Pense num cão latindo. Não, assim não! Mais alto e mais forte! Pense num cão desesperado. Feroz! Latindo. Pensou? Agora, multiplique o som que você imaginou (abstração) por cem! Conseguiu? Concebeu? Pois foi assim que ocorreu no prédio onde moro. De madrugada! A noite toda! Por quê? Simplesmente porque os donos do cachorro – que cachorrada! – viajaram. Enquanto eles se divertem em algum canto, nós fazemos uma vigília por aqui.
- Coitado do cachorro!
Perguntei a ela:
- E eu? Você está com pena de mim também?
- Como assim?
- Você está mais triste pelo que aconteceu com o cachorro ou pelo fato de ninguém no prédio ter dormido?
- Meu filho, você já parou para pensar no sofrimento do bichinho?
- Minha filha, você já parou para pensar no sofrimento dos moradores?
- Como assim? (Juro que parecia provocação esse inferno de “como assim”)
Tentei, em vão, fazê-la enxergar o óbvio:
- O animal sofreu, mas os moradores sofreram mais, você não acha?
- Claro que não!
- A dor da angústia da saudade é maior do que a dor de uma noite mal dormida!
Não acho que seja dor de saudades. Mas dor de medo. Concordo quando ela diz que ele sofreu mais, não consigo nem pensar num jeito de explicar que um cachorro sozinho, abandonado e com medo sofreria menos que uns humanos com sono.
ResponderExcluir"Troque seu cachorro por uma criança pobre"
ResponderExcluirDa próxima vez você já sabe: ao invés de tentar métodos como fone de ouvido e outros que você viu que não funcionam, jogue uma foto dos donos do animal por debaixo da porta. Vai matar a saudade do caozinho e você vai poder dormir em paz. Ou então passe a vizinha retardada por debaixo da porta (use o mesmo método do elefante) pra ela consolar o animal. Pelo nível da primeira eles devem se entender bem.
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