domingo, 27 de maio de 2012

A César o que é de César



Dia desses, aqui no Rio, rolou uma tal de "Marcha para Jesus", um encontro de cristãos (evangélicos), cujo tema foi "a grande mobilização pela liberdade de expressão religiosa e pela família tradicional". Segundo notícia publicada nos jornais, parte das despesas com o evento - aluguel de equipamento de som, cachê para os artistas que se apresentaram, etc. - foi paga pela Prefeitura do Rio. Alguns sites publicaram que o valor desembolsado pela Riotur foi o de R$ 2,5 milhões.

Não vou discutir a "liberdade de expressão religiosa" embora a maioria dos cristãos só goste dessa liberdade quando é para falar da religião cristã. O que me intriga é o motivo que fez nosso prefeito dar uma generosa contribuição a esse tipo de evento.

Quem decide quanto será destinado a eventos assim? Com base em que critérios? Quais as relações entre Eduardo Paes e o pastor e líder da marcha, Silas Malafaia?

Cada um gasta seu dinheiro como bem entender. Se o sr. Eduardo Paes quiser investir em eventos religiosos, o problema é dele. Mas usar dinheiro público para patrocinar um movimento declaradamente cristão é grave! Ou não vivemos num estado laico? Eu, como contribuinte, sou obrigado a aturar isso? Não se trata de um evento cultural! Trata-se de uma manifestação religiosa.

Faz um tempinho que os políticos flertam com os evangélicos, sinônimo de muitos votos. Faz um tempinho que pastores e afins flertam com a política, sinônimo de muito poder e muito dinheiro. A fome se alia à vontade de comer, e o banquete é farto.

 Há quem acredite num candidato quando ele comparece a eventos religiosos, faz orações, levanta as mãos para os céus, ajoelha-se, enfim, cumpre todos os rituais dos crentes. Da mesma forma, há quem acredite em Papai Noel, em duendes e no Botafogo. Cada um crê naquilo e naquele que quiser. E temos que respeitar isso.

O que não dá para respeitar e aceitar é dinheiro do contribuinte patrocinando "Marcha para Jesus"! (Se os pastores responsáveis pelo evento fossem, de fato, seguidores de Cristo, recusariam a ajuda financeira da prefeitura)

Nada contra a Marcha. Nada contra nenhum tipo de credo. Nada contra a liberdade de expressão religiosa. NADA! NADA! Nem mesmo um centavo do dinheiro público!


2 comentários:

  1. Silas Malafaia, grande força do mundo evangélico, se aliou a Globo, que anda divulgando e promovendo shows gospel de grande porte. Os governos estadual e municipal do Rio tem interesse econômico-eleitoreiro nesse segmento.

    ResponderExcluir