domingo, 25 de outubro de 2009

Perdão, mas eu não consigo perdoar!

Geralmente, quando um crime choca a sociedade, no calor do acontecimento, ainda sob o efeito devastador da tragédia, emitimos opiniões recheadas de ódio pelo(s) criminoso(s), inflamadas de desejo por vingança. Sensibilizamo-nos com a família da vítima e revoltamo-nos contra o(s) assassino(s). Sentimentos intensos, que são aplacados com o tempo. Até porque, infelizmente, outra tragédia não tarda a chegar para substituir a anterior.

Há uma semana, no centro do Rio, o coordenador do AfroReggae, Evandro, foi covardemente assassinado. O grupo se destaca pelo trabalho social desenvolvido nas comunidades carentes. Ao ler a notícia, fiquei bastante triste. Ao saber os detalhes que ocorreram após o crime, fiquei revoltado. Resolvi não comentar porque estava como descrito no parágrafo aí de cima. Mas estou preocupado, uma vez que um sentimento ruim não me abandona: tenho desejado ardentemente a morte – com requintes de crueldade – dos policiais que não só negaram socorro à vítima como também liberaram o assassino em troca de um par de tênis e uma jaqueta.

Que espécie é essa? O que faz um ser humano tirar a vida do outro por causa de uma jaqueta? Mas, sobretudo, o que explica um policial se comportar como o cabo Marcos Oliveira e o capitão Dennys Bizarro? Escapa à minha compreensão uma pessoa agir assim. Na boa, gostaria que antropólogos, sociólogos, psicólogos tentassem responder a essa indagação. Existe alguma ciência capaz de explicar essa brutalidade?

Mas, como disse lá em cima, estou menos preocupado com a explicação do que com o que sinto desde terça-feira. Sei que não sou melhor do que ninguém, que não devo alimentar ódio, que não tenho o direito de julgar e condenar. Isso tudo é sabido, mas também é teórico pra cacete! Fica lindo no discurso. A gente sai bem na foto. Mas confesso que tem sido mais forte que eu a vontade de ver esses dois canalhas sofrerem muito, mas muito mesmo, até a morte. Não consigo ler ou ouvir as notícias sobre o caso sem sentir repulsa, nojo, aversão por esses dois policiais.

Fico curioso para saber o que faz um advogado de defesa num julgamento de pessoas assim. O que amenizaria o crime absurdo que esses energúmenos cometeram? O que pode ser usado para atenuar a mais explícita manifestação de desumanidade? Qual a pena justa (existe?) para esses abjetos?

Honestamente, queria pensar diferente. Queria ser mais racional, maduro ou mais bem preparado para analisar esse episódio com outro olhar. Sinto inveja dos elevados de espírito. Mas, de terça-feira até hoje, tenho encontrado muita dificuldade para entender como esses dois policiais boçais podem ser enquadrados na categoria “ser humano”.

2 comentários:

  1. E viva o Rio 2016! Viva! Viva! Viva!

    É realmente revoltante e difícil não ter outro sentimento a não ser este de total inconformismo com a situação diante de tal episódio.

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  2. É complicado mesmo. Isso tb. acontece comigo. Sinto uma raiva imensa, a minha imaginação aflora e eu vejo coisas horríveis acontecenco com gente assim. Acho que isso faz até mal, e tento pensar em outras coisas, porque se eu voltar o meu pensamento para esse tipo de caso, não consigo fugir de um filme de terror em minha mente.
    Também tenho inveja dos elevados espiritualmente que conseguem ver além disso! Sorte a deles.

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