segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fenomenal!

Acabou a carreira do Ronaldo! Como tudo que é bom, acabou! Acabou de repente! Depois de muitas lutas contra o corpo, que não resistiu a algumas operações e alguns excessos, acabou! Acabou a carreira do maior artilheiro de todas as Copas! Acabou a carreira de alguém que sempre tratou a bola como ela merece! Acabou de acabar!

Creio que craque é um jogador diferenciado! Aquele que faz o que nenhum outro faz! Ronaldo fez! Gols incríveis, jogadas lindas! E, sem dúvida, vai deixar saudades na vida dos apaixonados pelo bom futebol! Ronaldo, além de craque, foi exemplar sobretudo pela lição de superação que deu ao disputar a e brilhar na Copa de 2002.

Por tudo isso, acho que merecia ser tratado de outra forma. Parte da imprensa – os abutres – prefere pôr em evidência fatos que de forma alguma deveriam ofuscar a fenomenal carreira desse atleta único. A esses pseudojornalistas só cabe o desprezo!

Ao Ronaldo não haverá homenagem que baste! De carne e osso, evidentemente, cometeu erros. E continuará cometendo! Mas que valorizemos o que fez de bom (coisa à beça!) e reconheçamos o fato de que não mediu esforços para jogar a última Copa que conquistamos.

Todos perdem! O futebol alegre e bem jogado, infelizmente cada vez mais repleto de jogadores truculentos sem o menor talento; o torcedor apaixonado, apreciador dos gênios; os clubes, os anunciantes, a imprensa... Todos perdem!

A bola, a partir de hoje, vai ficar mais murcha!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Pedra e Vidraça

Em meados do ano passado, almocei com um amigo, que é professor de Direito Previdenciário. Ele me falava, em tom de protesto, sobre o absurdo que é nosso sistema de aposentadoria. Discorreu sobre o assunto usando bastantes termos específicos, o que não me impediu de entender que, no Brasil, pouquíssimos gozam de uma aposentadoria nababesca enquanto muitos recebem uns caraminguás depois vários anos trabalhados e boa parte do salário descontada. Foram marcantes na nossa almeitiga (dicionário!) tanto a ilogicidade do sistema de aposentadoria brasileiro quanto a veemência com a qual meu amigo se manifestou, discordando de toda a engrenagem que envolve a estrutura previdenciária.

Pois muito bem. Esta semana, voltamos a almoçar. E ele me disse que, desde outubro passado está saindo com alguém. Sendo mais específico: ele está saindo com uma mulher rica, moradora do Leblon... e beneficiada pelo sistema que ele tanto critica. Criticava! Não sei os detalhes, mas parece que ela é filha ou ex-esposa de militar, sei lá, o que sei é que ela recebe, sem esforço algum, algo na casa dos R$ 8.000,00 mensais. Meu amigo não paga a conta quando os dois saem juntos. E, em momento algum do nosso encontro, repetiu o tom do penúltimo almoço. Por que será?

Carlos foi meu colega de faculdade. Nos anos 90, chegou a se candidatar a vereador por São Gonçalo. Recebeu uns 100 votos. Lembro-me que ele dizia que iria lutar pela implantação de uma linha das barcas ligando a Praça XV a São Gonçalo. Os moradores dessa cidade poderiam chegar mais rápido às suas casas se não precisassem passar por Niterói.

Pois muito bem. Reencontrei o Carlos. Ele é proprietário de uma loja num shopping que fica entre a estação das barcas, em Niterói, e o terminal rodoviário utilizado pelos passageiros que moram em São Gonçalo. Perguntei a ele se seria uma boa uma linha direta da Praça XV até São Gonçalo. Ele disse: “Deus me livre, isola, toc, toc, toc.!” Por que será?

Sempre fui contra a carteirinha falsa de estudantes. Já disse aqui nesse blog, várias vezes, que fui alvo de piadas ao recusar fazer uma carteirinha para mim. Em todos os locais onde trabalho, alunos e professores fazem, sem qualquer dificuldade, o documento que lhes garante 50% de desconto nos cinemas, teatros e afins. Mês passado, a coordenadora de um dos cursos em que leciono me pediu uma foto 3x4, alegando que serviria para “atualização de cadastro”. Entreguei a foto a ela. Esta semana, ela me deu uma carteirinha de estudante. Na frente de todos os funcionários. E disse: “Quero ver você jogar fora. Vai continuar pagando inteira?” Provocação! Como quem quisesse testar minha integridade moral. Pensei em fazer um discurso moralista; desisti. Cogitei esfregar a carteirinha “na cara dela”; recuei. Aventei a possibilidade de, em silêncio, destruir o documento; desencorajei.

Pois muito bem. Não usei a carteirinha! Mas não a joguei fora. Por que será?