domingo, 28 de novembro de 2010

A violência que você não vê na TV!

Milhares de leitores me cobraram um texto sobre a guerra no Rio. Ops! Escrever “Milhares de leitores” é uma forma delirante de iniciar um post. Vamos recomeçar! Inúmeros leitores me cobraram... ops. “Inúmeros leitores” soa pretensioso. Na realidade, três pessoas me cobraram um texto sobre o assunto que não sai da mídia: a guerra ao tráfico no Rio. Em atenção a esses três seguidores que não têm nada de interessante para ler e insistem em perder tempo aqui, manifestarei a minha opinião.

A causa do problema não está nos maconheiros, nem no atual governo, nem no filme Tropa de Elite, nem na Globo... nem nos mais variados culpados apontados pelos especialistas de plantão. Nada disso! Há dois aspectos determinantes que, se combatidos, minimizariam bastante o problema: um diz respeito à polícia que se associa ao tráfico; o outro se refere ao descaso do Estado com sua gente.

A questão da corrupção policial é ampla, extensa, profunda e séria. Muito séria! Paga-se mal a quem deveria responder pela nossa segurança. Mas isso – todo mundo sabe – interessa a quem pode subornar um “homem da lei”. Se os policiais não se corrompessem, a elite do Brasil estaria na cadeia. Estou generalizando, óbvio. Mas, enquanto a banda podre da polícia tiver o contingente que tem, ações como as que vimos esta semana (invasões em favelas) e planos como as UPPs serão apenas paliativos, além de espetáculos para a mídia e bafejo eleitoral.

Ademais, remediar sem prevenir só empurra o problema para frente. O que vai acontecer depois que a onda de terror cessar e a polícia triunfar nas favelas invadidas? Vamos voltar à nossa rotina, é claro. Alguém aí falou em projetos para educar essa gente que é tratada como indigente? Algum “especialista” na área mencionou um plano para oferecer condições decentes de vida a quem está encravado na favela? Se o Estado trata gente como bicho, é como bicho que essa gente vai se comportar. Sonegando-lhes direitos básicos como educação, saúde, trabalho e fechando os olhos para a absurda taxa de natalidade nas camadas mais pobres da população, não dá para esperar um resultado diferente do que temos hoje.

Se é verdade que o fato de ser maltratado, ignorado e desprezado não justifica debandar para o lado do crime (são inúmeros os exemplos de gente honesta nas favelas), não é menos verdade que um Estado que explora, tortura e oprime sua gente é MUITO MAIS CRIMINOSO que a maioria dos executados e presos de que temos notícia.

domingo, 12 de setembro de 2010

Você vota neles? Então você os apoia e os aprova!

Valores e opiniões diferentes deveriam servir para aproximar as pessoas, e não afastá-las. Gosto de ouvir quem pensa diferente de mim. Presto atenção às razões empregadas para justificar determinado posicionamento. Concordando ou discordando, procuro sempre aprender com o outro. Por isso, detesto patrulhamento!

Venho sendo execrado (ontem quase apanhei) porque defendo o voto nulo. Como estarei fora do meu "domicílio eleitoral", vou justificar o voto. Mas anularia se estivesse na minha cidade. Por uma razão simples: nenhum dos candidatos merece minha confiança!

Há os que defendem o voto no menos pior. Há os que encontram uma exceção (alguém digno) em meio à regra. Pois eu não tenho a sorte destes nem concordo com aqueles.

Penso assim: suponhamos que eu seja um diretor de uma escola e tenha que contratar um professor de português. Agendo uma entrevista com os candidatos. Um comete erros gramaticais banais durante a conversa; outro demonstra desconhecer procedimentos básicos quanto à organização de uma aula; um terceiro é talentoso, mas - de acordo com informações dos outros colégios onde trabalhou - falta várias vezes ou chega, com frequência, bastante atrasado. Há outro candidato, bom conhecedor da matéria, porém não consegue transmitir satisfatoriamente seu conhecimento. E aí? Eu tenho que escolher o menos pior? Isso significa que minha escola, indiscutivelmente, vai receber um profissional ruim! Alguém que não preenche os requisitos para a função. Não seria melhor que eu rejeitasse tais professores e procurasse outro?

Enquanto prevalecer essa mentalidade de que votar no menos pior é melhor, a classe política não vai melhorar. O que se vê são representantes que não representam o povo; dirigentes que fazem do poder uma ferramenta para quintuplicar seus patrimônios; pessoas sem qualificação e - quem vota sabe disto - sem qualquer compromisso com a ética, a honestidade ou a transparência. Fico espantado quando vejo os índices de aprovação de determinados políticos. É duro constatar que quanto mais enganado, mais o povo gosta! Gostaria que os contrários à anulação do voto me dissessem o que sentem quando entram nos hospitais públicos, o que pensam da qualidade das escolas públicas, o que acham da questão da segurança, do transporte...

Eleger esses candidatos que estão aí é aprová-los! Dar o voto a alguém é dizer: "confio em você."! Tenho certeza de que, se o número de votos nulos fosse significativo, teríamos políticos mais qualificados.

Não adianta fazer pacto com ladrão e depois dar queixa!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

As 7 promessas capitais

Eu tentei! Aliás, estou tentando. Quando posso, vejo o horário eleitoral gratuito. Queria acreditar em alguém. Queria ouvir algo interessante. Mas o nível dos discursos beira o nonsense. É tudo tão patético! Candidatos toscos, ideias idem! Chega a ser ofensivo. É uma violência contra o bom senso! Às vezes sinto nojo; outras vezes, repulsa! E, confesso, há casos nos quais a gargalhada é inevitável. Na boa, do jeito que a coisa vai, já já pinta na área um candidato assim:

Caro eleitor,

Você me conhece! Por isso, peço o seu voto para lutar por você. Se eleito, prometo honrar sua confiança, cumprindo com absoluta pertinácia, inquestionável afinco e indubitável tenacidade as promessas abaixo:

1 – Prometo extinguir as segundas-feiras;

2 – Prometo proibir o ensino de análise sintática nas escolas;

3 – Prometo Luana Piovani, Paola Oliveira, Camila Pitanga, Fernanda Lima e Priscila Fantin nuas na Playboy;

4 – Prometo que motorista de ônibus bem educado será regra, e não exceção;

5 – Prometo acabar com as duplas sertanejas;

6 – Prometo tornar extremamente salutar comer pizza e beber Coca-Cola;

E, por último, promessa das promessas, promessa-mor:

7 – Prometo que o Flamengo vai rescindir o contrato de Val Baiano!

Isso é que é candidato!


sábado, 31 de julho de 2010

Palmadas na bunda do governo!

Sou contra bater em crianças. Considero covardia. Normalmente, quando pai ou mãe lançam mão do chinelo ou de outro instrumento qualquer para “corrigir” o filho, já estão sem controle e não medem a força da agressão. É a raiva, e não o amor, que move a palmada, o beliscão, a surra. Nada que a criança possa fazer justifica o ataque dos pais. É evidente que não sou a favor de pais frouxos, que permitem tudo, criando crianças completamente despreparadas para a realidade. Mas entre os que batem e os que tudo transigem existe o bom senso.

Teórico demais, eu sei. Na prática, com o estresse que suga nossa paciência, a saída mais fácil é impor respeito via violência. A gente fala, a criança não obedece; a gente “espanca”, a criança se aquieta. Mas há um preço alto a se pagar quando a intimidação substitui o diálogo. À criança, além da sensação de abandono (pais modernos estão sempre ocupados demais), fica o rancor, instaura-se o medo; aos pais – os agressores – multiplica-se a culpa. A sensação de impotência é exacerbada quando a saída é a violência.

Numa época em que quase todas as crianças são criadas por avós ou creches, a violência mais nociva aos filhos não é a física; é a emocional. A geração de hoje tem pouco contato com o colo da mãe, com o encorajamento do pai. Aprende-se o essencial à vida com os amigos, com a televisão, com a Internet, com os videogames, com os psicólogos. Os pais, de novo, estão ocupados demais. Quanto maior a sonegação dos pais, maior a rebeldia dos filhos. Mas que fique claro: quantidade de tempo juntos não significa qualidade.

Malgrado (palavrinha feia!) tudo isso, repudio a ideia de ser aprovada uma lei (o projeto já tramita na Câmara) que propõe que os pais sejam proibidos de usar castigos físicos para corrigir seus filhos. Na boa, o governo não tem nada mais importante pra fazer, não?

Que tal um projeto de lei que puna os governantes que sonegam educação de qualidade às crianças? Que tal um projeto de lei que castigue os responsáveis pelo vergonhoso e humilhante salário – a expressão “ajuda de custo” seria mais adequada aqui – que os professores da educação básica recebem? Por que não um projeto de lei impondo penas severas aos secretários de educação que fazem vista grossa às condições de ensino nas salas de aula?

Que a punição fique por conta dos pais (isso não significa ser conivente com a violência contra a criança)! Compete aos governantes oferecer condições dignas aos pais e professores na árdua tarefa de educar as crianças.

Os danos causados pela omissão do estado na área da educação são infinitamente mais graves do que algumas palmadas que as crianças possam receber!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Liberdade pra fora da cabeça!


Sempre gostei de bonés. Mas usava raramente. Faz uns quatro meses, comecei a usar com mais frequência. Para meu espanto, passei a ser perseguido. Explico: alguns coordenadores e vários outros professores passaram a me reprovar alegando que não pega bem dar aulas de boné.

Perguntei por quê. E, para meu maior espanto, as respostas variaram tanto que resolvi expô-las aqui. Esclareço a quem ainda não sabe: dou aulas de Português em cursinhos preparatórios para concurso público. Vamos aos comentários:

Uma das coordenadoras disse, reconhecendo ser preconceituosa, que boné é coisa de marginal, de gente que é parada em blitz, de quem tem o que esconder na cabeça. Outra disse que se trata de algo para moleques. Ouvi ainda que boné não combina com a profissão. Um professor, amigo, camarada, disse que eu não sou adolescente em show de rock ?!?, e houve também quem tenha dito que minha aula perde a credibilidade.

Confesso que tentei analisar cada um dos pareceres supracitados. Mas, por mais que eu me esforce, não consigo captar raciocínios tão complexos. Eis minha contra-argumentação aos meus destratores:

Boné não é coisa de marginal. Se pensarmos assim, abandonemos as bermudas, os chinelos, as cuecas porque marginal também usa tais peças. E a única coisa que eu tenho a esconder na cabeça são alguns poucos fios grisalhos que tentam povoar a mata predominantemente preta. Quanto ao outro argumento, não entendi por que boné não tem a ver com a profissão. Quem decide isso? Baseado em quê? E tatuagem? E brinco? E piercing?

Mas o pior argumento foi, sem dúvida, o da perda de credibilidade. Coméquié? Minha aula é pior por que eu uso boné? Se eu explicar as regras da crase com boné vai ficar mais complicado para o candidato entender? É isso? É impressão minha ou ainda defendem a ideia tosca de que vale julgar um livro pela capa? Isso me lembra alguns muitos eleitores de Collor, dizendo que ele era mais “apessoado” que o barbudo Lula. Na boa, se alguém desiste de assistir à minha aula porque eu estou de boné ou acha que vai aprender menos por isso, esse ornitorrinco não merece ser aprovado num concurso. Vade retro!

É óbvio que há regras e convenções a serem seguidas. É evidente que um mínimo de postura deve ser natural em quem lida com o público, dando aulas. A aparência é importante, sim. Mas fazer escarcéu por conta de um acessório como o boné e perseguir quem o usa é mais – muito mais – ridículo do que tentar criar uma ambiente informal numa aula que tende a ser maçante pelo conteúdo a ser discutido.

Acho idiotice e cafona, num país tropical, principalmente numa cidade como a do Rio de Janeiro, as pessoas usando terno e gravata. Tão ridículo quanto Papai Noel, de vermelho, com aquela barba imensa num calor de 40 graus! Mas respeito quem usa (o terno, não a roupa de Papai Noel!). Na boa, o clima do Rio pede roupa e comportamento informais. O solene é bom pra paulista! É aula de cursinho, galera!

Quem, de fato, está precisando arejar a cabeça nessa história?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Aturdido Artur!

Grata surpresa encontrar meu amigo Artur aqui nas Laranjeiras. Após a saudação inicial, barzinho e a inevitável pergunta: "E a seleção, hein?" Do sorriso aberto, meu nobre amigo passou a uma sisudez atroz. Revoltadíssimo, disparou em alguns segundos suas variadas teses sobre o futebol. Especificamente sobre a seleção, o adjetivo mais ameno que ele empregou para se referir ao Felipe Melo é impublicável aqui. Criticou o Kaká, praguejou contra o Luís Fabiano, insultou o Michel Bastos, asperejou o Robinho, vituperou até mesmo o Lúcio. Fiquei ouvindo. Esperando a vez do Dunga. Mas ele não se referiu ao nosso "treinador". Provoquei: "Cara, e o Dunga?" Presenciei uma metamorfose! De branco a vermelho, de indignado a colérico, Artur espumava pela boca tal qual um cão raivoso. Fiquei com medo, confesso. Ele esmurrou o balcão, concentrando sobre si os olhares de todo o público do Serafim. Nada se compara ao que vi. Nem mulher reclamando da pia molhada no banheiro. Com a voz elevada à décima potência, peito estufado, puxou o ar e mandou tão alto que metade dos moradores da Rua Alice pôde ouvir: "ARROMBADO"!

Foi intenso! Foi visceral! Mas também foi constrangedor! Até porque, creio eu, quase todo mundo pensou que ele se referia a mim.

Quem me mandou provocar?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

As boas da Copa!












Depois de uma semana de Copa do Mundo, resolvi fazer uma lista do que aconteceu de melhor e de pior lá na África. Como toda lista, a minha também vai apresentar itens polêmicos, eu sei. Pensando bem, acho que a intenção é exatamente essa: criar polêmica, provocar discussões, fomentar o debate. Ideias divergentes são interessantes. Ou porque nos mostram outros ângulos ou porque expõem quão ridículo o outro pode ser...

Sem mais delongas (sempre odiei essa palavra), vamos à lista. Como forma de estimular a participação dos leitores (geralmente duas pessoas), resolvi sortear entre os que postarem comentários um par de ingressos para o show do Dicró em Cordovil. Participe aí. Ih, acabei de perceber que não foi sem mais delongas...

O MLEHOR DA COPA NA 1ª SEMANA

O PIOR DA COPA NA 1ª SEMANA

1 – A beleza da torcida holandesa

1 – O futebol sonolento que as equipes vêm apresentando

2 – A beleza da jornalista espanhola Sara Carbonero

2 – A falta de educação do Dunga, xingando Alex Escobar na coletiva

3 – A faixa “Cala a boca, Galvão!”, exibida na estreia do Brasil, por um torcedor de bom gosto.

3 – A máscara de Cristiano Ronaldo

4 – A dobradinha Milton Leite – Noriega no Sportv

4 – As atuações de Felipe Melo

5 – A super câmera lenta, que nos permite ver todos os detalhes das jogadas.

5 – A dobradinha Milton Neves - Datena na Band



quarta-feira, 16 de junho de 2010

Zangado com o Dunga, é melhor tirar uma soneca!

Acabou de acabar a primeira rodada da Copa do Mundo. Acabaram de acabar minhas esperanças de ver futebol nessa competição. Já faz tempo que rola uma discussão idiota acerca do que é melhor numa Copa: jogar bonito - como fizemos em 82 -, mas ser eliminado ou jogar feio – como fizemos em 94 -, mas ficar com a taça. Óbvio que a resposta certa é jogar bonito e ficar com a taça. Nós, brasileiros, temos todas as condições para isso. Mas, a exemplo do que acontece em outras situações, preferimos copiar o que vem de fora a fazer valer nossa tradição.

A nossa derrota em 82 não foi trágica só porque ficamos sem o título na Espanha. Nossa derrota serviu como pretexto para que os boçais de plantão justificassem o futebol de marcação, o futebol de posse de bola. Ficou claro o recado: não adianta ter um time cheio de craques; é melhor um time que não se expõe tanto. Trocamos o talento por aplicação tática; a versatilidade por preparo físico; o drible por passes laterais; a finta por mediocridade; a magia por previsibilidade; a alegria por determinação. Tudo que tínhamos de melhor deu lugar a um futebol insosso e sonolento.

O tetra em 94 ajudou a coroar esse “futebol de resultado”. Não importa se jogamos feio. Importante é termos saído da fila, é termos conquistado a taça. Essa é, lamentavelmente, a visão predominante. Como se não fosse possível conquistar o título jogando bonito.

É por isso que temos esse futebol podre que tem sido apresentado na Copa da África. Já repararam que os noticiários esportivos precisam recorrer a outros expedientes para preencher a pauta? Como não há lances interessantes dentro das quatro linhas, pipocam reportagens sobre o comportamento da torcida (e tome vuvuzela nos ouvidos!), a cultura africana, as personalidades presentes no estádio, a reação dos treinadores à beira do campo, o bolão dos jornalistas... De futebol, que é a razão de ser da Copa, ninguém fala!

É duro ter que ver uma seleção brasileira encontrando dificuldades para vencer uma seleção da Coreia do Norte (o Olaria vence fácil os coreanos); é irritante ver nosso treinador escalar três volantes para enfrentar um time que não nos ataca; é doloroso saber que, ao final do jogo, atletas e comissão técnica reproduzem o ensaiado discurso do “importante foram os três pontos”. Pior do que enterrar o talento é arrumar desculpas estúpidas para isso.

Sei lá quem vai levar essa Copa. Claro que torço pelo Brasil. Mas, do fundo do coração, se isso não acontecer, não vou ficar nem um pouco chateado. Nenhum traço de amargura. Nada de decepção! Essa mentalidade que prevalece no futebol tem que acabar! Estão levando ao pé da letra a infeliz frase do Parreira: "O gol é apenas um detalhe!"

Como disse o saudoso Bussunda “existe uma enorme diferença entre entender de futebol e gostar de futebol.” Pena que o primeiro grupo é quem dá as cartas no futebol de hoje.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Bolão do Sportv é uma farsa; o futebol da Copa - até agora - também!

Impossível falar de outra coisa sem ser a Copa. Dilma foi oficializada como a candidata do PT à presidência, o aumento dos aposentados foi vetado, os juros continuam na estratosfera, o Itaú reajustou a tarifa mensal da minha conta (coitados dos bancos, devem estar numa miséria...), mas não dá para não falar da Copa. A não ser que se queira ser visto como um extraterrestre.

Pois muito bem. Esta Copa até agora não começou. Dos oito primeiros jogos, só o da Alemanha salvou. Neste jogo foi possível ver futebol. Nos outros...

O primeiro jogo foi morno. O segundo foi o melhor antídoto contra insônia que já produziram: França e Uruguai protagonizaram um dos espetáculos mais patéticos que já vi numa Copa. No segundo dia, Coreia do Sul x Grécia (sofrível), Argentina x Nigéria (decepcionante) e Inglaterra x Estados Unidos foi o jogo menos ruim. Mas foi ruim! Terceiro dia: Eslovênia x Argélia (pior que pelada no Aterro), Sérvia x Gana (um festival de incompetência) e UFA!, Alemanha x Austrália, jogo que salvou o final de semana. Seria melhor se o Sportv não me sacaneasse e apagasse misteriosamente meu palpite no bolão: não só cravei 4 a 0 Alemanha como acertei quem faria o último gol. Mas, como o site do Sportv é uma bosta, meus palpites não foram registrados (depois de eles confirmarem o recebimento da minha aposta)! Perdi uma TV! Fazer o quê?

Por conta disso, resolvi dedicar meu tempo a outras coisas. Desisti da ideia insana de ver qualquer jogo, agora só paro em frente à tv se for jogo bom. Há coisas mais interessantes pra fazer. Vou organizar o armário e as gavetas, colocar a leitura em dia, voltar para a academia a fim de desenvolver o tríceps e reduzir a pânceps, visitar alguns amigos, marcar dentista, consertar o ventilador...! Mais tarde eu começo a fazer tudo isso, porque agora vai começar Eslováquia X Nova Zelândia.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Missão Impossível ou À Espera de um Milagre?

Zico está de volta ao Flamengo. A partir desta terça-feira, o maior ídolo da maior torcida do mundo assume o cargo de diretor-executivo. É para celebrar. Ter o Zico por perto é sempre bom. Craque dentro de campo, sensato e bom caráter, o Galinho certamente haverá de atrair energias positivas para a Gávea, além de investimentos, é óbvio. Um detalhe, porém, me deixa bastante intrigado: com a zona que impera no clube mais querido do Brasil, conseguirá Zico executar seu trabalho em paz?

Creio se tratar da batalha do bem contra o mal. De um lado, dirigentes amadores, passionais, insensatos, gananciosos. Pessoas que se servem do clube em vez de servir ao clube. Amadores que levaram e levam o time de maior arrecadação no futebol brasileiro à falência. Do outro lado, alguém com princípios morais elevados, alguém ético, alguém que se recusa a aceitar a picaretagem como algo normal. Sei não, mas essa batalha vai ser mais difícil do que driblar os zagueiros adversários, algo que Zico fazia com habilidade e talento incríveis.

A maior virtude de Zico como jogador foi a capacidade de antever o lance. Rápido, o Galinho, mal recebia a bola, dava-lhe um destino certeiro. Zico consagrou artilheiros e foi um deles. Executava todos os fundamentos com maestria. Como dirigente, terá tarefa mais árdua.

Em meio a tanto amadorismo, terá que administrar vaidades, terá que dirigir uma casa que não impõe respeito mais. Uma instituição que deveria ser forte financeiramente, mas que está atolada em dívidas estratosféricas. Um clube que é grande na imaginação de seus torcedores, mas que é minúsculo quando se observa a estrutura precária e o patrimônio dilapidado. Um time que, quando contava com ele dentro de campo, era composto por atletas comprometidos com a profissão; hoje, está repleto de atletas que têm ótimo desempenho nas noitadas, e um pífio desempenho nas partidas; jogadores que não acertam passes de três metros e se recusam a treinar como se craques fossem.

Os inúmeros triunfos de Zico como atleta foram frutos de dedicação, treinamento e, sobretudo, comprometimento! Por isso ele não é e nunca foi milagreiro! Mas pode ser: se ele levar o elenco do Flamengo a cultivar esses hábitos e conseguir ventilar a cabeça dos dirigentes, a canonização é inevitável.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mesa redonda com ideias quadradas

Daqui a pouco começa a Copa do Mundo na África do Sul. Adoro essa competição. Se não precisasse trabalhar, assistiria a todos os jogos. Aprecio até Honduras x Suíça! Se pudesse, eu me isolaria do mundo e ficava trancado no quarto vendo os jogos, os debates (dialogando com a TV e criticando os críticos) e as reprises dos jogos. Gosto do clima, das imagens, dos estádios lotados, das surpresas que o futebol sempre oferece. O que jamais surpreende são os nossos comentaristas esportivos. Como são previsíveis! Como são óbvios! Como são chatos! Mais chatos que o Dunga!

Nossa seleção pode trazer o Hexa! E, vejam como sou perspicaz, pode não trazer! Para provar que os analistas esportivos, em sua maioria, não acrescentam nada, antecipo aqui os textos que serão publicados na mídia. Caso Dunga e seus volantes tragam o caneco, os textos serão mais ou menos assim:

“O mundo se rende ao futebol brasileiro. Indiscutivelmente, somos o país do futebol. O hexa veio na raça, na garra, na aplicação tática de um time que é a cara do seu treinador. Dunga se iguala a Zagallo e a Beckenbauer (campeões como jogadores e como treinadores), compondo um trio de respeito. Demonstrando personalidade e coerência, nosso técnico não deu ouvidos a apelos insensatos e repetiu a estratégia de Parreira em 94, montando um time de guerreiros. Nossa intransponível zaga, garantida por um meio de campo consistente, provou ao mundo que o futebol brasileiro também sabe se defender. E, na hora de atacar, nosso talento sempre fala mais alto. Valeu, Dunga!”

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, desconfio de que o resultado não será esse (torço para estar errado). Se nossa seleção fracassar na África, os textos serão mais ou menos assim:

“Por que abrir mão das raízes do nosso futebol? Por que copiar o modelo europeu? Ao recusar talentos como Ganso, Neimar, Ronaldinho Gaúcho e similares, e congestionar nossa seleção de volantes trogloditas, o teimoso e iracundo Dunga minou as possibilidades de conquistarmos o hexa. O que se viu foi um futebol pobre tal qual o modelo de 94. Mas lá havia Romário. Na África, havia jogadores vindo de contusão no ataque e um sem número de cabeças de área. Enquanto seleções como Argentina e Espanha encantavam com um futebol ofensivo, o Brasil decepcionava com um futebol medíocre e enfadonho. Que nos sirva de lição para 2014!”

Preparem-se! Será um festival de asneiras para Bruno nenhum botar defeito! Em caso de eliminação, vão dizer até que Ronaldo Fenômeno tinha que ter sido escalado. Ou Obina!

Uma pesquisa rápida nos textos da crônica esportiva antes e depois da eliminação do Brasil em 82 vai comprovar o que estou dizendo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cala a boca, Secretário!

Hoje, um acidente envolvendo sete carros, na Ponte Rio-Niterói (sentido Rio) provocou um monstruoso engarrafamento na cidade de Arariboia. Nenhuma novidade, certo? Acidentes na ponte, infelizmente, são comuns. E engarrafamento em Niterói é redundância. O que causou estranhamento foi o apelo do secretário de trânsito de Nikity, Sérgio Marcolini, sugerindo que o cidadão niteroiense pare de usar seu carro e recorra à travessia da baía de Guanabara via barca.

Em primeiro lugar, gostaria de saber se Vossa Excelência usa o serviço oferecido pelas Barcas S.A. Usa? Sabe o que é isso? Já enfrentou, pelo menos uma vez na vida, uma fila básica de trinta minutos para conseguir acessar à estação e lá suar feito frequentador de sauna? Já ficou feito bicho, todo espremido atrás de uma corda aguardando a liberação para entrar na embarcação? Já imaginou essa rotina de segunda a sexta?

Em segundo lugar, gostaria de saber se o acesso ao centro de Niterói, onde está a estação das barcas, ficará livre. O cidadão que mora no Fonseca, no Barreto, em Icaraí, no Ingá – bairros próximos ao Centro - chegará, utilizando transporte público, em quanto tempo à estação das barcas? Dá pra imaginar a situação: troca-se o carro por um ônibus que vai passar sabe-se lá quando, lotado, deixando o cidadão no “aprazível” terminal rodoviário. Uma caminhada de dez minutos, uma fila de trinta... que beleza! Vossa Excelência faria isso? Diariamente?

Em terceiro lugar, gostaria que Vossa Excelência me respondesse o óbvio: o que falta para que as barcas criem uma linha direta para São Gonçalo? Hum... isso melhoraria muito a situação, mas... mas... Seria interessante Vossa Excelência explicar esse “mas”, não? Enquanto não rola uma explicação, vou fazer uma suposição: as empresas de ônibus que fazem o trajeto Niterói-São Gonçalo ou Qualquer Lugar do Rio-São Gonçalo concedem uma generosa verba à prefeitura – além de financiarem a campanha do prefeito e de alguns vereadores – a fim de garantirem que a linha direta das barcas Praça XV-São Gonçalo não acontecerá. Será?

Seria bom se nossas autoridades, antes de dizerem asneiras, dessem exemplos. Fácil pedir que o cidadão deixe o seu carro em casa. Fácil repassar a responsabilidade. Fácil fechar os olhos para o óbvio.

Difícil é oferecer transporte público de qualidade (se isso existisse, apelos idiotas como o seu, secretário, seriam desnecessários). Difícil é combater a máfia das empresas de ônibus. Difícil é planejar para não ter que remediar.



quarta-feira, 5 de maio de 2010

Em nome de Deus

No episódio envolvendo os jogadores do Santos numa visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com paralisia cerebral, para entregar ovos de Páscoa, uma parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusou a entrar na entidade e preferiu ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação de que são evangélicos e não sabiam que se tratava de uma casa espírita.

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço de que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.

A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas.

E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina - ou pelo menos deveria ensinar -, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e a miséria de uma paralisia cerebral.

René Kivitz, cristão, pastor evangélico.--
"OS LIMITES SÃO FÍSICOS. AS LIMITAÇÕES SÃO MENTAIS"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Caraca! Agora é o Caracas!

Como não poderia deixar de ser, vários amigos botafoguenses, ops... incoerente, incoerente, vou tentar de novo... Como não poderia deixar de ser, alguns amigos botafoguenses me enviaram mensagens, tentando tirar uma onda com o título conquistado ontem. Depois de três vices consecutivos (oito se incluirmos finais de turnos), o Fogão, finalmente, comemorou um título vencendo o Flamengo. Aproveitem, caros fregueses, pois você sabem que isso é raro! Agora, a diferença caiu. São 31 títulos para o Flamengo! 19 para o Botafogo. Aí, Fogão! Tá chegando, hein!

Vitória justa! Merecida! Dos 34 pênaltis ocorridos no jogo, o juiz resolveu marcar só três. Venceu quem soube bater melhor os pênaltis. E, cá entre nós, impressiona a estrela do Joel Santana. Mas, querem saber? Foi fácil digerir a derrota de ontem. Perto dos outros problemas do Flamengo, um vice de segundo turno não significa muita coisa. Quarta-feira, ou carimbamos a vaga para as oitavas na Libertadores ou...

E se a vaga vier? E se o Flamengo enfrentar Corinthians ou Estudiantes na próxima fase? A bola que o Flamengo tem jogado o credencia ao título sul-americano? O que pode levar o Flamengo ao tão sonhado Bi da Libertadores? Eis algumas sugestões:

1 – Barrar Toró, um presente de grego vindo do Fluminense. De promessa de craque, Toró passou a ser um volante sofrível. Só aparece em campo ao errar um passe (isso só acontece quando ele está com a bola) ou ao receber um cartão do árbitro (isso só acontece quando ele comete uma falta);

2 – Cortar as regalias do Imperador. Tudo bem que Adriano, mesmo gordo, cansado e deprimido é infinitamente melhor que Mezenga, Dênis Marques e Gil juntos. Mas essa de passar a mão na cabeça de um marmanjo que não se empenha como os demais é demais. Demais!

3 – Com Adriano em campo, espera-se que o time jogue pelos lados, explorando cruzamentos na área adversária (foi assim que saiu o primeiro gol ontem). Por que, então, o time insiste em jogar pelo meio?

4 – Pet, marrento, parado e idoso é melhor que Pacheco (péssimo ator, péssimo ator!), Michel e quem quer que seja. Incrível o Andrade não enxergar isso. Quem conduziu o Mengão ao hexa dentro de campo no último brasileiro? Essa história de congestionar meio de campo com brucutu já deu! Na verdade, acho que Pet e Pacheco (desde que pare de se jogar no chão) devem jogar juntos.

Com tudo isso - e muita sorte - podemos sonhar. Até porque não há time algum encantando na Libertadores (o Santos está na Copa do Brasil). Se a LDU conseguiu, por que não o Flamengo? Se bem que para os equatorianos sobrava altitude; ao Flamengo falta atitude!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Morrem no morro

Mesmo o mais indiferente, o mais frio, o mais insensível dos homens deve ter se sensibilizado com a tragédia que ocorreu semana passada aqui no Rio, mais especificamente, em Niterói. Centenas de mortos, vários desabrigados, pessoas sem o que comer, sem lugar para morar, contando o número de parentes que se foram.

Choveu forte! Choveu muito! Mas, sinto muito dizer isto: essa tragédia foi apenas mais uma, que, em breve, será esquecida pela mídia, ignorada pelas autoridades e apagada da memória pela sociedade. Ou, por acaso, essa foi a primeira? As anteriores serviram para que alguma atitude de prevenção fosse tomada?

Em tom de deboche, escrevi aqui neste blog, em dezembro passado, alguma previsões para este ano. Incluí as enchente no Rio de Janeiro. O deboche fica por conta de isso ser uma “fantástica previsão”. E para aí! Como o número de absurdos praticados pelas nossas autoridades é estratosférico, já não nos incomodamos mais. A gente leva tanta porrada que um soco a mais aumenta a ferida, no entanto não aumenta a dor.

Quem vai se responsabilizar pelo que houve? O governo vai pôr a culpa nos moradores. Ok, as construções são irregulares. Mas eu estou enganado ou é OBRIGAÇÃO do governo fiscalizar isso? O que fazem as autoridades com o dinheiro arrecadado com os tributos? Em Niterói, temos um dos IPTUs mais caros do Brasil. Confesso que não manjo nada de Direito Tributário, mas, ainda que uma coisa não tenha nada a ver com a outra, sabemos que permitir construção em área de risco é OMISSÃO das autoridades. Resumindo: alguém vai para a cadeia? Alguém será punido? Claro que não!

Então, sinto muito dizer: vai acontecer de novo. Em 2011, ou 2012, talvez em 2013. VAI ACONTECER DE NOVO! Porque a sociedade é sem vergonha. Porque as autoridades não se sentem ameaçadas. Porque nada é mais triste do que a ignorância. Porque são justamente essas pessoas que não têm onde morar, que não recebem educação de qualidade, que não recebem saúde decente, enfim, são justamente essas pessoas, que são tratadas como lixo, que elegem Suas Excelências.

Dá nojo ver a cara de consternação de governadores e prefeitos quando episódios assim ocorrem. Dá raiva saber que serão eleitos e reeleitos em outubro pessoas que deixam claro que o único compromisso que têm é com a ganância, a hipocrisia, o corporativismo, a perpetuação no poder. Maquiam cidades, pintando praças. Fingem que cuidam do povo, praticando o mais repulsivo assistencialismo. Engordam suas contas bancárias com negociatas, propinas e afins.

Era pra ser de brincadeira, era pra ser uma caricatura apenas. Mas Chico Anysio, pra variar, acertou em cheio com o personagem Justo Veríssimo: Suas Excelências têm horror a pobre!

sexta-feira, 12 de março de 2010

OniPTência



Estas são as palavras que o sacerdote falou a todo o Brasil, do Oiapoque ao Chuí:
E sucedeu que, no ano dois milésimo décimo, no mês terceiro, no undécimo dia do mês, o sacerdote falou aos filhos do Brasil, conforme a tudo o que o LULA lhe mandara acerca deles. LULA, nosso Senhor, nos falou em Brasília, dizendo: "Assaz vós haveis reclamado neste país. Arrependei-vos e observai o que vos tenho feito a vós e a vossos conterrâneos.

Eis que tenho posto a casa em ordem. Nunca antes na história deste país foram distribuídas tantas cestas básicas. Nunca antes na história deste país foram colocados em prática tantos programas assistencialistas. Nunca antes na história deste país foram inaugurados tantos hospitais. O fato de os hospitais ainda não funcionarem é um detalhe.

Em verdade em verdade vos digo que aquele que não reconhecer que hoje temos menos corrupção, menos inflação e menos gente com fome merece ter o Serra como presidente. Acaso quereis o PSDB de volta ao poder? Porventura já esquecestes os governos anteriores? Tornai-vos sensatos, ó raça de murmuradores! Eu vos tenho multiplicado as riquezas – se vós inquirirdes os banqueiros, vereis que é verdade. Eu vos tenho reduzido a jornada de trabalho – se vós arguirdes os deputados e senadores, comprovareis que é verdade. Eu vos tenho revelado o caminho do paraíso... fiscal – se vós indagardes os integrantes dos governos, atestareis que é verdade.

Como continuar a caminhada rumo ao primeiro mundo? Sabeis vós que até mesmo Obama disse ser eu O CARA. Destarte, ponde vossa cabeça no lugar, cessai os queixumes, interrompei as querelas e dai suporte à minha candidata. Não vos esqueçais de sufragar o nome de Dilma no próximo pleito. Eis que é chegada a hora. Não temais! Agindo o PT, quem impedirá?"

domingo, 7 de março de 2010

Tópi Fáivi + 1

1 - O PSB está propondo o “voto destituinte”, uma ferramenta que permitirá a nós, eleitores, destituir do cargo os deputados, senadores e quejandos que não exercerem dignamente seus mandatos. Nos EUA, existe algo parecido: trata-se do recall, e foi por intermédio desse instrumento que destituíram do cargo o governador da Califórnia, Gray Davis, em 2003. No lugar dele foi eleito Arnold Schwarzenegger. A proposta é excelente, por isso não acredito que seja aprovada. E, se por uma aberração qualquer, a proposta passar, vamos ter que fazer recall ininterruptamente...

2 - Sábado choveu durante aproximadamente 30 minutos no Rio. Chuva forte, é verdade. Mas espanta o despreparo da cidade para esse fenômeno natural da natureza. Ruas alagadas, caos no trânsito, bairros sem luz até domingo de manhã (será que existe uma prestadora de serviço pior do que a Light? A NET está fora do páreo, pois é hours-concours). Quem paga os prejuízos dos donos de bares? Quem vai consolar aqueles que não puderam assistir ao Zorra Total, sábado à noite? Pensando bem, o carioca – faz tempo – vive numa zorra total!

3 - Estava muito a fim de ver Fernanda Torres em A Casa dos Budas Ditosos, no teatro Fashion Mall. Preço do ingresso: R$ 90,00. Ou seja: eu e minha namorada gastaríamos, por baixo, uns R$ 250,00 pelo programa. Claro que esse preço tem a ver com o derrame de carteirinhas falsas, que garantem a quase todo mundo (estudantes e, principalmente, não estudantes) um desconto de 50%. Como não tenho a carteirinha, pago o valor integral. Ou melhor, não pago. Fico na vontade. Esse negócio de não se corromper sai caro...

4 - São 70 deputados na Assembleia Legislativa do Rio. Mais da metade – 37 para ser mais exato – responde a processo criminal. Você contrataria os serviços de uma empresa com esse perfil? Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Quer apostar como boa parte desses 37 consegue a reeleição?

5 - Num tempo remoto, Pedro Bial cobriu a queda do Muro de Berlim. Hoje, apresenta o Big Brother (eu confesso: vejo e gosto) e discute, ao vivo, em horário nobre, se os confinados da casa mais vigiada do Brasil soltam pum ou não. Fedeu!

5 + 1 - Amanhã é o Dia Internacional da Mulher. Parabéns, queridas! Às mulheres da minha vida agradeço tudo que vocês me ensinaram e ensinam até hoje. Continuem embelezando nosso mundo. Nós, humildes aprendizes, haveremos de recompensá-las! Parabéns especial para a Thati, a mulher que me encontrou num estado emocional tão ruim, andando de bar em bar, procurando não achar... Ela me tem feito tão bem que eu também quero fazer isso por ela!


sexta-feira, 5 de março de 2010

Brasil: um país de toLos!

Nunca imaginei que minha decisão de anular o voto pudesse provocar tantas críticas e reprovações. Foi o que ocorreu no intervalo de uma das aulas desta semana. Conversando com um grupo de alunos, revelei que anulo o voto desde que Lula foi eleito presidente pela primeira vez. Choveram protestos, e uma das alunas chegou a me cobrar, de forma quase agressiva, uma “atitude de cidadania”. Levei nota zero dos meus queridos discentes.

Há quem diga que anular o voto pode provocar novas eleições. Trata-se, segundo um especialista na área de Direito Eleitoral com quem conversei, de uma lenda. Votos brancos e nulos não são computados como válidos. Isso geralmente provoca discussões intermináveis entre os estudiosos da lei, o que, definitivamente, não é o meu caso. Não anulo meu voto porque acredito que isso possa provocar novas eleições. Anulo por uma razão simples: não aprovo nenhum desses picaretas que concorrem aos cargos eletivos.

No Brasil, vota-se por interesse particular. Trocam-se favores. O voto vem fácil quando cestas básicas são doadas, bolsas de estudos são distribuídas, cargos comissionados são generosamente oferecidos. E é óbvio que nada disso – NADA MESMO – sai do bolso do candidato. É o eleitor quem paga a conta. É o eleitor quem dá suporte a esse jogo sujo de “toma lá dá cá”. O que o eleitor dificilmente percebe é que, submetendo-se a esse jogo, ele perde muito mais do que ganha. Por incrível que pareça, é o pobre, semi-indigente e ignorante eleitor que coloca no poder aqueles que tramarão conscientemente a permanência desse eleitor no absoluto estado de miséria em que ele se encontra. A vítima legitima o serviço do algoz.

Há ainda os que defendem a ideia de que devemos eleger o “menos pior”. É a cara do povo brasileiro: resignado, conformado... Menos pior é o cacete! Suas Excelências têm todas as condições de prestar um serviço digno ao povo que os elege. Não o fazem porque já se candidatam com outras intenções. Ou ainda há quem acredite na falácia dessa corja? Há! Infelizmente, há!

Queria, do fundo do coração, que essas pessoas crédulas, que ainda elegem os canalhas, me dissessem o que elas sentem quando passam pela Cidade da Música, no Rio. O que elas sentem quando pagam impostos estratosféricos? O que elas sentem quando observam a saúde pública? O que elas sentem quando são informadas de que um professor da rede estadual de ensino recebe menos de R$ 900,00 por mês? O que elas sentem quando as ruas da cidade alagam depois de dez minutos de chuva? O que elas sentem quando precisam usar transporte público como o metrô, por exemplo? O que elas sentem quando tomam ciência de que os deputados “trabalham” de terça a quinta?

Será que rola orgulho? Parece que sim, porque continuam votando em quem é responsável por tudo isso.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

As feias que me desculpem, mas Photoshop é fundamental



Em Londres e Paris, legisladores apresentaram propostas para que campanhas publicitárias contendo fotos retocadas com o photoshop (ou seja: todas elas) explicitem no anúncio o uso de tal recurso. Eles estão preocupados com a possibilidade de meninas e mulheres se sentirem excessivamente pressionadas a corresponder às imagens presentes nas revistas de beleza. "Quando adolescentes e mulheres olham para tais fotos nas revistas, elas acabam se sentindo infelizes consigo mesmas", disse um dos parlamentares britânicos. O depoimento de uma legisladora francesa é ainda mais interessante: "Essas fotos podem levar as pessoas a acreditarem em realidades que, com frequência, não existem".

E agora? Será que a proposta vira lei? E será que, virando lei, pega? O que vale a pena discutir, entre outros aspectos, é o seguinte: o fato de aparecer na foto que o photoshop foi utilizado vai resolver “o problema”? A menina vê uma “mulher perfeita” na foto e se sente mal, mas, se aparecer, lá no rodapé, “contém photoshop”, a menina que não tem aquele corpo se sente bem. É isso?

Outra proposta – mais radical – sugere acabar com o uso do programa que retira “imperfeições”. Photoshop proibido! Os mais sarcásticos vão dizer que essa proposta é coisa de gente feia. Os conservadores vão apoiar a medida, afinal de contas, sem photoshop, todas as mulheres serão “decentes”. Fiquei imaginando os comentários feitos diante de um ex-BBB na Playboy: homem: “que bunda!”; mulher: “ali as celulites!”; homem: “que bunda!”; mulher: ali as estrias!”; homem, variando um pouco a análise: “hum, que bunda!”; mulher: “é ruim de num tá com photoshop, hein!”

Faz um tempinho que o ideal de beleza exige uma vida de sacrifícios. Mulheres bonitas devem ser magras, muito magras. Se sentar e fizer dobrinha ou bolinho na barriga, de imediato vêm à mente academia, dieta e lipo. Apareceu bochechuda na foto? Apaga e tira outra, na qual basta prender a respiração para melhorar a pose.

E qual o papel masculino nessa trama? Quando o assunto é ideal de beleza, as mulheres se sentem pressionadas por quem? Não dá para generalizar, por isso falo por mim: a beleza (subjetiva que só ela!) é assaz desejável, deveras agradável! Porém, outros atributos são muito mais interessantes. Inteligência, bom humor e companheirismo, por exemplo, falam mais alto. Garanto! Palavra de quem só “pegou” mulher bonita!

Ou não!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Muda o título, Maneco!


Marcos é casado com Helena, mas teve (está tendo) um caso com Dora, que está grávida dele (Marcos) ou do argentino (ela não sabe quem é o pai), dono de uma pousada em Búzios. Helena, esposa de Marcos, está flertando com Bruno (filho bastardo de Marcos). Bruno já pegou Luciana (filha de Marcos, portanto irmã- por parte de pai – de Bruno). Gustavo é casado com Betina, mas tem um rolo com Malu (prima de Betina). Malu é noiva de “Bebezão”. Betina, esposa de Gustavo, tem um caso com uma porta... quer dizer... com Carlos, personagem “interpretado” por Carlos Casagrande. A filha de Betina e Gustavo é casada com um dono de restaurante que pega uma cliente. E Miguel, irmão gêmeo de Jorge, deixa claro que é a fim de Luciana – namorada de Jorge. Miguel tem uma namorada – Renatinha – que passa mais tempo com um “amigo” do que com ele (Miguel).

Na boa: a novela se chama Viver a Vida, mas é impressão minha ou seria mais adequado outro título? Que tal "Pegação Geral"? Ah, não! Parece coisa de adolescente... Quem sabe "Todos somos cornos"? Hum, péssimo... péssimo, além de vulgar! Ah, talvez "Orgias no Leblon"? Horrível, né? Tá bom, eu me rendo: sou fraco para títulos! Sou pior até mesmo que o Manoel Carlos! Mas, se você analisar o enredo da novela direitinho - bem direitinho -, perceberá que os títulos sugeridos não agridem tanto.
Prefiro viver outra vida!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Na fila com a Mulher Maravilha



Há certas situações pelas quais passamos cujas imagens deveriam ser registradas. É porque se a gente narrar, as pessoas vão julgar se tratar de invencionices. Quem, por exemplo, acreditaria na beleza da Scarlett Johansson se não fossem as imagens? Ontem, experimentei algo que não posso deixar de compartilhar com vocês. Espero, honestamente, que ninguém acredite. Mas vou contar mesmo assim.

Estava na fila do supermercado. Caixa Rápido, destinado a quem compra até 12 volumes. Entendo volume como quantidade de mercadoria. Ou seja: a atendente deve fazer, no máximo, 12 registros no caixa. Mas, sempre percebi que vários clientes entravam nessa fila com mais – muito mais – de 12 mercadorias. Há alguns meses, fiz uma observação ao gerente quanto a essa situação. Mas, com todo o respeito, gerente de supermercado exige um tipo de comunicação para o qual não me sinto preparado. Os caras são – quase sempre – assustadoramente incompetentes!

Ontem, porém, decidi me omitir. Nada de reclamações! Estava zen! Calmo como baiano na rede, sereno como Pat Morita em Karatê Kid, tranquilo como um imunizado do BBB. Percebi que um rapaz à minha frente estava com o carrinho repleto de bebidas. Ele estava sem camisa e usava aquele tipo de bermuda que tem cintura na virilha a fim de facilitar a propaganda da marca da cueca. O cara era forte! De repente, chega atrás de mim uma mulher com cabelos longos, morena, alta, blusa decotada, calça justa com direito à marca de biquíni à mostra. Observando a comissão de frente e a retaguarda, pré-julguei a moça como uma mulher de peito e uma bundona também. Deve pagar IPTU dobrado.

Ela, com uma voz estilo Ângela Rô Rô, reclama com ele: “Ei, você está na fila errada. Aqui é só até 12 volumes”. Ele olhou meio de lado e não deu ideia. Permaneceu como e onde estava. Ela aumentou o volume: “Mermão, tu tá na fila errada, sabe contar não?” Ele, sorriso debochado, se volta para trás e pergunta: “Quer contar pra mim?” Ela, mais irritada: “Só de cerveja aí tem mais de vinte latas, fora as outras bebidas...”. Ele alegou que se tratava do mesmo produto, portanto deveria ser contado como um volume (argumento podre, né?). Nesse momento, eu, estrategicamente posicionado entre os dois, pensei em trocar de fila. Mas não deu tempo. Quando o rapaz disse que a mulher era estressada e “mal comida”, ela partiu pra cima dele e, para espanto geral, apertou-lhe, espremeu-lhe, torceu-lhe, comprimiu-lhe, pressionou-lhe aquela parte que você está imaginando. Sim, ali mesmo. De onde todos viemos! A região mais dolorida que existe para nós, homens. Durante uns cinco segundos, a visão foi dantesca. Um “pitboy” se retorcendo de dor, e uma mulher segurando-lhe as bolas, ordenando que ele saísse da fila.

Funcionários da loja intervieram e puseram fim à agonia do cliente. Terminada a confusão, ela passou a ficar na minha frente na fila. Foi uma excelente oportunidade para que eu deixasse meu lado cavalheiro aflorar. Quando ela, meio confusa, me perguntou se havia furado a fila, eu, firme e resoluto, disse: “cla-cla-cla-claro que que na-na-na-não!”