguém que se incomoda com a alegria alheia. Ou há outra explicação para essa sandice? Punir um atleta porque ele tirou a camisa ao comemorar um gol é grotesco, é tosco!

Qualquer um sabe que o gol é a razão de ser do futebol, exceto o Parreira, que afirmou ser apenas um detalhe. Qualquer um que já jogou uma pelada sabe que comemorar um gol não é algo para ser feito comedidamente. Fazer um gol legitima ao artilheiro uma comemoração livre de protocolos. E não foi um gol qualquer. Não foi num estádio qualquer. Não foi diante de uma torcida qualquer. Foi um golaço, no Maracanã, diante da inigualável e incomparável torcida do Flamengo!

Como se não bastasse a palhaçada de punir quem “se excede nos dribles” porque isso humilha os adversários, querem punir quem extravasa no momento mais importante de um jogo. Daqui a pouco, esses sandeus que fazem as leis do futebol vão exigir que o artilheiro, ao fazer um gol, peça desculpas ao goleiro adversário. Vade Retro!



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Curta as Rapidinhas (1)

Ontem foi noite de recorde. Foram exatos 4 minutos e 38 segundos. Nem um segundo a mais nem um a menos. Fiquei incrivelmente feliz. Muitíssimo emocionado. Plenamente satisfeito. Em vários anos de relacionamento, ela nunca havia feito da forma como fez. Rápida, ligeira, atenciosa e eficiente. Eu só falei uma vez o que queria e fui imediatamente atendido. Totalmente diferente das outras inúmeras vezes em que fui obrigado a esperar uma eternidade a fim de que ela satisfizesse meus desejos. Ontem foi tão rápido que nem me cansei e estou tão surpreso que não poderia deixar de compartilhar essa experiência ímpar. Foi bom demais! Jamais esquecerei a noite passada.

Ontem, pela primeira vez, não me estressei ao resolver um problema com a atendente de call center da Vivo.

******************************

Ainda estou passando mal de rir com o vídeo “Pedro e o chip”. Se você ainda não viu, segue o link:
http://kibeloco.com.br/kibeloco/2009/09/17/pedro-e-o-chip/

*******************************

Pelé disse que acredita na recuperação do Fluminense no Campeonato Brasileiro. Resultado: os poucos tricolores que ainda tinham alguma esperança de que isso acontecesse já estão ligando para a SKY/NET a fim de comprar o pacotão da segundona de 2010.

********************************

No próximo domingo, Claudia Ohana será a convidada de Irritando Fernanda Young, na GNT. Ouvi dizer que vai ter cada pergunta cabeluda...

*********************************

Dois amigos trocando uma ideia:
- Bora pra festa, mlk.
- Tô sem fantasia.
- Te empresto uma do Homem Aranha, vlw?
- Mó caído, aí, nada a ver.
- Ih o cara, aí, cheio de marra.
- Queria uma para pegá geral na festa, tá ligado?
- Ah, então vai de José Mayer...

***********************************

Você faria algum tipo de negócio com a família Piquet?

Falou e Disse!


Durante o Video Music Awards (VMA), da MTV, no último domingo, o “cantor” Kanye West invadiu o palco durante a premiação da cantora Taylor Swift, para manifestar seu descontentamento com o fato de o prêmio (melhor videoclipe feminino) não ter ido para Beyonce. Foi embaraçoso! A eleita, parada com o troféu na mão, privada de fazer seu discurso de agradecimento, e o rapper, grosseiro, protestando depois de pegar o microfone das mãos dela. Esse fato já teria sido apagado da minha memória se não fosse o comentário feito pelo presidente Obama, chamando Kanye West de “jackass”, algo similar a idiota, estúpido.

A crítica de Obama ocorreu enquanto ele se preparava para uma entrevista à CNBC (canal por assinatura dos EUA), mas a declaração vazou e está na Internet. Foi o suficiente para pegarem no pé do presidente. Como é difícil ser uma “pessoa pública”! Claro que não se trata de uma pessoa qualquer, mas esse negócio de vigiar cada passo, cada fala, cada atitude de determinadas pessoas beira o absurdo. O mínimo que se pode dizer acerca do imbecil que fez o protesto durante a premiação é que ele, na verdade, é um imbecil.

O que se deve levar em conta é o fato de Obama ter dito o que disse “em off”. Seria reprovável se ele o fizesse durante um discurso, mas ele conversava descontraidamente com assessores antes da entrevista, qual o problema? Do jeito que a coisa vai, em breve teremos chefes de Estado paranoicos e emudecidos, temendo que qualquer coisa dita seja usada contra si. Nenhum depoimento, nenhuma opinião, nenhum discurso, nenhuma proposta, nenhuma declaração. Hum..., pensei num certo presidente e a ideia me pareceu ótima!


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cliente Sem Noção



Um dos conteúdos mais comuns nos e-mails que a gente recebe é sobre “benefícios garantidos por lei dos quais poucas pessoas lançam mão”. Já recebi um monte, muita coisa mesmo, mas confesso que quase sempre apago a mensagem sem dar muita importância a ela.

Todo mundo conhece aquela que diz não ser necessário pagar assinatura de telefone fixo. Também tem aquela que revela que é possível cancelar multas de trânsito. Há uma que circula faz tempo, mostrando que as operadoras de TV por assinatura não podem cancelar o sinal sem antes notificar o cliente. Há duas semanas recebi de uma pessoa merecedora de crédito um texto sobre juros abusivos nos cartões de crédito. Se o cliente quiser, pode contestar a multa. Ontem, foi a vez dos bancos. Segundo o que li, o cliente deve solicitar uma senha ao entrar na fila, pois o tempo de espera na agência não pode ultrapassar vinte ou trinta minutos, sei lá. Nesse texto, inclusive, o autor disse que percebe um aumento no número de caixas trabalhando sempre que ele pede a senha. Quando ninguém a requisita, poucos caixas atendem ao público. Será?

Ainda prevalece aquela noção de que determinados direitos só são respeitados à custa de muito aborrecimento. Se a companhia de luz fez um corte indevido de energia, sabemos que uma ação na justiça pode nos render uns trocados ou uma grana forte. Mas só de pensar na burocracia e no tempo gasto para comprovar nossa razão, desistimos. Dá trabalho fazer valer nossos direitos. Lembro-me de um episódio ocorrido na loja Modern Sound, em Copacabana, há alguns anos. Meu irmão pegou um livro sobre bateria e viu o preço na capa. Chegando ao caixa, registraram outro valor, evidentemente, acima do que estava no livro. Ao questionar o preço cobrado, ele ouviu do funcionário que valia o preço da registradora, e não o da capa do livro. Todo mundo sabe que prevalece o preço menor quando isso ocorre, mas o funcionário foi irredutível. Solicitamos a presença do dono da loja e ele sustentou a palavra do funcionário, alegando haver um deslize do encarregado de colocar os preços nos produtos. Rolou uma pequena discussão sem que perdêssemos a calma e, no fim, desistimos de levar o livro até porque, enquanto discutíamos, o caixa trocou o preço estampado na capa, evitando uma possível prova contra a loja. Resumo do imbróglio: venceu o mais forte!

Não sei quanto a você, meu caro leitor (no singular mesmo), mas em mim bate uma sensação enorme de impotência em casos assim. Parece que existe uma conspiração, uma trama bem urdida para nos humilhar. Honestamente, não sei somos subservientes demais ou se os prestadores de serviços são ardilosos em excesso. Na boa, quem foi que disse que o cliente sempre tem razão?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Tudo mal na Bienal



Você foi ou pretende ir à Bienal do Livro? Se sua resposta for sim, pressuponho que a intenção era / é a de sair de lá com alguns... livros. Às vezes me surpreendo com minha sagacidade...

Ok, muita gente vai lá só para passear, mas o evento tem como finalidade vender livros. É principalmente para isso que serve a Bienal do Livro. Sair de mãos vazias de uma feira de livros é como ir à praia e não mergulhar. Às vezes me surpreendo com minha incrível capacidade de fazer analogias incríveis...

A vontade de comprar livros existe, mas parece que os expositores fizeram um pacto para desestimular o leitor. Parece que é melhor vender caro para poucos do que vender barato para muitos. Honestamente, não entendo a “política de preços” dos livreiros. Qual a vantagem de comprar um livro na Bienal? Na livraria aqui perto de casa ou na Internet, é possível comprar “A Cabana” por R$16,90. Na Bienal, custa R$19,90. Em alguns estandes, as editoras oferecem um desconto que o Collor chamaria de patuscada: “de R$39,90 por R$37,90”... que oferta tentadora, não? Aliás, não colocaram nenhum livro do Collor para vender lá, o que é um absurdo visto que se trata de um imortal da Academia Alagoana de Letras.

Ademais a organização do evento presume que os visitantes não sentem fome. Qual a explicação para uma praça de alimentação tão chinfrim, composta por fésti-fúdis que cobram por um lanche o dobro do que se paga por um prato de comida? O que justifica cobrar R$6,00 (seis reais) por um cachorro-quente só com pão murcho e salsicha? Se um casal com dois filhos quiser lanchar na Bienal, morre em quase R$50,00 para comer mal. Não há lixeiras pelos corredores (você caminha vários metros com a garrafinha de água na mão), e o calor é insuportável.

É evidente que há acertos também. Poucos. Por isso, fica aqui o protesto. Que os organizadores sejam mais sensíveis aos nossos bolsos. Queremos comprar, queremos consumir, mas esperar dois anos por um evento e perceber que os preços são iguais ou superiores aos encontrados nas livrarias é pra lá de frustrante.

sábado, 12 de setembro de 2009

Último Capítulo


Eu não vejo novelas. Nada contra, mas trabalho no horário em que elas são exibidas. Quando pinta uma folga, dou uma olhada numa cena ou noutra, mas não acompanho. Prefiro as que não se levam a sério, geralmente exibidas antes do Jornal Nacional. A das oito parece que anda sendo exibida às nove e, geralmente, carrega demais no drama.

Não exijo muita coerência na trama, fico impressionado com a qualidade da produção e lembro alguns personagens que foram marcantes graças ao talento de seus intérpretes. Consegui, recentemente, ver muitos capítulos de A favorita e confesso que curti, mas preferia outro final para a Flora.

Quando fui dar aula hoje à noite, percebi que muitos alunos faltaram. Em se tratando de candidatos a uma vaga de Delegado Federal, não imaginei que abririam mão da aula por conta do último capítulo de Caminho das Índias. Não que a aula seja melhor, mas por entender que na prova haverá questões sobre Gramática e Interpretação de Textos, e não sobre dalits e afins. Muita gente faltou e, segundo informações de alguns alunos na sala de aula, foi para ver a novela. Na saída do curso, encontrei uma aluna sentada num bar sozinha para acompanhar os derradeiros momentos da trama. Curioso isso, não? Quais são os ingredientes que fazem o último capítulo de uma novela ser tão especial? Será que é a sensação de alívio, pois a lenga-lenga vai ter fim? Será que é o tom de despedida (nunca mais verei essas pessoas)? Será que é para não ficar sem assunto no final de semana?

Eu não vi Caminho das Índias. E também não vi o último capítulo. Mas aposto que alguns clichês estavam lá. Vou enumerá-los e você haverá de concordar comigo: se eu acertar pelo menos setenta por cento, é sinal de que a novela não foi tão boa assim, ok?

- houve uma linda cena de casamento (ou mais de uma, ou casamento em grupo);
- uma das personagens secundárias terminou grávida;
- alguém supostamente morto reapareceu;
- um casal que passou a trama inteira sofrendo conseguiu se acertar;
- alguém ficou rico, milionário por “obra do destino”;
- houve uma – pelo menos uma – cena de reconciliação;
- o vilão terminou a trama morto, preso ou em tratamento psiquiátrico;
- houve pelos menos uma participação especial de uma celebridade;
- alguém descobriu o verdadeiro pai ou a verdadeira mãe;
- você sabia de (quase) tudo isso.

Segunda-feira estreia a nova novela das oito (nove, né?).
Eu já sei o último capítulo. E você?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Corpo Fala



Comportamento não verbal / Interpretações

1- Movimentação rápida, andar ereto / Confiança;
2 - Parar com as mãos na cintura / Incompreensão, Agressividade;
3 - Sentar com pernas cruzadas e pequenos chutes no ar / Cansaço, Aborrecimento;
4 - Sentar com as pernas abertas / Abertura, Relaxamento;
5 - Braços cruzados no peito / Defensiva;
6 - Andar com as mãos nos bolsos, olhando para baixo / Falta de entusiasmo, Desmotivado;
7 - Mãos nas maças do rosto / Avaliação, Pensamento;
8 - Coçar o nariz, tocar o nariz ao falar / Dúvida, Mentira;
9 - Esfregar os olhos / Descrença, Dúvida, Mentira;
10 - Mãos fechadas atrás das costas / Frustração, Ódio;
11 - Tornozelos fechados / Apreensão;
12 - Apoiar a cabeça nas mãos, olhar para baixo longamente / Aborrecimento;
13 - Esfregar as mãos / Antecipação, Ansiedade;
14 - Sentar com as mãos para trás da cabeça e de pernas cruzadas / Confiança, Superioridade;
15 - Coçar a ponta do nariz, olhos fechados / Avaliação negativa;
16 - Mãos abertas, palmas para cima. / Sinceridade, inocência, abertura;
17 - Batucar com os dedos, olhar o relógio / Impaciência;
18 - Estalar os dedos / Autoridade;
19 - Alisar o cabelo / Insegurança;
20 - Coçar o queixo / Pensando;
21 - Desviar o olhar / Desconfiança;
22 - Puxar ou coçar a orelha / Indecisão;
23 - Roer unhas /Ansiedade, insegurança.

Recebi esse esqueminha por e-mail e, inicialmente, resolvi levá-lo a sério. Li com muito interesse as interpretações para nossa postura corporal. Ultimamente, venho me sentindo mais cansado do que o normal e ando me escorando nas paredes enquanto dou aula. Parece que as esporádicas caminhadas matinais não têm resolvido o problema. Além disso, o café tem sido meu fiel escudeiro e, em vez de aumentar o bíceps e o tríceps, tenho desenvolvido a pânceps.

Depois de ler e reler a tabela, cheguei a algumas conclusões, apelando para a interpretação das interpretações apresentadas. A primeira coisa que chama a atenção é que dos 23 comportamentos destacados, só 4 revelam algo positivo, ou seja, num cálculo aproximado, a cada seis posturas adotadas uma traduz uma boa atitude. Nosso corpo, definitivamente, vende uma péssima imagem da gente. Mas outras conclusões merecem destaque. Ei-las:

- Os tópicos 3 e 4 aconselham às moças pudicas que estejam sempre cansadas ou aborrecidas. Jamais relaxem;
- O tópico 19 confirma que toda mulher é insegura;
- O tópico 8 revela que pessoas gripadas mentem mais;
- O tópico 20 mostra que, depois de fazer a barba, pensamos.
- O tópico 14 explicita que exibir o sovaco é sinal de autoconfiança;
- O tópico 23 ensina que ansiedade é sinônimo de falta de higiene.

Além dessas conclusões conclusivas, ficou uma dúvida: o tópico 21 sugere que todo estrábico é desconfiado?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Releituras


No Cilada sobre barzinho, o cantor que se apresentava na casa onde se passa a história (um barzinho, claro!) diz que vai oferecer aos “ouvintes” uma releitura de um clássico da MPB. Surge na telinha, abaixo do vídeo, Bruno Mazzeo e dispara algo mais ou menos assim: “Quando alguém diz que vai apresentar uma releitura de uma música, isso significa que ele vai estragar uma música.” Geralmente é assim. Impressiona o número de artistas regravando sucessos da nossa música. Impressiona o estrago que eles fazem em alguns clássicos do nosso cancioneiro (tira o mofo, tira o mofo!).

Mas há, felizmente, exceções. Trata-se de algo subjetivo dizer se a música ficou melhor ou pior. Analisar uma canção envolve muitos fatores, e a análise de um profissional é diferente da análise de... outro profissional. Entre os leigos, há quem valorize mais a letra do que o arranjo; há o inverso; há os que analisam a voz do intérprete; há os que analisam os instrumentistas... E, dependendo do momento (do clima) em que o julgamento é feito, o resultado oscila um bocado. Eu já fui pra pista dançar músicas pelas quais tenho (tinha?) verdadeira ojeriza (tira o mofo, tira o mofo!).

Há também músicas das quais gostamos, mas não confessamos. Pega mal! Ou, pelo menos, a gente acha que pega mal até uma pessoa “descolada” admitir que adora. Sei lá o critério para determinar quem é descolado, mas uma amiga me confessou que só assumiu que amava as músicas do Fábio Jr depois que a Fernanda Young disse ser fã dele. Regina Casé se casou ao som de “Fogo e Paixão”, do Wando. Pitty cantou Menudo no show do Circo Voador (depois de dizer que seria o momento “trash”), Ana Carolina gravou Michael Sullivan e Paulo Massadas... Quem nunca se emocionou ao som de uma música romântica (brega) que atire a primeira pedra! Eu, por exemplo, curto de montão a Rosana e só digo isso aqui porque sei que ninguém vai ficar sabendo.

Seguem abaixo três regravações de clássicos da MPB. Todas elas são do programa Som Brasil, um dos melhores da Globo, exibido de madrugada (o horário que a emissora reserva ao que tem qualidade na programação). Sugiro que você ouça com um fone para perceber a riqueza de detalhes. A versão original de cada uma delas é tão conhecida que dispensa audições. Exemplos de releituras tão boas quanto as versões originais. Ou não!



domingo, 6 de setembro de 2009

Direito distorcido ou distorção do direito?



Não sei se vocês viram, mas faz umas duas ou três semanas que os jornais noticiaram um episódio envolvendo calouros e veteranos do curso de Direito da UFF. Mais adequado seria dizer calouras. Segundo o que foi informado, rolou uma denúncia acusando alguns veteranos de forçarem as novatas – só as mais gatas – a uma sessão de sexo oral, como rito de iniciação. O curioso é que algumas barangas, dispensadas da suposta sessão, também reclamaram já que se sentiram humilhadas (?!?)... A partir disso, pipocaram textos na mídia execrando os veteranos que participaram desse ato abominável. Até agora não apareceu o autor da denúncia, não houve queixa, mas a imprensa tratou o assunto como fato consumado. Resumindo: quem leu as reportagens tem certeza de que, no trote, os veteranos forçaram algumas iniciantes ao “blowjob”.

Coincidentemente, um dos meus alunos num curso preparatório para Delegado é estudante veterano da UFF. Comentando o caso com ele, ouvi outra versão e fiquei pensando no poder que a mídia tem de manipular tudo. Tudo mesmo! A gente ouve isso o tempo todo, mas fica com receio de parecer xiita e evita cair no grupo dos que sofrem da síndrome de teoria da conspiração. Está ultrapassado falar mal da Globo, dizer que ela manipula as informações, aquele papo todo que funcionava bem nos anos “pré-Lula presidente”, em diretórios acadêmicos, bandejões e similares. Vive-se um momento de indiferença, apatia, até porque a polarização “direita-esquerda” já era.

Mas, voltando ao episódio, apresento a outra versão. O trote consiste no seguinte: os rapazes ficam no banheiro, e as meninas - uma de cada vez -, conduzidas por um veterano, entram lá e ouvem as opções: “você pode escolher entre fazer uma sacanagem com a gente ou ganhar um banho de farinha.” O clima é amistoso, a intenção é “quebrar o gelo” e integrar a galera. A proposta é feita para todas as novatas, e elas escolhem evidentemente o banho de farinha, voltando para a sala de aula com o corpo coberto de pó. A grande sacada é que a proposta NÃO é feita à última novata que entra no banheiro. Simplesmente, eles dizem que ela é bem-vinda, blablablá e não aplicam o banho de farinha nela. Já perceberam, né? Ao sair do banheiro limpinha – depois de um bom tempo lá – o que as outras calouras sujas vão imaginar?

Você pode gostar ou não da ideia, mas há de reconhecer que é bem diferente da versão apresentada pela mídia. Detalhe: O “evidentemente” do parágrafo anterior não é tão evidente assim: algumas novatas, alegando “alergia a farinha”, escolhem a outra opção.

Mas isso já é outra história...

sábado, 5 de setembro de 2009

O prefeito feliz



Esta semana, uma pesquisa da revista Forbes revelou que o Rio é a cidade mais feliz do mundo. Na boa, eu queria saber os critérios que esses pesquisadores utilizam para chegar a esses resultados. Se o Rio é a cidade mais feliz do mundo, coitada da cidade que ocupa... sei lá...tipo assim... a décima posição. Nosso prefeito aproveitou para tirar uma casquinha, óbvio, e mandou a pérola que segue: “É mais um reconhecimento da qualidade de vida da nossa cidade. O mundo descobriu o que nós já sabemos: o Rio é o melhor lugar pra viver e para trabalhar. Que outra cidade é capaz de reunir com tanta perfeição natureza, cultura e vida urbana? É um orgulho saber que a alegria dos cariocas ganha fama e o imaginário internacional. Eu posso garantir que não existe prefeito mais feliz do que o da cidade maravilhosa."
Pois eu posso garantir que o cidadão carioca não está feliz, não senhor! Eu nem vou enumerar os problemas crônicos da cidade porque vai me dar tendinite. Façamos o seguinte: vamos verificar algumas das 83 promessas de Eduardo Paes ao assumir a prefeitura. Já faz nove meses que ele assumiu o cargo, portanto penso que já dá para cobrar algumas coisas.

TRANSPORTE
1. Implantar o bilhete único, que permite ao usuário pegar mais de uma condução pagando só uma tarifa. Mas o sistema terá de se sustentar sozinho. "Não vou subsidiar empresas de ônibus". 2. Licitar as cerca de 400 linhas de ônibus do município e reorganizar o sistema.
3. Legalizar e licitar as linhas de vans, e regulamentar o transporte complementar.

Comédia...(tragédia!)... as empresas de ônibus fazem o que querem na cidade: possuem frota velha, tumultuam o trânsito (são 85 linhas só na Av. Rio Branco!),... copiando a frase de uma criança lida em O Globo: “Mãe, ali um ônibus cheio de ninguém”. Das vans eu não vou falar porque quero evitar os palavrões.

TRIBUTOS
1. Não aumentar o IPTU. Engordar a receita por meio da base de arrecadação.
2. Implantar a nota fiscal eletrônica, que permite acompanhar on line a emissão de comprovantes que geram arrecadação de ISS. O sistema é um meio de aumentar a arrecadação sem subir impostos.

Vou esperar o início do próximo ano acreditando no IPTU congelado assim como espero Papai Noel no Natal.

EDUCAÇÃO
1. Instituir aulas de reforço em todas as escolas municipais, contratar mais professores e investir em qualificação e remuneração.
2. Ampliar o Ônibus da Liberdade (transporte gratuito a alunos).
3. Criar o Fundo Municipal de Apoio à Pesquisa.

“Contratar mais professores e investir em qualificação e remuneração”... Puxa, que lindo! Não vou dizer o salário dos professores da rede municipal de ensino porque vocês não vão acreditar mesmo. Aliás, salário uma ova: ajuda de custo!

LIXO
1. Não levar o aterro sanitário para Paciência.

Ok, o trocadilho é infame, mas vamos ter paciência.

SAÚDE
1. Ampliar o Programa Saúde da Família, que no Rio, hoje, tem cobertura de apenas 7%. Criar 60 consultórios de Saúde da Família, funcionando em três turnos.
2. Colocar os postos de saúde abrindo às 6h e fechando às 20h, com plantão permanente de clínicos, pediatras e ginecologistas.
3. Criar um programa de atendimento domiciliar ao idoso. Criar 20 centros de convivência dos idosos. Readequar as instalações dos centros de saúde municipais pondo rampas, elevadores e outras facilidades.
4. Construir o Hospital da Mulher, em Realengo; uma maternidade em Campo Grande, além de reativar a antiga Maternidade Leila Diniz. As gestantes que fizerem seis consultas de pré-natal vão receber um documento garantindo a maternidade onde terão o filho.
5. Construir cinco centros de reabilitação para deficientes.
6. Criar 150 equipes do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso (PADI) e implantar 20 Lares do Idoso.
Sou a favor de que prefeitos, governadores, deputados, senadores, vereadores usem o sistema público de saúde. Não é incoerente uma pessoa não usar um serviço que ela oferece? Sei lá... tipo assim... é como se um vendedor da Coca-Cola só bebesse Pepsi.

CAMELÔS
1. Ordenar, regularizar as áreas em que pode haver camelôs, dar licença e fiscalizar. Mas "a Guarda Municipal não vai bater em camelô".

Essa ressalva entre aspas aí no finalzinho é sensacional. Um passeio pelo Centro da cidade e a gente percebe exatamente isto em relação aos camelôs: ordem!

TURISMO E MEIO AMBIENTE
1. Levar saneamento básico a 100% da Zona Oeste em parceria com o governo do estado.
2. Transformar o Porto e o entorno do Maracanã em áreas turísticas. Investir na promoção da cidade no país e no exterior.
3. Transformar Copacabana em capital brasileira do turismo de terceira idade.
Copacabana está mais para capital brasileira de pedintes, moradores de rua, pivetes e afins...

Ufa!!!! Chega!!! É muita promessa, muita conversa... o sujeito é cara de pau à beça!

Agora, fica a dúvida: por que nosso prefeito diz que não há prefeito mais feliz do que ele?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Pitty vicia!



Sempre reclamei das pessoas que têm o hábito de ouvir o mesmo cd várias vezes seguidas. Acaba a última faixa e lá vem a primeira de novo. Sempre considerei insana essa mania. Pois estou queimando a língua por conta do novo cd da Pitty. Chiaroescuro acabou de chegar às lojas e não sai dos meus ouvidos. Da primeira à última faixa só dá coisa boa!
Pra começar, 8 ou 80 "Eu só quero o começo / Me entedia lidar com o meio / Quero muito, tenho apego / já não quero e só resta desprezo". Sei não, mas é assim que me sinto frequentemente. Depois vem Me adora, que está estourando nas fms. Muito boa, não espere sair das rádios para perceber... A terceira é Medo, a mais pancada do cd, a mais roquenrol, com direito a uma "incidental" nonsense. Depois dessa trinca, uma surpresa: Água contida, um "pseudo-tango" (?!?) com vários efeitos (ouçam no fone) e uma letra sem a marca Pitty: "Eu, chorando / Com essa cara toda amassada / Com esse olho em carne viva, retalhada / E esse nariz que não para de escorrer / Eu, chorando / Tão previsível quanto areia no deserto / Mais patético sem ninguém por perto / Tão imenso que não dá mais para conter".
Sensacional! Ainda tem Desconstruindo Amélia "O ensejo a fez tão prendada / Ela foi educada para cuidar e servir / De costume esquecia-se dela / Sempre a última a sair" (não se precipite no julgamento, a letra segue, mostrando a "desconstrução"), A sombra (a letra tá lá na página inicial do meu Orkut) e Todos estão mudos "Não espere, levante! / Sempre vale a pena bradar / É hora / Alguém tem que falar".
Estou esperando pra ver quando vai rolar show dela por aqui. Enquanto isso, vou me esforçar para não ouvir o cd o tempo todo porque sei que faz mal. A partir de agora, só quando eu estiver acordado...
"Todo mundo tem segredo
Que não conta nem pra si mesmo
Todo mundo tem receio
Do que vê diante do espelho"