quinta-feira, 3 de março de 2011

G.R.E.S. Unidos da Ignorância

Poucas sensações são tão desagradáveis quanto a de ficar sem saber o que dizer numa roda. O assunto flui, as pessoas expõem suas teses e nós ali, parecendo um enfeite, sem o que falar. Quando o nosso silêncio é fruto de uma simples vontade de não emitir opinião, tudo bem; mas quando a falta de manifestação é consequência do fato de ignorarmos o tema em questão, a vontade de ir embora parece não ter fim!

No carnaval, eu me sinto um ignorante. Quando vejo os desfiles das escolas de samba, não consigo enxergar um milésimo daquilo que os especialistas comentam na transmissão.

O espetáculo é bonito. Muito! Mas – vejam o tamanho da minha ignorância – não percebo muita diferença entre um desfile e outro. Eu admiro os jurados. Como são inteligentes! A ponto de conceder, por exemplo, uma nota 9,25 no quesito alegoria. Ah se eu soubesse o que representa falhar 0,75 na alegoria de um desfile! Alguém poderia me ajudar? O mais difícil para mim é o samba enredo. Na boa? Com raríssimas exceções, são todos iguais ou eu sou muito burro.

Quase todos falam de crença, história, natureza, colonização... E tome letra com “Iemanjá”, “Mãe África”, “Ziriguidum”, “Iansã”, “Sol”. “Estrela-Guia”, e – principalmente – “liberdade”. Letra de samba enredo sem a palavra “liberdade” é igual a deputado honesto: a gente nunca sabe se existe. Isso sem falar no nome da música. Parece que é proibido nome curto. Vem aí a escola favorita com o samba “Se o sol não nascer e Tupã não morrer, meu amor vai brilhar na magia celeste que vai encantar”!

Além da letra, tem o arranjo. Eu tento, mas é difícil: qual a diferença entre a levada do samba da Porto da Pedra em 2002 e a da Vila Isabel em 2006? Ou entre a Imperatriz de 98 e a Portela de 2003? Rola uma quase certeza de que se trocarem os sambas, ninguém vai notar. Por exemplo: desfile da Mocidade, todos prontos para o início. Problemas no som. O tempo passa. Os integrantes da bateria passam mal. Ah, põe o samba enredo do ano retrasado em “pleibeque” e fica tudo certo...

Como dói a ignorância!

4 comentários:

  1. kkkkkkk... você é uma comédia!
    Adorei o nome da música que você inventou. Luz, esse ano vai ter homenagem a Roberto Carlos na Beija-Flor e acho que os sambas virão diferentes. Já fui ver o desfile três vezes e é sempre uma emoção diferente. É de arrepiar!
    Beijos!

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  2. O que me incomoda é o fato de achar que alguns quesitos são iguais, eu não vejo diferença.
    Mas como eu não gosto de samba mesmo, nem me meto no assunto quando os adoradores estão conversando.

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  3. To me mijando de rir aqui com o nome do samba. hahahahahahh. Mas por que você abreviou? Tá muito preguiçoso!

    Também acho o espetáculo em si interessante. Mas justamente por não conseguir distinguir, tal qual você, uma apresentação da outra há anos, não assisto mais do que 1min. num jornal qualquer.

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