sábado, 9 de junho de 2012

A coerência na incoerência! Há?




Os números não mentem jamais!?!

80% das pessoas que criticam a corrupção policial já pagaram propina a um policial;

81% das pessoas que reclamam do calor no verão, pedindo chuva e frio, reclamam quando chove e faz frio;

82% das pessoas que repudiam os usuários da maconha, uma droga leve, são consumidores de álcool, uma droga mais pesada;

83% das pessoas que fazem queixa da sujeira e desordem provocadas pelos camelôs compram produtos do camelô;

84% das pessoas que chamam de corruptos os vereadores, prefeitos, deputados, senadores e governadores votam em troca de favores pessoais;

Grande parte das pessoas que dizem que o torcedor do Flamengo é analfabeto foi alfabetizada por um(a) professor(a) que torce pelo Flamengo;

86% das pessoas que reclamam das condições de trabalho (incluindo o salário recebido) e da arrogância dos patrões tratam muito mal suas próprias empregadas domésticas;

87% das pessoas que criticam os professores quando a categoria faz greve não aceitariam trabalhar recebendo o salário que os professores recebem;

88% das pessoas que criticam os religiosos contrários ao homossexualismo, acusando os religiosos de preconceituosos, têm preconceito contra os religiosos;

89% das pessoas que se dizem cristãs não seguem os ensinamentos de Cristo;

90% das pessoas que criticam a Globo, acusando-a de manipuladora da opinião pública, sintonizam a Globo em 90% das vezes que ligam a TV;

91% dos homens que condenam a mulher que se prostitui já pagaram, ao menos uma vez, para ter sexo com uma prostituta;

92% das mulheres que acusam os homens de canalhas e galinhas já tiveram, ao menos,  um caso com um homem comprometido;

93% dos homens mentem quando dizem “não” à pergunta da mulher “Eu estou gorda?”;

94% dos mulheres mentem quando dizem "sim" à pergunta "Foi bom pra você?";

95% das pessoas que dizem que ler é melhor que ver TV passam mais tempo vendo TV do que lendo;

96% das pessoas que condenam a corrupção possuem carteira de estudante falsa, jogam no Bicho e/ou compram produtos pirata;

97% dos números desse texto foram inventados (só os números!);

98% das pessoas que buzinam assim que o sinal abre são retardadas;

99% das pessoas que escrevem em um blog deveriam procurar uma coisa mais útil para fazer!


domingo, 27 de maio de 2012

A César o que é de César



Dia desses, aqui no Rio, rolou uma tal de "Marcha para Jesus", um encontro de cristãos (evangélicos), cujo tema foi "a grande mobilização pela liberdade de expressão religiosa e pela família tradicional". Segundo notícia publicada nos jornais, parte das despesas com o evento - aluguel de equipamento de som, cachê para os artistas que se apresentaram, etc. - foi paga pela Prefeitura do Rio. Alguns sites publicaram que o valor desembolsado pela Riotur foi o de R$ 2,5 milhões.

Não vou discutir a "liberdade de expressão religiosa" embora a maioria dos cristãos só goste dessa liberdade quando é para falar da religião cristã. O que me intriga é o motivo que fez nosso prefeito dar uma generosa contribuição a esse tipo de evento.

Quem decide quanto será destinado a eventos assim? Com base em que critérios? Quais as relações entre Eduardo Paes e o pastor e líder da marcha, Silas Malafaia?

Cada um gasta seu dinheiro como bem entender. Se o sr. Eduardo Paes quiser investir em eventos religiosos, o problema é dele. Mas usar dinheiro público para patrocinar um movimento declaradamente cristão é grave! Ou não vivemos num estado laico? Eu, como contribuinte, sou obrigado a aturar isso? Não se trata de um evento cultural! Trata-se de uma manifestação religiosa.

Faz um tempinho que os políticos flertam com os evangélicos, sinônimo de muitos votos. Faz um tempinho que pastores e afins flertam com a política, sinônimo de muito poder e muito dinheiro. A fome se alia à vontade de comer, e o banquete é farto.

 Há quem acredite num candidato quando ele comparece a eventos religiosos, faz orações, levanta as mãos para os céus, ajoelha-se, enfim, cumpre todos os rituais dos crentes. Da mesma forma, há quem acredite em Papai Noel, em duendes e no Botafogo. Cada um crê naquilo e naquele que quiser. E temos que respeitar isso.

O que não dá para respeitar e aceitar é dinheiro do contribuinte patrocinando "Marcha para Jesus"! (Se os pastores responsáveis pelo evento fossem, de fato, seguidores de Cristo, recusariam a ajuda financeira da prefeitura)

Nada contra a Marcha. Nada contra nenhum tipo de credo. Nada contra a liberdade de expressão religiosa. NADA! NADA! Nem mesmo um centavo do dinheiro público!


sábado, 12 de maio de 2012

O legado de não legalizar



Acabei de ver, no canal Brasil, o filme "Quebrando o tabu", dirigido por Fernando Gostein Andrade, sobre um tema que ainda vai dar muito o que falar: a descriminalização e/ou legalização das drogas. Fernando Henrique Cardoso faz uma espécie de "âncora", conduzindo as entrevistas com diversas autoridades de países que enfrentaram ou estão enfrentando essa questão tão delicada. Há também participações de Paulo Coelho e Drauzio Varella, com depoimentos interessantes. O filme - bem como uma mudança drástica na política de combate às drogas - é OBRIGATÓRIO!

Uma das falas de Drauzio Varella me deixou surpreso porque ele reproduziu o que eu já venho dizendo há algum tempo: numa daquelas viagens para o futuro, fico imaginando o que será motivo de espanto quando os de lá olharem para o nosso tempo. Assim como, hoje, soa ridículo uma mulher ser subserviente ao marido (algo comum há algumas décadas), penso que lá na frente as pessoas não vão acreditar que houve um tempo em que usuário de droga era estigmatizado e - inacreditável - preso por isso.

Rola uma certa vergonha por fazer parte de uma geração assim. Rola um certo constrangimento por saber que há quem coloque no mesmo saco (ou na mesma cela) um usuário de droga e um assassino, por exemplo. Ok, já avançamos um pouco nessa área, todavia nossa lei, imprecisa, precisa estabelecer de forma precisa quem é usuário e quem é traficante (e é óbvio que enquanto isso não acontece a classe social da pessoa flagrada com a droga, vai determinar, quase sempre, uma coisa e outra).

Um dos muitos méritos do filme é não ser panfletário. Não se trata de uma apologia ao uso das drogas. O objetivo é mostrar algo que, apesar de escancarado, ainda não foi visto por boa parte da sociedade: tratar como marginal o usuário de droga (dependente dela ou não) só contribui para agravar o problema.

É impossível reduzir a discussão do assunto a algumas linhas ou a um filme. Mas seria um bom começo se as pessoas contrárias à legalização começassem a cultivar uma visão menos estreita e superficial sobre o tema. É legítimo posicionar-se a favor da proibição, mas sustentar o preconceito é covardia.

É preciso acender a cabeça de quem está acostumado a apertar o cerco ao usuário de droga.










sexta-feira, 11 de maio de 2012

As Garotas do Programa



Depois de quase um ano sem escrever por aqui, voltei. Ok, ok. Sei que é chato começar um texto com uma notícia ruim. Mas ruim mesmo deve ser torcer pelo Botafogo.

E qual será o tema desse texto de retorno? Evidentemente, mais uma bobagem que povoa esta minha mente inquieta e pateta.

Já viram o programa Casa Bonita, no Multishow? Faça o seguinte: pense em 16 mulheres. Em Búzios. Numa mansão. É mais ou menos assim:

Quando não estão seminuas, elas estão com pouca roupa. Quando não estão fazendo nada, elas estão à toa. Quando não estão falando futilidades, elas conversam sobre coisas inúteis. Quando não estão desfilando de biquíni, elas estão de biquíni, desfilando. Quando não estão fazendo fofoca, estão de maledicência. Quando não estão histéricas, gritando, estão discutindo, histéricas. Quando não exibem suas colossais bundas, mostram os siliconados peitos e quando não estão com os peitos de fora, superabundam as bundas.

Óbvio que não estou criticando o programa. Muito menos julgando o caráter das meninas.

Nem vejo o programa. Só de vez em quando. "Tipo assim", quando é exibido.

Bundão eu?

Você não viu o programa ainda, não é?








sexta-feira, 20 de maio de 2011

Negócio é a negação do ócio

Se o tempo hoje vai depressa, não está em minhas mãos

Cada segundo me interessa, me resolvendo ou não

Quero uma fermata que possa fazer agora

O tempo me obedecer

E só então eu deixo os medos e as armas pra trás

Esse é um trecho da excelente música “Temporal”, gravada por Pitty em seu primeiro CD. Quando os dias parecem ter uma duração menor do que gostaríamos (ou precisaríamos), eu me lembro dessa canção. Quando percebo que há pouco tempo eu era um moleque e hoje já passei dos #&%#nta, essa letra me vem à cabeça.

Tônia Carrero já disse que a velhice é uma droga, mas a outra solução é pior. Mas, sem querer fazer desse post uma coletânea de citações, prefiro aquela que diz “Não paramos de brincar porque envelhecemos; envelhecemos porque paramos de brincar!”.

Recentemente tenho brincado pouco. Desde março, entrei numa sequência de aulas que tomaram praticamente todo o meu tempo. Mas quem disse que eu tenho o direito de não ter tempo? Os amigos cobram presença, as filhas reclamam atenção, o corpo nos acusa de relaxados, os filmes saem de cartaz, as peças também, os papéis ficam bagunçados, o cabelo despenteado (ok, isso é normal comigo). E, nos poucos intervalos, temos que twittar, facebookar, msnear... menos mal que já foi para o espaço a mania de orkutar.

Esse ritmo frenético acaba tirando a graça de muita coisa. Parece que existe um acusador de plantão para nos reprimir quando rola aquele cochilo depois do almoço, quando ficamos como Carolina vendo a vida na janela, quando paramos em frente à TV para ver bobagens (redundância, sorry). Mas sem esses momentos “não estou produzindo”, a vida é muito chata.

Trabalhar e produzir! Ótimo, sem dúvida. Não fazer nada! Ótimo também. Como dizem os orientais (prometo que é a última citação), o caminho do meio é sempre melhor. O problema é que ninguém disse isso para as contas que não param de chegar!


quinta-feira, 10 de março de 2011

Tira o pé do chão!

E o produtor musical, reunido com o grupo, diz:

- Temos que reformular. Vou fazer algumas mudanças na banda.

- Que tipo de mudança? - questionou o tecladista.

- Geral! Mas vamos por partes. Inicialmente, vamos mudar a letra da última composição. Eliminaremos a primeira estrofe. Ela não é necessária!

- Mas sem ela a letra não fará sentido - advertiu o vocalista, compositor da canção em questão. Além disso, demorei à beça para inserir esse paradoxo aí dos primeiros versos.

- Paradoxo? Você acha que alguém vai perceber paradoxos? Não é necessário. Vamos tirar também o último verso da segunda estrofe.

- O quê?!? - espantou-se o baterista. Não dá, a palavra “amor” no segundo verso vai rimar com o quê?

- Basta inserir umas vogais soltas: “i-lei-ô”, “ôô”... pronto, rimou. No refrão vamos tirar as duas últimas partes e substituí-las por “i-lei-á” “aa”. Fica bem melhor! Reparei também que as concordâncias estão corretas. Assim não dá! Sem erro de concordância é inaceitável!

Outra coisa: vamos suprimir o solo da guitarra. Não é necessário!

- Mas sem o s...

- Ninguém quer saber disso. Não é necessário.

- Mas a música vai ficar muito curta com esses cortes – argumentaram todos.

- A gente repete as estrofes duas vezes cada uma e o refrão ad infinitum. Ah, vamos trocar as backing vocals também.

- Por quê?!? - irritou-se o vocalista, que muito apreciava as meninas.

- Elas não têm o perfil.

- Como não? Uma é formada em canto lírico, a outra tem anos de experiência em corais gospel do Harlem.

- E alguém percebe isso? Não é necessário! Elas não têm o perfil. Vamos colocar duas meninas que eu vi numa academia aqui perto. São bombadas, coxas grossas, peitos e bundas abundantes. Já decidi.

- Mas elas cantam? - reagiu o baterista.

- Não é necessário! O play-back existe pra isso. Importante é que rebolem, desçam até o chão.

- Mas quem conhece nosso trabalho não vai gostar - protestou o baixista.

- Todo mundo gosta. Até porque se disser que não gosta, fica queimado na foto. É tachado de preconceituoso, chato, velho ou esclerosado. Não pega bem discriminar o trabalho dos outros.

- Mas as pessoas têm o direito de não gostar! - insistiu inconformado.

- Não têm! Principalmente se a gente conseguir elogios de algumas celebridades. Já planejei tudo. Primeiro, vamos dizer que vocês passaram fome na infância. Moravam na favela e superaram as dificuldades de forma honesta. Aliás, você meu caro tecladista, por ser neg..., quer dizer, afrodescendente, não pode continuar com esse cabelo natural. Ou passa máquina zero ou pinta de amarelo meio branco.

- O que o meu cabelo tem a ver com a banda?

- Tudo! A aparência é tudo! Ah, e pelo menos dois de vocês têm que exibir uma tatuagem. E todos irão frequentar academia e aulas de dança.

Em silêncio e estupefatos, os músicos tentavam assimilar as informações quando o produtor finalizou:

- Depois, vamos participar do programa da Regina Casé, fundamental para que as pessoas tenham receio de falar mal do grupo. Além disso, vamos regravar um sucesso do Roberto Carlos ou do Chico Buarque e vamos participar do carnaval de Salvador. E, por último, vamos convidar a Ivete Sangalo para uma participação especial no nosso DVD. Tudo isso é necessário!

Taí mais do que ninguém um exemplo tanto no pessoal quanto no profissional!

quinta-feira, 3 de março de 2011

G.R.E.S. Unidos da Ignorância

Poucas sensações são tão desagradáveis quanto a de ficar sem saber o que dizer numa roda. O assunto flui, as pessoas expõem suas teses e nós ali, parecendo um enfeite, sem o que falar. Quando o nosso silêncio é fruto de uma simples vontade de não emitir opinião, tudo bem; mas quando a falta de manifestação é consequência do fato de ignorarmos o tema em questão, a vontade de ir embora parece não ter fim!

No carnaval, eu me sinto um ignorante. Quando vejo os desfiles das escolas de samba, não consigo enxergar um milésimo daquilo que os especialistas comentam na transmissão.

O espetáculo é bonito. Muito! Mas – vejam o tamanho da minha ignorância – não percebo muita diferença entre um desfile e outro. Eu admiro os jurados. Como são inteligentes! A ponto de conceder, por exemplo, uma nota 9,25 no quesito alegoria. Ah se eu soubesse o que representa falhar 0,75 na alegoria de um desfile! Alguém poderia me ajudar? O mais difícil para mim é o samba enredo. Na boa? Com raríssimas exceções, são todos iguais ou eu sou muito burro.

Quase todos falam de crença, história, natureza, colonização... E tome letra com “Iemanjá”, “Mãe África”, “Ziriguidum”, “Iansã”, “Sol”. “Estrela-Guia”, e – principalmente – “liberdade”. Letra de samba enredo sem a palavra “liberdade” é igual a deputado honesto: a gente nunca sabe se existe. Isso sem falar no nome da música. Parece que é proibido nome curto. Vem aí a escola favorita com o samba “Se o sol não nascer e Tupã não morrer, meu amor vai brilhar na magia celeste que vai encantar”!

Além da letra, tem o arranjo. Eu tento, mas é difícil: qual a diferença entre a levada do samba da Porto da Pedra em 2002 e a da Vila Isabel em 2006? Ou entre a Imperatriz de 98 e a Portela de 2003? Rola uma quase certeza de que se trocarem os sambas, ninguém vai notar. Por exemplo: desfile da Mocidade, todos prontos para o início. Problemas no som. O tempo passa. Os integrantes da bateria passam mal. Ah, põe o samba enredo do ano retrasado em “pleibeque” e fica tudo certo...

Como dói a ignorância!