sexta-feira, 5 de março de 2010

Brasil: um país de toLos!

Nunca imaginei que minha decisão de anular o voto pudesse provocar tantas críticas e reprovações. Foi o que ocorreu no intervalo de uma das aulas desta semana. Conversando com um grupo de alunos, revelei que anulo o voto desde que Lula foi eleito presidente pela primeira vez. Choveram protestos, e uma das alunas chegou a me cobrar, de forma quase agressiva, uma “atitude de cidadania”. Levei nota zero dos meus queridos discentes.

Há quem diga que anular o voto pode provocar novas eleições. Trata-se, segundo um especialista na área de Direito Eleitoral com quem conversei, de uma lenda. Votos brancos e nulos não são computados como válidos. Isso geralmente provoca discussões intermináveis entre os estudiosos da lei, o que, definitivamente, não é o meu caso. Não anulo meu voto porque acredito que isso possa provocar novas eleições. Anulo por uma razão simples: não aprovo nenhum desses picaretas que concorrem aos cargos eletivos.

No Brasil, vota-se por interesse particular. Trocam-se favores. O voto vem fácil quando cestas básicas são doadas, bolsas de estudos são distribuídas, cargos comissionados são generosamente oferecidos. E é óbvio que nada disso – NADA MESMO – sai do bolso do candidato. É o eleitor quem paga a conta. É o eleitor quem dá suporte a esse jogo sujo de “toma lá dá cá”. O que o eleitor dificilmente percebe é que, submetendo-se a esse jogo, ele perde muito mais do que ganha. Por incrível que pareça, é o pobre, semi-indigente e ignorante eleitor que coloca no poder aqueles que tramarão conscientemente a permanência desse eleitor no absoluto estado de miséria em que ele se encontra. A vítima legitima o serviço do algoz.

Há ainda os que defendem a ideia de que devemos eleger o “menos pior”. É a cara do povo brasileiro: resignado, conformado... Menos pior é o cacete! Suas Excelências têm todas as condições de prestar um serviço digno ao povo que os elege. Não o fazem porque já se candidatam com outras intenções. Ou ainda há quem acredite na falácia dessa corja? Há! Infelizmente, há!

Queria, do fundo do coração, que essas pessoas crédulas, que ainda elegem os canalhas, me dissessem o que elas sentem quando passam pela Cidade da Música, no Rio. O que elas sentem quando pagam impostos estratosféricos? O que elas sentem quando observam a saúde pública? O que elas sentem quando são informadas de que um professor da rede estadual de ensino recebe menos de R$ 900,00 por mês? O que elas sentem quando as ruas da cidade alagam depois de dez minutos de chuva? O que elas sentem quando precisam usar transporte público como o metrô, por exemplo? O que elas sentem quando tomam ciência de que os deputados “trabalham” de terça a quinta?

Será que rola orgulho? Parece que sim, porque continuam votando em quem é responsável por tudo isso.

11 comentários:

  1. Eu não ou contra ou a favor do voto nulo, sou a favor da não obrigatoriedade do voto, por vc ser obrigado a votar, ao meu ver, não é democracia.
    Acho que vc deveria conversar com o Leandro de novo, que ei saiba os brancos são computados, caso contrário seria tudo a mesma coisa, não precisaria distinguir branco de nulo, não é vero?

    Não entendo qdo vc diz "Por incrível que pareça, é o pobre, semi-indigente e ignorante eleitor que coloca no poder aqueles que tramarão conscientemente a permanência desse eleitor no absoluto estado de miséria em que ele se encontra.". Como assim por incrível que pareça? Vc acaba de confirmar que anula o seu voto. Você já é uma pessoa beirando os 40, com duas faculdades e inteligente. Então vc sabe que ao anular o voto e deixar que os mais jovens (pouca maturidade) e os ignorantes votem, vc está contribuindo para isso. Para mim é uma questão de lógica.

    Para reclamar com tanta vontade, temos que fazer por onde. Não adianda dizer que jiló é ruim, se nunca experimentou.

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  2. Não te condeno por anular seu voto. Aqui em Campos a uns tempos atrás teve que ter uma segunda eleição onde eu não concordava com nenhum deles, nem votaria em nenhum deles. O que eu fiz ? Anulei meu voto.
    Mas concordo com o que a Pri falou também... que se não fizermos nada, ficaremos nessa vidinha de merda até sei lá quando.
    Vai ser pior se algum 'Eduardo Paes' concorrer a presidência... aí que tá todo mundo fudido mesmo.

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  3. Pri, também sou contra o voto obrigatório. A diferença entre voto branco e voto nulo é insignificante, não faz diferença para o total de votos válidos (palavras de um "especialista"). Só não entendo seu raciocínio quando você diz que quem anula o voto deixa a responsabilidade para os ignorantes. Eu não posso tomar minha decisão baseado no que os outros vão fazer. E, cá entre nós, o eleito pelo povo - seja quem for - vai dar no mesmo. Ou existe diferença entre Sarney e Collor, Eduardo Paes e César Maia, Cabral e Garotinho?
    Acho que posso reclamar com "tanta vontade" porque pago impostos. E, na boa, o que o jiló tem a ver com tudo isso? rsrsrs...

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  4. Thata, Eduardo Paes só chega à presidência do Olaria ou do Bangu... no máximo!

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  5. Não entendeu o quê?
    Eu não disse pra vc tomar sua decisão baseada em B ou C, mas disse que ela (ao deixar os menos intelectualizados terem a decisão final) afeta todo o conjunto.
    Acho que a gente pode reclamar com mais vontade qdo tenta mudar algo de alguma forma e não simplesmente reclamar. Quanto a impostos, vc paga o mínimo de imposto possível, só dos 'produtos' que adquire. Superfaturado como todos, mas não é nem metade do que muita gente por aí paga.
    E o lance do jiló foi só uma metáfora. Deve ter sido mal feita para vc não entender.

    P.S.1- Depois do Eneas, não duvido de mais nada.
    P.S.2- Li que o Lula deve se ausentar para ajudar a Dilma (na boa, 'o cara' não trabalha!!) e o Sarney vai governar, ninguém merece!! #forasarney

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  6. Eu anulo voto há muito tempo...e concordo em gênero, número e grau com o que falou!
    Abraços Prof!

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  7. Sempre há os que levam a sério os seus mandatos. Mas são tão poucos que não conseguem fazer muita diferença. Agora, levemos em consideração também o fato de que a mídia só veicula notícia ruim. Há coisas boas no Congresso e no Senado, mas isso não vende jornal. Se pensarmos direitinho, já passamos por governos piores. Como você sabe, voto no PSDB. Acho que FHC fez o que ninguém esperava quando controlou a inflação. E trata-se de um homem sério, honesto. Serra é melhor para o país que a Dilma. Fato!

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  8. "Neguim" fala de quem vota nulo como se isso também não fosse um, digamos assim, posicionamento político. E mais: pra quê vou perder tempo escolhendo A, B ou C (se eu conseguir encontrar alguém nessa zona!) se quem ganhar vai ter que dançar conforme a música? A bandalheira já tá institucionalizada, seja qual for a esfera dos pardieiros espalhados pelo país e quem entrar, se for honesto, vai ter que deixar de ser ou sai de lá. Vivo ou morto.

    De fato a maioria de votos nulos não anula nenhuma eleição nem obriga a substituição dos candidatos. Esse papo que andou rolando na internet foi uma má interpretação da lei eleitoral. Eles não deixariam o deles na reta desse jeito. Mas fico só imaginando se houvesse uma eleição onde acontecesse uma maioria de votos nulos. Acredito que de alguma forma mexeria com as coisas. Mas isso é totalmente utópico! Tão utópico quanto acreditar no Serra, na Dilma, na honestidade do FHC, na inocência do Lula,...

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  9. Douglas, as "coisas boas" do Congresso não são veiculadas pela mídia porque Suas Excelências estão lá, recebendo salários e benefícios nababescos, para isso. E desafio você a citar algumas delas. Se avaliarmos a relação custo-benefício, o Congresso fecha. Produzem muito pouco para quem, de fato, precisa. E concordo com o Demitrius: uma adesão maciça ao voto nulo seria muito interessante. Quanto a Serra e Dilma, prefiro não comentar. Quero evitar os palavrões...

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  10. política, religião e futebol são sempre assuntos que dão muito pano para manga (nossa, minha avó diz isso). A verdade é que o Demitrius tem sua razão. Votar nulo É SIM um posicionamento político. Se você não concorda com a plataforma de governo de nenhum dos elegíveis, não tem que votar mesmo! Vai manter aquele pensamento'zinho' de votar no menos pior? afff. Pior ainda é votar no 'menos pior' com medo da massa eleger o 'pior dos piores'. Como disseram nos comentários anteriores, a robalheira está institucionalizada. Seja um cara bom ou mau, vai acabar corrompido (ou morto). Há também a opção dos apáticos.. que não são vendidos (ou tanto assim) mas não fazem grande diferença (leia-se Eduardo Suplicy). Quanto ao governo Lula ou FHC, prefiro manter minha opinião para mim pq se o voto é secreto, minha opinião pode ser tb ;)

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