quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Money, money, money...

Respondendo ao meu protesto contra o cartão amarelo recebido por Adriano – leia o “post” anterior logo abaixo -, vários leitores (deslumbramento), dois leitores (realidade), mais precisamente Pri e Demitrius, elucidaram a questão: trata-se de uma regra baseada numa exigência dos patrocinadores. Afinal, tirar a camisa é não exibir a marca estampada ali, é ocultar o patrocínio. Fiquei menos chocado com minha ignorância do que com o poder exercido pelo marketing no futebol.

De fato, tudo é business! Então, já que não podemos vencer os ambiciosos homens de negócios, juntemo-nos a eles! Se o nome do patrocinador não pode deixar de ser exibido por alguns segundos na comemoração de um gol, vamos radicalizar. Vamos explorar tudo que puder ser explorado. O gol é um detalhe – Parreira tem razão. Nada importa a não ser a marca. Vamos agregar valores e estabelecer uma comunicação expansiva com o cliente. Isso se coaduna com as exigências do mercado.

Podemos começar com o próprio cartão amarelo. Assim que for mostrado ao atleta, close nele (no cartão) e, no telão do estádio ou na televisão da nossa casa, veremos a marca de um protetor solar, por exemplo. No cartão vermelho, propaganda de uma financeira: “Não fique no vermelho, a Enfortex empresta dinheiro com juros que vão deixar a concorrência vermelha de vergonha”. Nas traves, propaganda de adoçante para realçar a beleza das mulheres magras. Nas arquibancadas, nada de setor verde, setor amarelo. Isso já era! Um dos setores pode ser patrocinado por uma marca de óculos: “Aqui você enxerga melhor cada detalhe”... Os auxiliares carregarão bandeirinhas patrocinadas por estimulantes sexuais “Para levantar na hora certa”. Até no apito do juiz haveria patrocínio. Imaginem: antes de encerrar a partida, o árbitro faz um sinal e o diretor de imagem ordena um close no apito com o anúncio de uma Igreja Cristã: "O fim está próximo, estás pronto para o Apocalipse?" Se bem que é um texto extenso demais para um objeto tão curto, mas o pessoal do marketing haverá de dar uma solução para isso.

É constrangedora minha vocação para fazer propaganda. Beira o ridículo, eu sei. Mas punir um atleta porque ele deixou de exibir o nome do patrocinador estampado na camisa por breves segundos é dez vezes mais patético.

3 comentários:

  1. hehehe Tem alguém revoltado aí?!
    Pois é. É lamentável o dinheiro tomar conta de tudo. O jogo é só um detalhe... triste!

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  2. Tempos patéticos mesmo os que vivemos... Canseira disso tudo, viu?

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  3. Até 1982 não era permitido nenhum patrocínio nas camisas de futebol. Os primeiros times que cederam espaço para publicidade em seus uniformes o fizeram somente nas costas, próximo ao número do jogador. Depois foi a parte da frente, mangas, os calções,... e hoje em dia temos até time jogando com abadá (Corinthians). Talvez suas viagens publicitárias não vinguem, mas temo pelo dia que ouvirem coisas do tipo "goooool do Flamengo/Ale!". "Parte pra cima do adversário o Gremio/Tramontina!". Isso já acontece em outros esportes. Espero estar gagá quando isso acontecer.

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