quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cliente Sem Noção



Um dos conteúdos mais comuns nos e-mails que a gente recebe é sobre “benefícios garantidos por lei dos quais poucas pessoas lançam mão”. Já recebi um monte, muita coisa mesmo, mas confesso que quase sempre apago a mensagem sem dar muita importância a ela.

Todo mundo conhece aquela que diz não ser necessário pagar assinatura de telefone fixo. Também tem aquela que revela que é possível cancelar multas de trânsito. Há uma que circula faz tempo, mostrando que as operadoras de TV por assinatura não podem cancelar o sinal sem antes notificar o cliente. Há duas semanas recebi de uma pessoa merecedora de crédito um texto sobre juros abusivos nos cartões de crédito. Se o cliente quiser, pode contestar a multa. Ontem, foi a vez dos bancos. Segundo o que li, o cliente deve solicitar uma senha ao entrar na fila, pois o tempo de espera na agência não pode ultrapassar vinte ou trinta minutos, sei lá. Nesse texto, inclusive, o autor disse que percebe um aumento no número de caixas trabalhando sempre que ele pede a senha. Quando ninguém a requisita, poucos caixas atendem ao público. Será?

Ainda prevalece aquela noção de que determinados direitos só são respeitados à custa de muito aborrecimento. Se a companhia de luz fez um corte indevido de energia, sabemos que uma ação na justiça pode nos render uns trocados ou uma grana forte. Mas só de pensar na burocracia e no tempo gasto para comprovar nossa razão, desistimos. Dá trabalho fazer valer nossos direitos. Lembro-me de um episódio ocorrido na loja Modern Sound, em Copacabana, há alguns anos. Meu irmão pegou um livro sobre bateria e viu o preço na capa. Chegando ao caixa, registraram outro valor, evidentemente, acima do que estava no livro. Ao questionar o preço cobrado, ele ouviu do funcionário que valia o preço da registradora, e não o da capa do livro. Todo mundo sabe que prevalece o preço menor quando isso ocorre, mas o funcionário foi irredutível. Solicitamos a presença do dono da loja e ele sustentou a palavra do funcionário, alegando haver um deslize do encarregado de colocar os preços nos produtos. Rolou uma pequena discussão sem que perdêssemos a calma e, no fim, desistimos de levar o livro até porque, enquanto discutíamos, o caixa trocou o preço estampado na capa, evitando uma possível prova contra a loja. Resumo do imbróglio: venceu o mais forte!

Não sei quanto a você, meu caro leitor (no singular mesmo), mas em mim bate uma sensação enorme de impotência em casos assim. Parece que existe uma conspiração, uma trama bem urdida para nos humilhar. Honestamente, não sei somos subservientes demais ou se os prestadores de serviços são ardilosos em excesso. Na boa, quem foi que disse que o cliente sempre tem razão?

4 comentários:

  1. Se eu fosse vocês, teria feito um escândalo lá. Além de careira, descumpre a lei.

    Comigo aconteceu uma coisa interessante nesse sentido. Ano retrasado fui ao Carrefour e vi o box de DVDs da trilogia "Star Wars" (a primeira) por R$ 74,90. Achei o preço convidativo, pedi a um funcionário que pegasse para mim na estante de vidro em que estava trancado e me dirigi ao caixa. Quando a operadora passou pelo leitor de código de barras, o preço que apareceu na registradora era diferente do da etiqueta: R$ 24,90. Eu fiquei meio que em choque, sem reação. Ela olhou pra mim e disse "o que prevalece é o que está registrado, nesse caso, ou você acha melhor chamar o gerente, ele estornar o registro, alterar o preço no sistema e com isso você ter que esperar mais uns 30 minutos aqui?". Concordei com ela e tive meu desconto de 50 reais. Sem dúvida alguma, foi minha melhor aquisição do gênero!

    Mas no seu caso, o código de defesa do consumidor garante que o preço da etiqueta, sendo menor, é o que prevalece. Abaixo a Modern Sound!

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  2. Nesse caso dos 50 a menos a gente avisa, mas paga menos, afinal é o menor valor que prevalece.

    Há alguns meses perdi um tempão nas Lojas Americanas para comprar o DVD de Marley & Eu.
    Andando pela loja vi naqueles estandes (pra chamar a atenção) no meio do corredor o DVD por R$19,90 e comentei com duas funcionárias, "Nossa, tá barato!", elas concordaram, falamos um pouco do livro e eu segui para o caixa. Chegando lá a registradora bateu R$29,90, eu contestei o valor, o caixa saiu e voltou dizendo que era aquele valor mesmo. Me mostrei irredutível, ele saiu de novo e voltou falando a mesma coisa. Aí eu disse "Pra onde o senhor está indo? Eu peguei esse DVD ali onde tem um cartaz bem grande, tenho certeza que ser for lá, vai ver" e ele respondeu "Mas não é lá o stand de CD/DVD é no stand que devemos ir para verificar os preços.” Se passou mais um bom tempo, o garoto já estava colocando a fila para andar (fdp – fazendo de tudo para eu desistir) e o gerente chegou e me deu um “desconto”. Saindo da loja fui lá onde eu peguei o DVD e eles haviam tirado o cartaz. Ou seja, eles tentam vencer a gente pelo cansaço, fizeram de tudo para eu sair pagando mais caro ou nem levar. Mas eu fui bastante insistente e grossa.

    Ontem tava passando no Telecine “O Mentiroso” e uma cena que me chamou a atenção. Jim Carrey vai retirar o carro de um depósito, acha o carro arranhado e reclama com o responsável que diz que já estava daquele jeito. Jim esbraveja reclamando que não ia adiantar de nada cobrar em juízo (ele faz um advogado) porque o cara não vai comparecer a audiência, não vai ter grana para pagar, e só vai dar dor de cabeça, como perder 8h do dia para poder fazer a reclamação... o cara do depósito olha pra ele e diz “Você já esteve aqui?” Ou seja, ninguém liga para os nossos direitos.

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  3. Pouco tempo também tive problemas nas Lojas Americanas, mas comigo foi com a trilogia do "De Volta pro Futuro". Não preciso relatar os detalhes, pq foram iguaizinhos aos da Priscila. O problema é um só: é mais barato eles trabalharem desse jeito do que tentarem implantar um sistema que de fato funcione. Se entramos no Juizado de Pequenas Causas e ganhamos eles pagam uma mixaria de multa e ressarcimento. Impunidade... eis um dos maiores males da sociedade.

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