domingo, 28 de novembro de 2010

A violência que você não vê na TV!

Milhares de leitores me cobraram um texto sobre a guerra no Rio. Ops! Escrever “Milhares de leitores” é uma forma delirante de iniciar um post. Vamos recomeçar! Inúmeros leitores me cobraram... ops. “Inúmeros leitores” soa pretensioso. Na realidade, três pessoas me cobraram um texto sobre o assunto que não sai da mídia: a guerra ao tráfico no Rio. Em atenção a esses três seguidores que não têm nada de interessante para ler e insistem em perder tempo aqui, manifestarei a minha opinião.

A causa do problema não está nos maconheiros, nem no atual governo, nem no filme Tropa de Elite, nem na Globo... nem nos mais variados culpados apontados pelos especialistas de plantão. Nada disso! Há dois aspectos determinantes que, se combatidos, minimizariam bastante o problema: um diz respeito à polícia que se associa ao tráfico; o outro se refere ao descaso do Estado com sua gente.

A questão da corrupção policial é ampla, extensa, profunda e séria. Muito séria! Paga-se mal a quem deveria responder pela nossa segurança. Mas isso – todo mundo sabe – interessa a quem pode subornar um “homem da lei”. Se os policiais não se corrompessem, a elite do Brasil estaria na cadeia. Estou generalizando, óbvio. Mas, enquanto a banda podre da polícia tiver o contingente que tem, ações como as que vimos esta semana (invasões em favelas) e planos como as UPPs serão apenas paliativos, além de espetáculos para a mídia e bafejo eleitoral.

Ademais, remediar sem prevenir só empurra o problema para frente. O que vai acontecer depois que a onda de terror cessar e a polícia triunfar nas favelas invadidas? Vamos voltar à nossa rotina, é claro. Alguém aí falou em projetos para educar essa gente que é tratada como indigente? Algum “especialista” na área mencionou um plano para oferecer condições decentes de vida a quem está encravado na favela? Se o Estado trata gente como bicho, é como bicho que essa gente vai se comportar. Sonegando-lhes direitos básicos como educação, saúde, trabalho e fechando os olhos para a absurda taxa de natalidade nas camadas mais pobres da população, não dá para esperar um resultado diferente do que temos hoje.

Se é verdade que o fato de ser maltratado, ignorado e desprezado não justifica debandar para o lado do crime (são inúmeros os exemplos de gente honesta nas favelas), não é menos verdade que um Estado que explora, tortura e oprime sua gente é MUITO MAIS CRIMINOSO que a maioria dos executados e presos de que temos notícia.