sábado, 9 de junho de 2012
A coerência na incoerência! Há?
domingo, 27 de maio de 2012
A César o que é de César
Dia desses, aqui no Rio, rolou uma tal de "Marcha para Jesus", um encontro de cristãos (evangélicos), cujo tema foi "a grande mobilização pela liberdade de expressão religiosa e pela família tradicional". Segundo notícia publicada nos jornais, parte das despesas com o evento - aluguel de equipamento de som, cachê para os artistas que se apresentaram, etc. - foi paga pela Prefeitura do Rio. Alguns sites publicaram que o valor desembolsado pela Riotur foi o de R$ 2,5 milhões.
Não vou discutir a "liberdade de expressão religiosa" embora a maioria dos cristãos só goste dessa liberdade quando é para falar da religião cristã. O que me intriga é o motivo que fez nosso prefeito dar uma generosa contribuição a esse tipo de evento.
Quem decide quanto será destinado a eventos assim? Com base em que critérios? Quais as relações entre Eduardo Paes e o pastor e líder da marcha, Silas Malafaia?
Cada um gasta seu dinheiro como bem entender. Se o sr. Eduardo Paes quiser investir em eventos religiosos, o problema é dele. Mas usar dinheiro público para patrocinar um movimento declaradamente cristão é grave! Ou não vivemos num estado laico? Eu, como contribuinte, sou obrigado a aturar isso? Não se trata de um evento cultural! Trata-se de uma manifestação religiosa.
Faz um tempinho que os políticos flertam com os evangélicos, sinônimo de muitos votos. Faz um tempinho que pastores e afins flertam com a política, sinônimo de muito poder e muito dinheiro. A fome se alia à vontade de comer, e o banquete é farto.
Há quem acredite num candidato quando ele comparece a eventos religiosos, faz orações, levanta as mãos para os céus, ajoelha-se, enfim, cumpre todos os rituais dos crentes. Da mesma forma, há quem acredite em Papai Noel, em duendes e no Botafogo. Cada um crê naquilo e naquele que quiser. E temos que respeitar isso.
O que não dá para respeitar e aceitar é dinheiro do contribuinte patrocinando "Marcha para Jesus"! (Se os pastores responsáveis pelo evento fossem, de fato, seguidores de Cristo, recusariam a ajuda financeira da prefeitura)
Nada contra a Marcha. Nada contra nenhum tipo de credo. Nada contra a liberdade de expressão religiosa. NADA! NADA! Nem mesmo um centavo do dinheiro público!
sábado, 12 de maio de 2012
O legado de não legalizar
sexta-feira, 11 de maio de 2012
As Garotas do Programa
Depois de quase um ano sem escrever por aqui, voltei. Ok, ok. Sei que é chato começar um texto com uma notícia ruim. Mas ruim mesmo deve ser torcer pelo Botafogo.
E qual será o tema desse texto de retorno? Evidentemente, mais uma bobagem que povoa esta minha mente inquieta e pateta.
Já viram o programa Casa Bonita, no Multishow? Faça o seguinte: pense em 16 mulheres. Em Búzios. Numa mansão. É mais ou menos assim:
Quando não estão seminuas, elas estão com pouca roupa. Quando não estão fazendo nada, elas estão à toa. Quando não estão falando futilidades, elas conversam sobre coisas inúteis. Quando não estão desfilando de biquíni, elas estão de biquíni, desfilando. Quando não estão fazendo fofoca, estão de maledicência. Quando não estão histéricas, gritando, estão discutindo, histéricas. Quando não exibem suas colossais bundas, mostram os siliconados peitos e quando não estão com os peitos de fora, superabundam as bundas.
Óbvio que não estou criticando o programa. Muito menos julgando o caráter das meninas.
Nem vejo o programa. Só de vez em quando. "Tipo assim", quando é exibido.
Bundão eu?
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Negócio é a negação do ócio
Se o tempo hoje vai depressa, não está em minhas mãos
Cada segundo me interessa, me resolvendo ou não
Quero uma fermata que possa fazer agora
O tempo me obedecer
E só então eu deixo os medos e as armas pra trás
Tônia Carrero já disse que a velhice é uma droga, mas a outra solução é pior. Mas, sem querer fazer desse post uma coletânea de citações, prefiro aquela que diz “Não paramos de brincar porque envelhecemos; envelhecemos porque paramos de brincar!”.
Recentemente tenho brincado pouco. Desde março, entrei numa sequência de aulas que tomaram praticamente todo o meu tempo. Mas quem disse que eu tenho o direito de não ter tempo? Os amigos cobram presença, as filhas reclamam atenção, o corpo nos acusa de relaxados, os filmes saem de cartaz, as peças também, os papéis ficam bagunçados, o cabelo despenteado (ok, isso é normal comigo). E, nos poucos intervalos, temos que twittar, facebookar, msnear... menos mal que já foi para o espaço a mania de orkutar.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Tira o pé do chão!
E o produtor musical, reunido com o grupo, diz:
- Temos que reformular. Vou fazer algumas mudanças na banda.
- Que tipo de mudança? - questionou o tecladista.
- Geral! Mas vamos por partes. Inicialmente, vamos mudar a letra da última composição. Eliminaremos a primeira estrofe. Ela não é necessária!
- Mas sem ela a letra não fará sentido - advertiu o vocalista, compositor da canção em questão. Além disso, demorei à beça para inserir esse paradoxo aí dos primeiros versos.
- Paradoxo? Você acha que alguém vai perceber paradoxos? Não é necessário. Vamos tirar também o último verso da segunda estrofe.
- O quê?!? - espantou-se o baterista. Não dá, a palavra “amor” no segundo verso vai rimar com o quê?
- Basta inserir umas vogais soltas: “i-lei-ô”, “ôô”... pronto, rimou. No refrão vamos tirar as duas últimas partes e substituí-las por “i-lei-á” “aa”. Fica bem melhor! Reparei também que as concordâncias estão corretas. Assim não dá! Sem erro de concordância é inaceitável!
Outra coisa: vamos suprimir o solo da guitarra. Não é necessário!
- Mas sem o s...
- Ninguém quer saber disso. Não é necessário.
- Mas a música vai ficar muito curta com esses cortes – argumentaram todos.
- A gente repete as estrofes duas vezes cada uma e o refrão ad infinitum. Ah, vamos trocar as backing vocals também.
- Por quê?!? - irritou-se o vocalista, que muito apreciava as meninas.
- Elas não têm o perfil.
- Como não? Uma é formada em canto lírico, a outra tem anos de experiência em corais gospel do Harlem.
- E alguém percebe isso? Não é necessário! Elas não têm o perfil. Vamos colocar duas meninas que eu vi numa academia aqui perto. São bombadas, coxas grossas, peitos e bundas abundantes. Já decidi.
- Mas elas cantam? - reagiu o baterista.
- Não é necessário! O play-back existe pra isso. Importante é que rebolem, desçam até o chão.
- Mas quem conhece nosso trabalho não vai gostar - protestou o baixista.
- Todo mundo gosta. Até porque se disser que não gosta, fica queimado na foto. É tachado de preconceituoso, chato, velho ou esclerosado. Não pega bem discriminar o trabalho dos outros.
- Mas as pessoas têm o direito de não gostar! - insistiu inconformado.
- Não têm! Principalmente se a gente conseguir elogios de algumas celebridades. Já planejei tudo. Primeiro, vamos dizer que vocês passaram fome na infância. Moravam na favela e superaram as dificuldades de forma honesta. Aliás, você meu caro tecladista, por ser neg..., quer dizer, afrodescendente, não pode continuar com esse cabelo natural. Ou passa máquina zero ou pinta de amarelo meio branco.
- O que o meu cabelo tem a ver com a banda?
- Tudo! A aparência é tudo! Ah, e pelo menos dois de vocês têm que exibir uma tatuagem. E todos irão frequentar academia e aulas de dança.
Em silêncio e estupefatos, os músicos tentavam assimilar as informações quando o produtor finalizou:
- Depois, vamos participar do programa da Regina Casé, fundamental para que as pessoas tenham receio de falar mal do grupo. Além disso, vamos regravar um sucesso do Roberto Carlos ou do Chico Buarque e vamos participar do carnaval de Salvador. E, por último, vamos convidar a Ivete Sangalo para uma participação especial no nosso DVD. Tudo isso é necessário!
quinta-feira, 3 de março de 2011
G.R.E.S. Unidos da Ignorância
Poucas sensações são tão desagradáveis quanto a de ficar sem saber o que dizer numa roda. O assunto flui, as pessoas expõem suas teses e nós ali, parecendo um enfeite, sem o que falar. Quando o nosso silêncio é fruto de uma simples vontade de não emitir opinião, tudo bem; mas quando a falta de manifestação é consequência do fato de ignorarmos o tema em questão, a vontade de ir embora parece não ter fim!
No carnaval, eu me sinto um ignorante. Quando vejo os desfiles das escolas de samba, não consigo enxergar um milésimo daquilo que os especialistas comentam na transmissão.
O espetáculo é bonito. Muito! Mas – vejam o tamanho da minha ignorância – não percebo muita diferença entre um desfile e outro. Eu admiro os jurados. Como são inteligentes! A ponto de conceder, por exemplo, uma nota 9,25 no quesito alegoria. Ah se eu soubesse o que representa falhar 0,75 na alegoria de um desfile! Alguém poderia me ajudar? O mais difícil para mim é o samba enredo. Na boa? Com raríssimas exceções, são todos iguais ou eu sou muito burro.
Quase todos falam de crença, história, natureza, colonização... E tome letra com “Iemanjá”, “Mãe África”, “Ziriguidum”, “Iansã”, “Sol”. “Estrela-Guia”, e – principalmente – “liberdade”. Letra de samba enredo sem a palavra “liberdade” é igual a deputado honesto: a gente nunca sabe se existe. Isso sem falar no nome da música. Parece que é proibido nome curto. Vem aí a escola favorita com o samba “Se o sol não nascer e Tupã não morrer, meu amor vai brilhar na magia celeste que vai encantar”!
Além da letra, tem o arranjo. Eu tento, mas é difícil: qual a diferença entre a levada do samba da Porto da Pedra em 2002 e a da Vila Isabel em 2006? Ou entre a Imperatriz de 98 e a Portela de 2003? Rola uma quase certeza de que se trocarem os sambas, ninguém vai notar. Por exemplo: desfile da Mocidade, todos prontos para o início. Problemas no som. O tempo passa. Os integrantes da bateria passam mal. Ah, põe o samba enredo do ano retrasado em “pleibeque” e fica tudo certo...
Como dói a ignorância!