segunda-feira, 12 de julho de 2010

Liberdade pra fora da cabeça!


Sempre gostei de bonés. Mas usava raramente. Faz uns quatro meses, comecei a usar com mais frequência. Para meu espanto, passei a ser perseguido. Explico: alguns coordenadores e vários outros professores passaram a me reprovar alegando que não pega bem dar aulas de boné.

Perguntei por quê. E, para meu maior espanto, as respostas variaram tanto que resolvi expô-las aqui. Esclareço a quem ainda não sabe: dou aulas de Português em cursinhos preparatórios para concurso público. Vamos aos comentários:

Uma das coordenadoras disse, reconhecendo ser preconceituosa, que boné é coisa de marginal, de gente que é parada em blitz, de quem tem o que esconder na cabeça. Outra disse que se trata de algo para moleques. Ouvi ainda que boné não combina com a profissão. Um professor, amigo, camarada, disse que eu não sou adolescente em show de rock ?!?, e houve também quem tenha dito que minha aula perde a credibilidade.

Confesso que tentei analisar cada um dos pareceres supracitados. Mas, por mais que eu me esforce, não consigo captar raciocínios tão complexos. Eis minha contra-argumentação aos meus destratores:

Boné não é coisa de marginal. Se pensarmos assim, abandonemos as bermudas, os chinelos, as cuecas porque marginal também usa tais peças. E a única coisa que eu tenho a esconder na cabeça são alguns poucos fios grisalhos que tentam povoar a mata predominantemente preta. Quanto ao outro argumento, não entendi por que boné não tem a ver com a profissão. Quem decide isso? Baseado em quê? E tatuagem? E brinco? E piercing?

Mas o pior argumento foi, sem dúvida, o da perda de credibilidade. Coméquié? Minha aula é pior por que eu uso boné? Se eu explicar as regras da crase com boné vai ficar mais complicado para o candidato entender? É isso? É impressão minha ou ainda defendem a ideia tosca de que vale julgar um livro pela capa? Isso me lembra alguns muitos eleitores de Collor, dizendo que ele era mais “apessoado” que o barbudo Lula. Na boa, se alguém desiste de assistir à minha aula porque eu estou de boné ou acha que vai aprender menos por isso, esse ornitorrinco não merece ser aprovado num concurso. Vade retro!

É óbvio que há regras e convenções a serem seguidas. É evidente que um mínimo de postura deve ser natural em quem lida com o público, dando aulas. A aparência é importante, sim. Mas fazer escarcéu por conta de um acessório como o boné e perseguir quem o usa é mais – muito mais – ridículo do que tentar criar uma ambiente informal numa aula que tende a ser maçante pelo conteúdo a ser discutido.

Acho idiotice e cafona, num país tropical, principalmente numa cidade como a do Rio de Janeiro, as pessoas usando terno e gravata. Tão ridículo quanto Papai Noel, de vermelho, com aquela barba imensa num calor de 40 graus! Mas respeito quem usa (o terno, não a roupa de Papai Noel!). Na boa, o clima do Rio pede roupa e comportamento informais. O solene é bom pra paulista! É aula de cursinho, galera!

Quem, de fato, está precisando arejar a cabeça nessa história?

11 comentários:

  1. Eu acho que pega mal pela credibilidade. Quem conhece as suas aulas não tem o porque analisar, porque as conhece. Mas pense em quem vai dar uma olhada em como funciona o curso e vê um professor dando aula de boné. Pega mal! É uma questão de "boas maneiras". Use antes, use depois...

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  2. Também acho que não fica bem, que pega mal! Mas por que?? "Quem decide isso? Baseado em quê? E tatuagem? E brinco? E piercing?"

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  3. É sério isso???? PELAMORDASANTA!!!! O que define a capacidade de alguém não é a roupa que ela usa e sim o conhecimento que ela demonstra....e cá para nós, VOCÊ É PROFESSOR DE PORTUGUÊS, E NÃO DE DIREITO!!! Exigir que você use terno, ou outra papagaiada é uma idiotice. Conheço professores de direito que tem um mega tatuagem e isso ninguém perturba né???
    Já existem tantos problemas sérios para as pessoas ficarem azucrinando nosso juízo com besteiras né professor?
    DEIXA O BONÉ, PORQUE PARA MIM ELE É SUA MARCA REGISTRADA! Quem não gostar vai tentar aprender português com um professor fuleirinho qualquer, porquê esse "prof" aqui arrebenta a boca do balão!!
    P.S: Ih, MAIOR MORAL HEIN PROFESSOR? DEPOIS EU COBRO O MEU INGRESSO DO DICRÓ QUE TU TÁ ME DEVENDO...

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  4. Palmas para você... na verdade o que muita gente ainda fala é de você almoçar com boné...
    O que acontece é que por algum lapso da cultura brasileira, do que foi passado pelos nossos antepassados é que eles, na época de uns muitos anos atrás, tiravam o chapéu em sinal de cumprimento, e não por respeito como outras muitas pessoas falam... e isso veio com as contemporaneas pessoas das cavernas que vivem até hoje no nosso meio.
    Faça da sua aula a melhor possível, com ou sem boné. Se for tomar por isso, teria que dar aula de musculação de calça jeans e blusinha social.

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  5. Argh!!! Como assim? Sem exageros: sua aula é a melhor aula de Português que eu já vi e olha que eu rodei nesses cursinhos. Se o professor é tatuado, usa piercing, usa boné ou não é PROBLEMA DELE! Já tive aulas com professores engomadinhos que não chegam aos seus pés.
    Se fosse pra apresentar o Jornal Nacional, tudo bem...
    Bjs, Luz!

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  6. Não entendi os dois primeiros comentários que se mostram contrários ao boné na aula, mas não justificam. Como assim "questão de boas maneiras"? O boné significa maus maneiras? rsrsrs
    Luz, meu querido, quando não existe nada para falar da gente, as pessoas inventam. É uma necessidade, sabe?
    Lembra aquela aluna louca que reclamou das suas piadas sobre as mulheres? Pois é! Se não for o o boné, vai ser a piada, a tatuagem, vai ser alguma coisa.
    O que interessa é o conteúdo passado. E concordo com sua estratégia de descontrair a aula porque português é muito chato.
    Viva o boné!

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  7. O boné em si realmente não deveria causar tanta celeuma. Mas a informalidade que ele passa, talvez seja a questão. Provavelmente a empresa por trás do cursinho não queira associar-se a uma imagem de informalidade. Por mais que a gente não queira, felizmente ou infelizmente, somos presos a hábitos e costumes, que com certeza podem mudar com o tempo e/ou a época em que vivemos. Mas as transições são sempre lentas e gradativas. Acho que o segredo é o equilíbrio.
    Abraço.

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  8. Meu caro, é fato que seu trabalho como professor não é bom ou ruim devido ao uso ou não do boné. Tal discussão soa ridícula. O que você deve considerar, na minha humilde visão, é o fato de a empresa para a qual os seus serviços são prestados não pretender a "descontração". Isso ocorre principalmente nas instituições jurídicas (pelo que sei é exatamente onde você mais trabalha), pois nesses ambientes ainda prevalece a ideia de que "você é a imagem da empresa". Os professores da área do Direito trajam terno e gravata e, como correspondem à maioria do corpo docente, influenciam ou até mesmo determinam o "modus operandi".
    Resumindo: é a empresa que estabelece como os funcionários se comportam, e não o contrário! Se não houver essa hierarquia, acredite!, vai ter professor de chinelo e bermuda na sala de aula.
    Abraços cordiais!

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  9. Aos que aprovam o boné, obrigado pela solidariedade...
    Aos que reprovam, obrigado pelos conselhos e pela participação...
    O boné será dispensado!
    Não se trata de uma rendição aos perseguidores, preconceituosos, chatos e reacionários.
    Trata-se de uma recomendação médica! Segundo minha dermatologista, há suspeitas de que o boné possa acelerar a queda do cabelo.
    O acessório fica para "eventos eventuais".
    Mas continuo achando que terno e gravata, numa cidade como a do Rio de Janeiro, representa cafonice, salvo em ocasiões muitíssimo formais!

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  10. Tô com os maninhos e o Douglas.
    E eu disse que quem conhece as suas aulas não tem por que analisar o conteúdo. A questão não é a aula do professor, mas o boné (era essa a pauta, né?)! ;)

    Terno e gravata em cidades quentes sempre teve discussão, agora que o calor tem aumentado que as empresas conversam mais abertamente sobre o assunto. O idiota do presidente dá até "aula" sobre o assunto. Mas eu conheço professor que só usa terno e professor que só dá aula de terno qdo vai direto do trabalho. Aí, como disse o coleguinha, é o "modus operandi" de cada um.

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  11. ô, figura! vc com esse lance de boné tá igual mulher com bolsa! Usa boné até dentro de casa! Não é só queda de cabelo, mas caspa também, rapá!

    Essa é uma daquelas discussões que nunca vão ficar fora de moda. Entra geração, sai geração sempre vai ter essas coisas, sempre haverá aquele formatinho a ser seguido, e que dá no saco mesmo porque não existe nenhuma explicação minimamente razoável que o justifique.

    Nesse caso específico tem um agravante, que é a relação empregador-empregado. Não se esqueça que é você que está na casa dos caras e o pedido não é tão indecoroso assim.

    Se conseguir, ao invés de ficar revoltado, simplesmente ache graça.
    (Em) cabeça fechada não "entra" (no) boné!

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