domingo, 24 de janeiro de 2010

Na fila com a Mulher Maravilha



Há certas situações pelas quais passamos cujas imagens deveriam ser registradas. É porque se a gente narrar, as pessoas vão julgar se tratar de invencionices. Quem, por exemplo, acreditaria na beleza da Scarlett Johansson se não fossem as imagens? Ontem, experimentei algo que não posso deixar de compartilhar com vocês. Espero, honestamente, que ninguém acredite. Mas vou contar mesmo assim.

Estava na fila do supermercado. Caixa Rápido, destinado a quem compra até 12 volumes. Entendo volume como quantidade de mercadoria. Ou seja: a atendente deve fazer, no máximo, 12 registros no caixa. Mas, sempre percebi que vários clientes entravam nessa fila com mais – muito mais – de 12 mercadorias. Há alguns meses, fiz uma observação ao gerente quanto a essa situação. Mas, com todo o respeito, gerente de supermercado exige um tipo de comunicação para o qual não me sinto preparado. Os caras são – quase sempre – assustadoramente incompetentes!

Ontem, porém, decidi me omitir. Nada de reclamações! Estava zen! Calmo como baiano na rede, sereno como Pat Morita em Karatê Kid, tranquilo como um imunizado do BBB. Percebi que um rapaz à minha frente estava com o carrinho repleto de bebidas. Ele estava sem camisa e usava aquele tipo de bermuda que tem cintura na virilha a fim de facilitar a propaganda da marca da cueca. O cara era forte! De repente, chega atrás de mim uma mulher com cabelos longos, morena, alta, blusa decotada, calça justa com direito à marca de biquíni à mostra. Observando a comissão de frente e a retaguarda, pré-julguei a moça como uma mulher de peito e uma bundona também. Deve pagar IPTU dobrado.

Ela, com uma voz estilo Ângela Rô Rô, reclama com ele: “Ei, você está na fila errada. Aqui é só até 12 volumes”. Ele olhou meio de lado e não deu ideia. Permaneceu como e onde estava. Ela aumentou o volume: “Mermão, tu tá na fila errada, sabe contar não?” Ele, sorriso debochado, se volta para trás e pergunta: “Quer contar pra mim?” Ela, mais irritada: “Só de cerveja aí tem mais de vinte latas, fora as outras bebidas...”. Ele alegou que se tratava do mesmo produto, portanto deveria ser contado como um volume (argumento podre, né?). Nesse momento, eu, estrategicamente posicionado entre os dois, pensei em trocar de fila. Mas não deu tempo. Quando o rapaz disse que a mulher era estressada e “mal comida”, ela partiu pra cima dele e, para espanto geral, apertou-lhe, espremeu-lhe, torceu-lhe, comprimiu-lhe, pressionou-lhe aquela parte que você está imaginando. Sim, ali mesmo. De onde todos viemos! A região mais dolorida que existe para nós, homens. Durante uns cinco segundos, a visão foi dantesca. Um “pitboy” se retorcendo de dor, e uma mulher segurando-lhe as bolas, ordenando que ele saísse da fila.

Funcionários da loja intervieram e puseram fim à agonia do cliente. Terminada a confusão, ela passou a ficar na minha frente na fila. Foi uma excelente oportunidade para que eu deixasse meu lado cavalheiro aflorar. Quando ela, meio confusa, me perguntou se havia furado a fila, eu, firme e resoluto, disse: “cla-cla-cla-claro que que na-na-na-não!”